Publicado em: 11 de agosto de 2023 às 00:32
Naquela manhã de verão do ano presente, os raios de sol adentravam tímidos através dos vitrais no ambiente aconchegante do refeitório do convento na cidade de Goiânia. Existe uma reverência singular naquela casa. Reverência à vida e à história de cada um dos moradores.
O aroma delicioso do café da Maria torna animador qualquer início de manhã. Eu despertava bem cedo nos poucos dias de uma rápida visita ao meu irmão que é um dos Padres da Ordem de São Domingos, morador do convento. Notável e exemplar o zelo fraterno entre eles.
Eis que surge Frei Lourenço Papin, elegante no seu traje social de todos os dias. Com passos lentos, porém, seguros, caminha para sentar-se a minha frente. Frei Lourenço Papin, sim, o Frei Papin, Dominicano que dedicou vários anos de sua vida no serviço ao povo de nossa bela Santa Cruz do Rio Pardo.
Ele parece gostar de tecer comentários sobre os dois livros que escrevi e publiquei – Marcas do Chumbo, 2020 e Ave Lux, 2022. Aliás, devo acrescentar o quanto aprendi naqueles dois memoráveis dias de tão agradável visita. O tom pedagógico das palavras proféticas revela o caráter raro do religioso.
Frei Papin confidencia-me o desejo de escrever e publicar um livro tratando sobre sua vocação sacerdotal que já completa 65 anos de dedicação. O túnel do tempo, ditado pelas regras da memória de 90 anos de vida lança o olhar do frade numa ternura que afaga a alma da gente, quando carinhosamente fala de sua infância na cidade de Bernardino de Campos SP.
Ele fala do apito do trem e do atraso do trem que fez com que o padre que celebrava na cidade tivesse tempo de conversar com ele sobre ser padre. Fala dos pais e avós, aos quais pedia a benção de mãos postas. Estes, entes queridos, que habitam o mistério da saudade, saudade que sente quem tem o privilégio do amor, sagrado amor que ensina gerar o bem comum.
O Frei fala da “procissão de Corpus Christi com as ruas de terra branca adornadas com lindas hastes de bambu, das toalhas brancas pendentes nas janelas e do perfume das flores”. Tinha sete anos quando ouviu um padre rezar “enviai sacerdotes, Senhor!”. E diante daquela necessidade, decidiu ser padre.
Frei Papin relembra na sua narrativa, que me causa imensa emoção, de certa fala de um Bispo dirigindo-se a ele: “se não fosse o atraso do trem Deus arrumaria outro acontecimento para chamá-lo”. O frade louva reverente “as numerosas estações de sua vida de padre”. Louva “sobretudo o testemunho de vida cristã de seus pais”.
Parte significativa da população de Santa Cruz mantém a lembrança carinhosa de Frei Papin, tanto quanto de seu fusca azul que lhe rendeu muito conhecimento rodando pelas ruas da cidade e na área rural, sempre zeloso com os fiéis, amigo de todos em tantos anos de sua jornada na região. A aurora da vida impera revigorante, porém, o crepúsculo contém o vaso da sabedoria.
Escritora nascida em Espírito Santo do Turvo, é autora dos livros “Marcas do Chumbo – A História do Menino David” e “Ave Lux! Salve Luz! Vozes da História a Serviço da Fé"
Previsão do tempo para: Quinta
Durante a primeira metade do dia Períodos nublados com aguaceiros e tempestades com tendência na segunda metade do dia para Períodos nublados com chuva fraca
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