Beto Magnani

O plano de saúde

Coluna de Beto Magnani

O plano de saúde

Publicado em: 25 de setembro de 2021 às 05:29

Comunico aos leitores e, simultaneamente, à redação deste prestigiado semanário que a partir de hoje, por questões de força maior, não poderei mais compartilhar com vocês as histórias do Magú. Hoje recebi uma mensagem preocupante pelo WhatsApp. Foi um áudio. O que já me deixou preocupado antes mesmo de ouvir, pois nunca tinha mandado um áudio antes, sempre escreveu, foi a primeira vez. E tudo indica que a única. Compartilho aqui a transcrição, na íntegra. Preferi não editar. Só não compartilho o próprio áudio no www.debate.com.br em respeito ao pedido “importante e incondicional” que foi me feito. Já foi devidamente apagado. Segue a transcrição:

“Fala véio. Seguinte... indo direto ao assunto... eu tive uns problemas aqui e... enfim... não tô mais afim de ficar falando as coisas pra você. Tô fora. Mesmo. Não é nada com você. Mesmo. É comigo. (PAUSA). Muitas coisas... você sabe como é. (PAUSA). Cara, você é parceiro, mas não tô falando pra ninguém. É sério... nem pros mais próximos. Enfim... (PAUSA). Na verdade eu to aqui agora no hospital. Mas fica tranquilo, to bem (RS). E também não é Covid, relaxa. Foi só um enfarte (RS). O único agravante é que o lugar aqui é da Prevent Senior. (GARGALHADA). (PAUSA). Eu já to bem mesmo, pode ficar tranquilo, já passou. Mesmo. (PAUSA) Mas aconteceu isso hoje. Agora a pouco. (PAUSA). Não falei pra ninguém ainda. E na verdade acho que nem vou falar... não precisa. (PAUSA). Só um enfarte é ótimo! (RS). Ridículo! (PAUSA). Mas é que na verdade foi só um principio de enfarte e não um enfarte. E agora eu ainda vou fazer uns exames porque talvez não seja exatamente um enfarte propriamente dito. (PAUSA). Bem... de qualquer forma eu preciso fazer alguma coisa. (PAUSA). Ou não, né? (RS). Brincadeira. (RS). Quero viver, pode ficar tranquilo. Só que não tô mais afim de ficar te contando tudo que ouço por ai. É isso. É uma questão saúde. E pra eu parar de contar a gente vai ter parar de se falar. É isso. (PAUSA).  É isso. Você entende isso, né? É o único jeito. (PAUSA) Mas não fica chateado, isso não tem nada a ver com o enfarte. São outras coisas que preciso mudar. Quer dizer... não, desculpe, tô mentindo, tem a ver sim, preciso ser sincero com você. Inclusive a primeira atitude que tô tomando é exatamente te falar que já era essa nossa história. Ou histórias. (RS). Eu já tô cansado faz tempo. E tem mais... tudo que eu conto você distorce. Eu nunca nem leio a coluna. Só de vez em quando que entro lá e dou uma olhada rápida. Cara... tem sempre uma coisa ou outra meio diferente do que eu te falei. (PAUSA). Sempre. Não é as vezes. Fora que eu te conto um monte de coisa diferente e quando leio parece que é sempre a mesma coisa. Você edita demais, véi! Fica criando coisinha que não tem nada a ver. Pra quê? Só pra colocar sua marca?! Você não precisa disso. Se liga, véi! Se não fosse o meu nome no final, que você só coloca porque é obrigado, todo mundo ia achar que as histórias são suas e não minhas. Você confunde todo mundo, véi! Toda hora é isso! Tem vez que até eu fico confuso com a história. E é minha, cara! Então, véi... sei lá... (PAUSA). E quando eu acho que vai melhorar, logo vem outra pior ainda. (PAUSA). Fora as que parece auto-ajuda. E da pior qualidade, véi. Cara! (PAUSA. Cara... os rolês que eu te conto é muito mais interessante que essas merdas que saem. Não sei como você consegue! Fica tudo meio raso, meio chavão. Sei lá, véi... ultimamente tá tudo mais pra palestra motivacional do que pra coluna de jornal. (PAUSA). Você já leu Machado de Assis? Deveria tentar algo mais por aí. Aliás, quem me dera ter vivido naquela época pra ser amigo do Machado de Assis ao invés de seu. Já pensou? Aí sim! (PAUSA). Bem... já que tô desabafando...  