Publicado em: 02 de junho de 2023 às 02:18
A noite insone me leva a retomar a leitura do momento. Livro fantástico escrito pelo célebre Alex Haley, publicado no ano 1976. Uma das minhas grandes paixões, além da escrita, é a leitura. Apesar do contexto direcionado à prática hedionda e criminosa do comércio e da escravidão de seres humanos nas terras da mãe África, o aprendizado maior que desperta minha atenção envolve a relação de nossos irmãos africanos com a terra. Este planeta magnífico onde se plantando tudo dá.
As famílias todas, desde a alvorada até o crepúsculo da vida, vivem na total e absoluta harmonia com a terra em suas múltiplas facetas que ofertam vida, “vida em abundância”, mesmo que permeada de dificuldades impostas pela própria natureza do planeta.
A riqueza de belos detalhes descritos no livro, rompe-se na ferida aberta da presença indesejada e usurpadora do tal homem branco, aprisionando, sequestrando, massacrando uma nação, tribo após tribo. Como se a este, impiedoso, cruel e déspota criatura, houvesse o direito de subjugar o semelhante de maneiras sórdidas indescritíveis, apenas para beneficiar o lucro de seu comércio. Por séculos, o povo de pele escura, mulheres, homens e crianças, foram arrancados de suas casas, de suas famílias e da própria vida.
A evolução dos termos legislativos efetivou, teoricamente, a abolição dos escravos no Brasil no ano 1888, lançando à deriva da vida e às margens da sociedade, um povo sem teto, sem sustento, sem rumo, originando o maior cenário de pessoas marginalizadas no país. Os cidadãos sequestrados na sua nação, nas mais variadas regiões da mãe África, não detinham sequer o direito de uma identificação.
A necessidade de sobrevivência e a arte pulsante na malemolência dos cidadãos originários da bela África, despontou atributos, sobretudo, referentes à agilidade, formando, no decorrer do tempo e da história a excelência nos campos de futebol. Pleno século XXI, a humanidade radiante sob o desenvolvimento da tecnologia, ainda desconhece o segredo da boa educação e do respeito mútuo.
A mídia destaca eventos vergonhosos de ofensas racistas, dirigidas a nomes conhecidos no cenário esportivo. Os destaques podem, talvez, acender uma luz sobre a realidade do cotidiano de milhares de cidadãos de pele escura, diga-se como um exemplo a prática abominável da habitual violência policial. Não há que generalizar, porém, fato contínuo ocorre.
Onde você encontra, indivíduo que se diz bem formado e até cristão, o direito de sentir superioridade relacionando a cor da pele de um semelhante? És tu, tão déspota quanto os escravagistas imundos que formaram com ferro e sangue suas fazendas sob a hedionda cultura do racismo.
Escritora nascida em Espírito Santo do Turvo, é autora dos livros “Marcas do Chumbo – A História do Menino David” e “Ave Lux! Salve Luz! Vozes da História a Serviço da Fé"
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