Publicado em: 01 de março de 2021 às 12:49
Atualizado em: 03 de março de 2021 às 17:22
Me peguei reflexivo quando li, no calhamaço da Folha de S. Paulo de ontem, 28, uma entrevista excelente com o colunista de mídia do New York Times, Ben Smith, escrita por Thiago Amparo.
Não era para menos. Vou sintetizar a parte mais importante do texto e, depois, fazer um paralelo com Santa Cruz do Rio Pardo. Temos muito a aprender, sobretudo como leitores.
Ben comandava o BuzzFeed, portal de notícias que se tornou gigante com a popularização da internet, e foi contratado pelo Times para escrever um artigo por semana sobre mídia.
Certo dia, escreveu que “jornalistas não são inimigos do povo, mas também não são amigos”. Questionado pela Folha para explicar a declaração, deu resposta certeira.
Jornais americanos em geral cresceram durante a era Trump. Sobretudo nas assinaturas digitais. Não é para menos: cobriram impecavelmente os quatro anos de mandato do republicano, todos repletos de polêmicas.
Segundo Ben, a imprensa se opôs com razão às forças antidemocráticas que afetam as instituições de países. Smith diz que veículos americanos acertam ao dizer “Trump mentiu”. Porque de fato o ex-presidente americano mentiu várias vezes.
Mas há um problema nisso tudo. E não está dentro das redações, mas nos leitores – jovens, principalmente –, que passaram a superestimar os jornalistas e considerá-los “aliados” na luta democrata contra Trump. E o jornalismo não é aliado de ninguém.
Daí surgem problemas. Leitores se revoltam com a imprensa porque, antes considerada aliada na luta contra Trump, passa a publicar textos também críticos ao mandatário atual Biden.
A consequência é o crescimento de campanhas contra a imprensa pedindo para que os leitores cancelem suas assinaturas.
Como a principal fonte de receita dos veículos está hoje nas assinaturas digitais, o objetivo é asfixiar financeiramente as empresas de comunicação caso não mudem sua postura.
E onde Santa Cruz e região se encaixam? Em tudo!
Nos anos 2000, quando Adilson Mira (PSDB) foi eleito prefeito, o DEBATE manteve sua postura e publicou reportagens críticas sobre a administração do tucano.
Como Mira era um líder político na época, o DEBATE sofreu críticas de leitores e do próprio prefeito.
O jogo mudou um pouco a partir de 2005, quando o jornal estampou em manchete a declaração de um empresário confessando que havia pago R$ 30 mil a Mira para que a Câmara aprovasse um projeto o isentando do pagamento de ITBI.
A oposição a Mira cresceu. A rejeição – muito embora tenha eleito a sucessora Maura em 2008 – também. A maior voz contra o tucano era a do petista Otacílio Parras, que viria a ser eleito em 2012.
Havia um clima de insatisfação contra Mira, capitaneado sobretudo por escândalos revelados pelo DEBATE, e o ex-prefeito não conseguiria nem mesmo 20% dos votos na eleição de 2016, quando disputou novamente.
Empossado em 2013 por maioria do voto popular, Otacílio também se submeteu à cobertura crítica da imprensa.
Anos antes, sem mandato político – mas ainda assim atacado pela gestão tucana, tinha voz no jornal enquanto opositor. Depois, passou a ter como prefeito – para o lado bom e o lado ruim.
Uma das primeiras reportagens críticas a respeito da ainda nova administração viria à tona nos meses iniciais de Parras.
Era sobre o ‘Portal da Transparência’. Obrigatório por lei, ele ainda não existia em Santa Cruz. “DEBATE criticando Otacílio?”, muita gente questionou. Sim, ora, porque jornalismo não é aliado de ninguém. Nem do candidato eleito e nem do candidato derrotado.
Ainda que o mandatário receba críticas da imprensa, jornalistas não são aliados de agendas políticas que buscam vencer seus adversários.
Jornalista, fala sobre história, cultura e imprensa
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