também sempre odiei os títulos. (PAUSA). Nada a ver, entende!? Eu jamais daria esses títulos. E é o meu nome que assina embaixo. Só pra lembrar. Bem esquizofrênico isso, não acha? (PAUSA). Mas olha... não quero que fique chateado... você sabe que você é parceiro e eu te amo independentemente dessa história de você ficar me tirando de personagem. Claro que eu sempre gostei da ideia, no começo principalmente. Mas agora acho que já deu. Entendeu, véi? Você vai ter que achar um outro maluco pra tirar de personagem. Talvez o Jorge. Acho que ele topa. Mas olha... presta atenção... sinceramente... tô falando como amigo que se preocupa com você... como se não houvesse amanhã... se liga... acho que o melhor mesmo é você parar de ficar se escondendo atrás desses personagens aí. (PAUSA). Vai ser bom pra você. Tenho certeza! Sair dessa mesmice aí. Pela sua saúde. Se liga, véi. Aliás, não vai também me esperar um enfarte, como eu, pra começar a mudar os planos. Tem que ser já. Agora! Agora ou já Bertioga! (RS). Tipo Santo Expedito, entendeu? (PAUSA). Tenta véi!!! Vai te fazer bem. Tenho certeza. Só não conte comigo. Não esquece, véi. Tô fora. Não conta mais comigo. (PAUSA). Bem... acho que você entendeu... não é por mal. Aliás, é só pelo bem. Pelo bem dos dois, entende? (PAUSA). É isso, véi. Acho que falei tudo. Desculpa aí se te magoei ou decepcionei, mas é isso aí. Tô sendo fiel só. Você tá ligado. (PAUSA). É isso, véi. (PAUSA). Bem... então valeu aí. Tenho que ir lá. Essa foi a ultima vez, valeu? Mas fica tranquilo, vou ficar bem e espero que você fique também. (PAUSA). Ah, só mais uma coisa... queria te fazer um pedido importante e incondicional: apaga este áudio assim que acabar de ouvir. Não mostre pra ninguém, por favor. Por mim. A coisa que mais tenho vergonha na vida é da minha voz. E você sabe disso. Não vai trair a confiança. Eu sei que jamais. Tô ligado. Tamo junto. (PAUSA). Bem... é isso. Ah, e também só mais uma coisa... (PAUSA). Sei que você não vai resistir... então... quando for escrever sobre este último contato, eu sei que você vai acabar fazendo isso, não revela, por favor, essa história do enfarte. Se quiser colocar alguma coisa inventa qualquer outra merda mais leve que o enfarte. Se liga, véi! Coloca qualquer outra coisa, menos isso. Sei lá... acidente, assalto, terremoto, surto, pé na bunda, o que você quiser, desde de que seja mais tranquilo do que o enfarte. Na verdade, um princípio de enfarte, melhor dizendo. (PAUSA). Valeu. Fui. Ah!  E só mais uma última coisa... se conseguir, né?... espero que sim. Não vai me distorcer tanto o que tô te falando. Pelo menos nessa ultima. Tenta fingir que não existe essas tecnicasinhas literárias de nível básico um, para não dizer medíocres, que você insisti em usar. Esquece elas pelo bem de todos, veí! Tenta aí pelo menos. (PAUSA). Te cuida véi! Se liga! (PAUSA). Bem... então... já ficou bem longo o áudio, tá dando quase dez minutos. Vou ficar por aqui antes que eu desista de enviar. Te amo, véi! Valeu aí! Mesmo. Tchau véi. (PAUSA). Magú aqui. (PAUSA). E agora? É só soltar o dedo ou tem que apertar em algum lugar? Ah sim, acho que...” (SIC).


Beto Magnani

Beto Magnani

Beto Magnani é ator, escritor e filho do artista Umberto Magnani Netto


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