Publicado em: 12 de abril de 2023 às 21:56
Diz o princípio da impermanência que nada permanece como é. O amor, a raiva, a felicidade, a tristeza, a exaltação, a depressão… Tudo, absolutamente, tudo, é num momento mas deixa de ser no momento seguinte, ainda que algumas coisas possam demorar mais do que outras para “cambiar”.
Parece algo simples de dizer e de entender, porém para colocar em prática não é nada fácil, talvez porque nos apegamos às coisas e sentimentos e nos recusamos a vê-las mudar, e também porque insistimos em procurar uma explicação para tudo.
Se aceitássemos que o momento de alegria tem tempo finito e que a tristeza de hoje em breve não existirá, poderíamos romper esse ciclo que coloca irresponsáveis sob o holofote das mídias sociais para brilhar com mensagens vazias de autoajuda e aprisionamento na chamada “Ditadura da Felicidade”, onde somos todos obrigados a estar sempre bem, felizes e dispostos.
A esses todos que insistem e explicar tudo e a nos bombardear com mensagens e supostos “tratamentos” para evitar qualquer contato com a reflexão e a melancolia, pergunto: quem disse que os momentos de tristeza não têm seu valor?
É em dias mais tristes que deixamos um tempo a mais para refletir sobre a vida, para pensar no que nos aflige ou mesmo para liberar ao mundo uma espécie de criatividade que permanece sonolenta em momentos de exaltação. Quantos livros, músicas e filmes belíssimos nos remetam ao sentimento da tristeza! Chorar assistindo “A vida é bela”, de Roberto Benigni, é um momento de extremo prazer diante dessa maravilha chamada arte, mas se deixássemos os charlatães de hoje em dia darem uma dica ao diretor italiano, certamente teríamos no final do filme uma micareta entre judeus e nazistas ao som de Léo Santana.
“Não existiria som se não houvesse o silêncio; não haveria luz se não fosse a escuridão; A vida é mesmo assim: dia e noite, não e sim”, resumiu Lulu Santos na canção “Certas coisas”. Mas o lema do charlatão não permite a existência de qualquer sombra e, se você passa por qualquer momento mais deprimido na vida, é porque não está se esforçando o suficiente ou porque ainda não procurou ajuda no lugar correto. A tristeza sempre virá e a culpa será sempre sua, de uma forma ou de outra.
Basta uma breve visita às redes sociais para perceber como essa ditadura faz vítimas em todos os círculos sociais, mas antes que me acusem de leviano, deixo claro que não faço aqui qualquer apologia à melancolia e menos ainda quero incentivar as pessoas a não procurar tratamento quando necessário. A depressão é uma doença gravíssima e quem está com o coração e/ou a cabeça imersos em trevas tem, sim, que procurar ajuda profissional. Profissional!, e não em qualquer irresponsável que lê ideias de um médico nazista, de algum livro ou de um minicurso de um mês e já se sente confortável em assumir o controle da sua sanidade mental, dos seus sentimentos, da sua vida.
Essa lavagem cerebral é extremamente nociva e geralmente parte de pessoas tóxicas, mas figura, invariavelmente, como o caminho mais fácil tanto para quem quer ganhar dinheiro quanto para quem quer um consolo em forma de placebo. Deveria constar, na testa dos “novos ciganos”, ao menos um alerta de “cuidado”.
Como amante da ciência, coleciono críticas sobre o tema, mas não me culpem, por favor! Certamente tenho agido essa forma porque algum antepassado não acolheu sua criança interior e me deixou assim, sem entender o verdadeiro sentido da felicidade.
Enzo é advogado em Santa Cruz do Rio Pardo
Previsão do tempo para: Quinta
Durante a primeira metade do dia Períodos nublados com aguaceiros e tempestades com tendência na segunda metade do dia para Períodos nublados com chuva fraca
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