Publicado em: 22 de outubro de 2022 às 09:56
Receber um diagnóstico ou mesmo uma suspeita de um transtorno do desenvolvimento é algo avassalador para a maioria das mães. E não, isso não está sendo afirmado pela Ellen, neuropediatra, isso é uma afirmação das próprias mães.
“Senti o chão se abrir”, “Quis me matar”, “Me senti a pior mãe do mundo”, “Achei que fosse um pesadelo e que iria acordar”, “Torci para que o profissional estivesse errado no seu diagnóstico” – são apenas alguns dos relatos que já ouvi de mães que receberam diagnósticos de seus filhos.
Mas o fato é que, diante desse momento complicado, cada pessoa vivencia a situação de uma determinada maneira.
Costumo dizer que há, ao menos, 4 tipos de mães diante do momento de um diagnóstico no seu filho. Há aquela que aceita prontamente, pois já enxergava os sinais, já notava as diferenças em sua criança; ela não quer perder tempo, corre atrás das terapias e inicia rapidamente tudo o que estiver ao seu alcance para ajudar o pequeno. Há a mãe que não quer aceitar, mas coloca o seu sofrimento no bolso, engole o choro, disfarça o medo, e parte para o jogo. Como no primeiro exemplo, ela busca terapias, pesquisa os melhores profissionais, escuta e aceita as orientações da equipe de intervenção, e estimula a criança em casa na expectativa que os avanços venham logo e que a angústia seja substituída por vitórias. Há um terceiro grupo, o das “fugitivas”; trata-se daquela mãe que não aceita, e inicia uma busca desesperada de outros profissionais que digam aquilo que ela quer ouvir, que afirmem que, apesar de todas as atipias, o seu filho não tem nada; essa mãe foge da situação, foge de respostas concretas e foge, inclusive, do que poderia beneficiar seu filho. Por último, tem o grupo das que ignoram, fingem não enxergar as dificuldades de seus filhos, fazem vistas grossas para os atrasos e usam frases obsoletas para justificar o desenvolvimento deficitário; essas não buscam nenhuma avaliação, afinal, “cada criança tem seu tempo” e, além disso, “ele é um bebê de pandemia”.
Enfim, cada mãe responderá de uma forma, cada mãe enfrentará o tal “luto” do filho idealizado de uma maneira peculiar. A questão é que, quando se escolhe (sim, é uma escolha!) ser uma das duas últimas mães, há grande chance de prejudicar a criança, mesmo essa não sendo a vontade da mãe.
A falta de aceitação, a tal “negação”, é um dos principais fatores que acarreta atraso para o início de um tratamento correto e precoce. E por incrível que pareça, não são as mães menos favorecidas socialmente ou culturalmente que geralmente apresentam esse tipo de reação. São justamente aquelas com acesso à informação, pessoas esclarecidas, porém com medo do que a sociedade pensará sobre seu filho. Uma pena. Uma tragédia, na verdade.
Uma pena que, nos dias atuais, ainda se enfrente o preconceito do diagnóstico dentro da própria casa.
Ellen Manfrim é médica neuropediatra em Santa Cruz do Rio Pardo
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