Prioridades

Muita gente entrou em contato comigo perguntando o que teria acontecido para eu parar de escrever para o DEBATE, referindo-se à publicação do último domingo, onde comuniquei que por motivos de força maior não conseguiria mais compartilhar com os leitores as “Histórias do Magú”.

Surpreso com a “audiência” da minha coluna e com a repercussão do comunicado, respondi a todos, sem exceção, que eu estou bem, que nada grave aconteceu comigo, mas sim com o próprio Magú, que após ter sobrevivido a um enfarte resolveu não fazer mais contato comigo, me comunicando sua decisão por uma mensagem de áudio que transcrevi na última edição.

Depois disso não respondeu mais minhas mensagens, assim como não atendeu minhas ligações. Talvez tenha mudado de número. Cheguei a tentar alguma informação nos hospitais da Prevent Senior, onde ele disse que foi atendido, mas não tive sucesso. Procurei também em listas de falecimentos. Felizmente não encontrei o seu nome. Espero que esteja bem.

Após esse meu esclarecimento aos leitores que entraram contato, ouvi as mesmas perguntas de quase todos: “Mas quem é Magú?”, “Não é você o Magú?”.

Perguntas que me levaram ao segundo esclarecimento, deixando claro que é ele o dono das histórias que escrevo. Elas não são minhas, são dele. Eu simplesmente as coloco no papel. Expliquei ainda (e a todos) que, apesar de estar explícito no título da coluna que as histórias são dele e não minhas, essa confusão sempre existiu. Muita gente sempre achou que eu fosse o Magú. Aliás essa foi uma das suas reclamações no áudio de despedida, onde desabafou várias insatisfações na nossa relação (vide transcrição na edição passada).

Apesar de triste com esse rompimento repentino, tento compreender da melhor forma a sua atitude. Acho que só quem vive um enfarte como ele viveu, ou que de alguma outra forma chegou tão perto da morte, sabe o que de fato significa a palavra prioridade. E tive que entender que a nossa relação não faz parte das suas verdadeiras prioridades após o susto.

Confesso que fiquei bastante chateado com isso, mas o fato me trouxe também uma necessidade compulsória de mudança que está me fazendo bem. Vou ter que encontrar um novo formato para a coluna a partir da semana que vem.

Desejo toda sorte do mundo nessa nova fase. E que encontre um outro parceiro que lhe agrade para continuar contando suas histórias. Quem sabe? Se Pirandello tivesse vivo, poderia tentar entrar para a turma e ser o sétimo personagem em busca de um autor. Se bem que a sua preferência declarada seria o Machado de Assis. Quem sou eu para competir com Machado de Assis?

Continuo aqui.