Caos e cosmos

Ao termo caos define-se a confusão geral da matéria, um estado de completa desordem. Na mitologia grega o caos é o deus pioneiro que surgiu nas primevas do universo derivando a imensidão do vazio.

O cosmos surge implícito na beleza, na ordem na totalidade de tudo o que foi, é ou será bom. Na esfera guardiã da natureza humana encontra-se o amor como fundamento essencial no impulso da sobrevivência. O desejo maior da humanidade é a existência num mundo onde todos possam viver em paz, habitantes da Casa Comum. A grande maioria da humanidade deseja o cosmos.

A condição humana, simultaneamente, caótica e harmoniosa, vive uma realidade histórica pérfida sob os efeitos de guerras estúpidas e violência extrema e descabida nesses tempos sombrios do século XXI.

Onde o cosmos habita não há espaço para a produção em massa de armas que chegam às mãos de jovens assustados, aterrorizados com a própria condição, enquanto os fabricantes das armas assistem o jogo da vida, indiscriminadamente vazios do menor senso de responsabilidade, apenas tocando em botões que mudam as peças de lugar como num tabuleiro de xadrez.

Seremos nós, humanos desumanizados, uma poeira do caos?

Nesse levante contra o semelhante, estão os poderosos das grandes nações, despojados da empatia e da compaixão, irracionalmente perversos, predominantes na condução da morte como domínio. A poetisa palestina, instantes antes de sua morte escreve sobre os escombros: somos pessoas justas. A mãe que vive na cidade do Rio de Janeiro no Brasil, apresenta o caderno do filho, mais uma criança vítima da bala perdida quando voltava da escola: meu sonho é ajudar minha mãe e meus irmãos.

Sim. Somos pessoas justas e feitas de sonhos. O amor é a base da existência humana, o cosmos. Onde estaria o botão para tocarmos que pudesse determinar o silêncio do caos? A inércia face a morte de tantos semelhantes inocentes e da proliferação feroz da violência como estatuto de vida, nos torna simpatizantes do bilionário universo que negocia armas sistematicamente em todos os polos.

Unidos em vista do bem comum, sensibilizemos na cooperação com a verdadeira democracia ecológica social nesta dimensão obscura do caos que urge na tentativa de desumanizar os cosmos.