Publicado em: 10 de novembro de 2023 às 18:58
A manhã desembarca na tarde que anuncia a noite e o silêncio paira no campo de terra coberto de pequenas elevações de concreto, outrora, grandiosas moradias da memória, destruídas pelo tempo que a tudo consome. Templos de vida, silenciados pelo findar do ar que nutre os viventes jaz alimentando animais numa cadeia que gira incessante enquanto existir o porvir no crepúsculo que sempre estende até a aurora, companheira da fortuna permanente solidificada na esperança. O despertar da dor fica com quem fica, presente a saudade e a lembrança de um olhar que jamais terá o brilho viçoso do antes e o aperto de mão aconchegante.
Incorporados à comunhão dos antepassados, integra-se ali, rituais ocasionais, de acordo com a crença validada na fé que sustenta os povos, sedentos de um deus para culpar, seja das alegrias e dádivas, seja dos infortúnios e perdas. A cultura da morte atravessa os tempos desde que se conhece a existência humana, na expectativa quase absoluta da vida além dessa existência terrena onde cultua-se o corpo como invólucro da alma; esta, essência divina, que ao Criador retorna para habitar a imensidão da eternidade.
O tema não é recente, suplanta a razão de estudiosos e eruditos sem jamais decifrar o afirmativo, que, contraditório e dogmático, é frustrado no imponderável indefinido desta faceta de mistério absoluto existente no reino da vida terrena. O campo de referência disciplinar orienta de forma simples, quase banal: viva!
Vivamos o cotidiano de forma exemplar do bem que é bom e belo. Sejamos influentemente sábios na construção da paz que gera a justiça. Sejamos semeadores de árvores que oferecerão sombras e frutos aos nossos descendentes, agradecendo sempre as sementes plantadas por nossos antepassados, ancestrais do conhecimento que hoje usufruímos.
Implacável, a consciência humana deseja a permanência da vida. Há que se lembrar, porém, que a vida permanece sim enquanto existir memória. E, nessa memória dos ancestrais os povos cultuam homenagem no Dia de Finados, irmanados na apropriação das lembranças.
O manto da noite cobre a terra, uma pétala branca desliza lânguida da flor que perdeu o encanto exposta ao sol sob a lápide. Moram ali também, o sabiá e a coruja, o gato e o besouro, o curiango e a cotovia. E a formiga, que para seu ninho transporta as migalhas da pétala caída. Distante da guerra, do ódio e da vida, os corpos postados no seio da terra produzem o silêncio da saudade.
Escritora nascida em Espírito Santo do Turvo, é autora dos livros “Marcas do Chumbo – A História do Menino David” e “Ave Lux! Salve Luz! Vozes da História a Serviço da Fé"
Previsão do tempo para: Terça
Durante a primeira metade do dia Períodos nublados com chuva fraca com tendência na segunda metade do dia para Períodos nublados com aguaceiros e tempestades
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