Ellen Manfrim

Hábitos levam à persistência

Os hábitos que construímos ao longo da vida acabam estruturando todo o nosso dia a dia

Hábitos levam à persistência

Publicado em: 03 de setembro de 2022 às 04:34

De repente você acorda numa bela manhã ensolarada, olha para o que anda fazendo, e resolve mudar. Sabe aquela alteração de rotina, coisa que parece simples, como fazer uma atividade física ou cumprir todos os prazos do trabalho? Enfim, você consegue perceber a necessidade de movimentar a mesmice. Então você faz um plano elaborado para mudar, acrescenta força de vontade e comprometimento, e começa. Porém, como a grande maioria das pessoas, você acaba falhando.

É difícil entender porque isso acontece, e frequentemente nos culpamos por não ter autocontrole ou dedicação. Mas acontece que a mudança de comportamento raramente ocorre apenas pela força de vontade. Ao contrário, as pessoas que conseguem fazer mudanças duradouras em suas vidas sabem como formar hábitos úteis, e dependem muito pouco da própria força de vontade.

Embora a gente nem perceba, os hábitos que construímos ao longo da vida acabam estruturando todo o nosso dia a dia. Aliás, alguns pesquisadores cogitam que cerca de 40% dos nossos comportamentos diários são hábitos, ou seja, são comportamentos automáticos.

Portanto, esses comportamentos não exigem a intenção, mas ocorrem em resposta a estímulos ambientais, como hora do dia ou local. De forma simplificada: o cérebro associa comportamentos específicos a contextos específicos. Então executamos esse comportamento – o ritual ou hábito – nesse contexto sem nem pensar nisso.

Sabe aquela mania de olhar no WhatsApp o tempo todo, ou usar o mesmo caminho para casa todos os dias, ou então roer as unhas quando está nervoso? Enfim... são automáticos, e difíceis (porém não impossíveis) de serem controlados.

Isso acontece porque o nosso cérebro libera dopamina quando é exposto a uma situação agradável. A dopamina acarreta uma sensação de bem-estar, e isso nos incentiva a repetir esse comportamento para ser recompensado com dopamina novamente. Com o tempo, essa associação fica armazenada em áreas do cérebro que estão associados às emoções e ao aprendizado.

Tomar uma cervejinha a noite, por exemplo, pode ser agradável. Então, mesmo sem perceber, essa esperança por outra dose de dopamina faz você voltar a beber uma latinha no dia seguinte. Em pouco tempo, esse hábito fica armazenado em seu cérebro e é difícil de mudar. Enfim, amigo leitor, a motivação sempre nos ajuda a começar novos objetivos. Mas é apenas quando esses objetivos se transformam em hábitos que conseguimos persistir.


Ellen Manfrim

Ellen Manfrim

Ellen Manfrim é médica neuropediatra em Santa Cruz do Rio Pardo


SANTA CRUZ DO RIO PARDO

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