CULTURA

Aluguel de deputado é mais caro do que salas no centro da capital

Aluguel de deputado é mais caro do que salas no centro da capital

Publicado em: 22 de novembro de 2015 às 17:23
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 04:56

Escritório de Maluf, em badalada avenida

no centro de São Paulo, custa mesmo valor

Prédio é de correligionário e também foi usado na campanha eleitoral, antes do deputado ser empossado



Sérgio Fleury Moraes

Da Reportagem Local

Um dos campeões de gastos na Câmara Federal de Brasília, o deputado Capitão Augusto Rosa (PR) tem um dos alugueis mais valiosos entre todos os parlamentares do País. O curioso é que o imóvel destinado ao seu escritório política fica em Ourinhos e custa R$ 6 mil aos cofres públicos, conforme mostrou reportagem do DEBATE na semana passada. O pagamento é feito pela Câmara dos Deputados, no chamado “cotão”, uma verba mensal independente dos salários dos parlamentares.

Anteontem, em nota encaminhada ao jornal, o deputado Rosa garante que não há qualquer irregularidade no preço do imóvel que aluga de um correligionário na rua Expedicionários, em Ourinhos. O prédio, ocupado parcialmente, pertence ao ex-vereador Winston Edirnelian e custa R$ 6 mil aos cofres públicos. Para o deputado, porém, o valor “é compatível com outros prédios na mesma área central da cidade, não podendo ser considerado, assim, um valor abusivo”. Ele também ressaltou que o imóvel “está localizado na principal avenida da cidade, na região central de Ourinhos”.

Entretanto, não é bem assim. A rua Expedicionários corta Ourinhos desde a praça Mello Peixoto até a rodovia Raposo Tavares, do outro lado da cidade. O prédio alugado de um correligionário do capitão e pago com dinheiro público está a muitas quadras da principal praça, num trecho onde não existe sequer a “área azul”, o sistema de estacionamento rotativo que funciona em quarteirões da Expedicionários no coração da cidade.

Maluf paga o mesmo valor, mas por um prédio valorizado no centro de São Paulo



Outros deputados também utilizam o dinheiro público para pagar o aluguel de seus escritórios políticos. Paulo Maluf (PP), por exemplo, gasta o mesmo que o capitão Augusto Rosa — R$ 6 mil mensais —, mas o escritório dele fica na avenida Brigadeiro Faria Lima, uma das mais importantes artérias comerciais e financeiras de São Paulo.

Milton Monti (PR), o deputado federal mais votado em Santa Cruz do Rio Pardo nas eleições do ano passado, usa a verba do “cotão” para pagar o aluguel de um dois conjuntos em um imóvel localizado na avenida Angélica, que corta bairros luxuosos de São Paulo. O valor é R$ 4.588,31.

Há deputados bem mais modestos. Walter Hiroshi (PSD), por exemplo, pede à Câmara Federal o ressarcimento de apenas R$ 1.050,00, valor do aluguel de seu escritório político em Marília. Um dos ídolos do capitão, o deputado Jair Bolsonaro (PP), sequer usa dinheiro público para pagar aluguel de escritório político.



‘Criteriosa aprovação’

No texto encaminhado ao jornal anteontem, o deputado Capitão Augusto (PR) também questiona a reportagem do jornal sobre outros gastos que ele faz mensalmente e que são pagos com dinheiro público. Segundo ele, as despesas passam por uma “criteriosa aprovação” da Comissão de Finanças, composta por outros deputados.

Ele negou que esteja gastando R$ 13 mil mensais em publicidade com um site de Ourinhos, afirmando que o proprietário, na verdade, presta serviços de criação de arte, clipping de notícias, produção de textos, atualização de página no Facebook, entre outros.

O deputado também disse que o dono do prédio que aluga em Ourinhos, Winston Edirnelian, “não estaria sendo beneficiado” com a manutenção das viaturas da Polícia Militar. Segundo Rosa, a oficina pertence ao filho dele, Winston Edirnelian Júnior, que, como afirmou a reportagem do jornal, venceu uma licitação pública.

Salto Grande

O estilo caricato do deputado capitão Augusto Rosa provocou polêmica na semana passada em Salto Grande. Ele espalhou várias faixas pela cidade, anunciando verbas para o hospital da cidade, Apae, asilo e Festa do Peão, no montante de R$ 750 mil. No entanto, segundo o vereador Rafael Morales, o anúncio do capitão “é uma farsa”.

