Ellen Manfrim

O vício das telas

Coluna de Ellen Manfrim

O vício das telas

Publicado em: 12 de novembro de 2022 às 19:12

O século 21 foi impactado pela revolução tecnológica, trazendo consigo diversos benefícios. Contudo, há também prejuízos, como os riscos do uso de telas digitais por crianças e adolescentes.

Durante a gestação e os primeiros 6 anos de vida, o cérebro se desenvolve até 85% do seu tamanho final. A personalidade se desenvolve aos 7 anos. Durante esta fase do desenvolvimento, os neurônios formam os circuitos que estabelecem a arquitetura básica do cérebro, determinados pelas experiências vividas. São essas experiências, aliás, que definirão quais conexões neurais deverão ser mantidas e quais serão “desligadas” através da poda neural.

O que precisamos entender para que essa fase traga tantos benefícios quanto deveria ao desenvolvimento de um bebê, é que a criança precisa de amor, afeto, cuidado, precisa que suas necessidades físicas sejam atendidas, precisa de interação com os familiares e outras figuras de apego, precisa de contato com a natureza, para que tenha suas habilidades estimuladas. Um bebê não precisa (e nem deve!), ser estimulado por telas digitais. Não podemos permitir que as crianças continuem anestesiadas pelas telas!

Afinal, assim como tabaco, álcool, qualquer tipo de drogas, as telas também viciam por gerarem dependência química, ao confundir o sistema de neurotransmissores no cérebro, se apropriando de um sistema de recompensa mais estimulado pela inundação excessiva pelo neurotransmissor dopamina. Com a liberação dessa substância de forma exacerbada, o uso das telas se torna uma necessidade, não uma opção. Por exemplo, durante os jogos, a dopamina está em excesso nas principais vias de transmissão neuronal, produzindo uma euforia prolongada e intensa, que aumenta a sensação de prazer. Esse efeito de recompensa pode diminuir ao longo do tempo, sendo necessário maior tempo de exposição das telas, o que leva ao ciclo do vício.

Precisamos lembrar também que o uso de telas eleva a produção de cortisol e adrenalina, provocando efeitos similares ao do uso de cocaína. A liberação prolongada do hormônio cortisol é extremamente tóxica para o desenvolvimento neurológico e físico da criança, aumentado o estado de hiperalerta e impossibilitando a concentração em outras atividades, como as pedagógicas.

O Organização Mundial de Saúde já considera o uso de telas digitais um transtorno neuropsiquiátrico com indicação precisa de tratamento. Para não chegar a esse ponto, temos que ser conscientes sobre os fatores protetivos ao uso de tela. Amor, contato com natureza, assistir ao teatro, ler livros, escutar músicas, brincar ao ar livre, conviver com animais de estimação, praticar esportes, etc, podem evitar o uso de telas na infância. A escolha entre acatar esses fatores ou ceder às facilidades da tela só cabe a nós, adultos. Essa escolha jamais deveria ser dos pequenos.


Ellen Manfrim

Ellen Manfrim

Ellen Manfrim é médica neuropediatra em Santa Cruz do Rio Pardo


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