TDAH não tira férias

No dia a dia dos meus atendimentos, essa é uma dúvida bastante frequente dos pais de crianças com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). E confesso a vocês que não existe uma resposta padrão nos artigos sobre o assunto. Isso porque cada paciente é diferente, e suas questões familiares, sociais e educacionais devem ser individualmente analisadas antes de tomar essa decisão.

Particularmente, precisamos levar em consideração algumas questões básicas antes de pensar em suspender o uso:
- Se a criança é muito impulsiva sem a medicação, viagens podem significar excesso de preocupação para a família, pois a tendência à impulsividade aumenta a chance de se colocar em situações de risco, como por exemplo se perder na praia.
- Se a criança costuma fazer brincadeiras muito agitadas quando está sem medicação, isso pode levar a um prejuízo social importante, gerando inclusive isolamento por parte dos colegas.
- Crianças mais agitadas têm maior dificuldade de explorar ambientes calmamente e se colocam em situações conflituosas com maior facilidade.

Como tudo na vida, há o outro lado da moeda. Em alguns casos, ficar sem o remédio pode ser benéfico no intervalo do período letivo quando a criança tem muita perda de apetite com a medicação e/ou quando maior prejuízo que o TDAH acarreta para a criança é a dificuldade acadêmica.

Na medicina nada é 100%, isso é fato, e todos sabemos. Então não há uma regra a ser aplicada a todos os pacientes com TDAH. Portanto, minha sugestão é que a família sempre converse com o médico antes de tomar essa decisão.
Mas vale lembrar que TDAH não tira férias, e que se a criança puder ser prejudicada por não usar o psicoestimulante nas férias, não devemos suspendê-lo! Afinal, “para que mexer na escalação do time que está ganhando”, não é mesmo?