Reunião de assessores e correligionários; à direita, Winston, o dono do prédio



“Não veio dinheiro algum para nossa cidade”, protestou o vereador nas redes sociais. Ele contou que o hospital de Salto Grande está em situação de penúria e que a Câmara resolveu repassar, mediante devolução do duodécimo, R$ 240 mil para a instituição. “Estou indignado com as atitudes de certos deputados que são mentirosos”, protestou Morales.

O deputado Capitão Augusto já foi satirizado por um cronista do jornal “O Estado de S. Paulo”, um dos principais órgãos de imprensa do Brasil. Sob o título de “deputado banqueiro”, o jornalista Humberto Dantas questiona os métodos do deputado ao anunciar emendas para os municípos. Ele costuma posar para fotos com “cheques gigantes” onde aparece o valor, a foto do parlamentar e até sua assinatura, imitando um banco. Como as emendas não são automáticas e dependem de aprovação, o jornalista concluiu que o “banqueiro” se esqueceu de colocar o conhecido “bom para” nos cheques.




‘Valor não pode ser

considerado abusivo’

(Texto encaminhado pelo deputado Augusto Rosa)

“O exercício do direito de liberdade de imprensa exige responsabilidade social, isenção, imparcialidade, postura ética e, acima de tudo, um compromisso inarredável com a verdade, sob pena de não cumprir a sua relevante função de informar adequadamente os leitores sobre fatos de interesse público e, consequentemente, de contribuir para a efetivação da democracia.

Portanto, em respeito aos leitores do DEBATE e a todos aqules que acompanham o trabalho do deputado federal Capitão Augusto, é preciso restaurar a verdade sobre o que foi dito na matéria publicada no editorial do dia 15/11/15 sob o título “Câmara paga até aluguel de deputado”.

É importante destacar que todos os gastos atribuídos ao deputado federal Capitão Augusto estão previstos em lei, pois provêm da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar - CEAP, o qual é uma previsão mensal que se destina ao custeio de gastos que estejam vinculados ao exercício da atividade parlamentar, sendo, portanto, despesas que encontram o seu respectivo amparo legal. Entre as despesas elencadas, encontram-se: a manutenção de escritório e divulgação da atividade parlamentar.

Esclarecendo, ainda, a mais uma inverdade publicada, supondo a existência de um “mensalão” aos jornais, informamos que o site maisourinhos.com.br não recebe mensalmente o valor de 13 mil reais. Este valor foi pago à empresa de publicidade Evangelista Inocêncio Batista no mês de outubro, sendo justificado por uma variedade de serviços prestados que se encontram devidamente aclarados no portal de transparência da Câmara dos Deputados, quais sejam: criação de arte, informativos, clipping de notícias, atualização do canal e fan page do deputado, editoração/diagramação, edição de vídeos e produção de textos e divulgação de releases à imprensa.

Todos estes serviços estão individualmetne especificados com o valor cobrado no Portal Transparência da Câmara dos Deputados. As respectivas notas fiscais passam por aprovação da comissão de finanças que fiscaliza todos os gastos aprsentados e que, somente após criteriosa aprovação, é destinado o pagamento.

O pagamento de impressão gráfica realizado à “Folha de Londrina” foi decorrente da publicação de mais de 50 mil jornais com informações dos projetos e trabalhos realizados pelo parlamentar em defesa dos policiais militares, sendo que a contratação da referida empresa decorreu da qualidade do preço do seu serviço, que, como diz a matéria, também é responsável pela impressão de vários jornais que circulam na nossa região.

Referente ao valor pago pelo aluguel do prédio onde funciona o escritório de apoio à atividade parlamentar do Capitão Augusto, enfatiza-se que possui valor compatível com outros prédios na mesma área central da cidade, não podendo ser considerado, assim, um valor abusivo. O prédio locado está localizado na principal avenida da cidade, na região central de Ourinhos.

Outra insinuação promovida na matéria publicada é que o empresário Winston Edirnelian estaria sendo beneficiado com a manutenção das viaturas da Polícia Militar de Ourinhos. Para fins de esclarecimento, o reparo das viaturas é realizado pela Oficina Car Service, de propriedade do sr. Winston Edirnelian Júnior, que participou e venceu a licitação pública.

Todos os envolvidos preocupam-se com sua imagem, e já acionaram seus respectivos departamentos jurídicos para tomar as medidas cabíveis neste caso”.

— Capitão Augusto - deputado federal PR/SP



  • Publicado na edição de 22 de novembro de 2015


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