Publicado em: 10 de maio de 2023 às 16:33
Ainda existem 43 monarquias reinantes no planeta. E mais alguns descendentes de reis depostos que se autointitulam guardiães reais. E todos eles ficaram em polvorosa com a coroação do Rei Charles III, que aconteceu na manhã deste sábado. O evento, repleto de tradições, porém com um glamour mais comedido que aquele de quando da coroação da Rainha Elizabeth II – quiçá para evitar mais alarde entre os grupos antimonárquicos – reuniu líderes de todos os continentes, incluindo nosso presidente. As comitivas reais que compareceram incluem, dentre outros, os reis da Espanha, da Bélgica, da Dinamarca, da Noruega, da Suécia, os imperadores do Japão, os reis da Tailândia, do Butão, do Brunei, dos Ashanti, do Lesoto, além dos emires do Qatar e de Dubai. Também os príncipes de Mônaco e de Lichtenstein, os grão-duques de Luxemburgo. Além dos herdeiros dos tronos inexistentes da Grécia, da Bulgária e da Romênia. Muitos dos presentes dividem ancestrais com o novo regente da infame ilha do Brexit.
Numa tentativa de parecer menos arcaica, a cerimônia de coroação incluiu bispas (sim, no feminino) e cânticos não apenas na língua inglesa, mas também em galês, escocês e irlandês, territórios com histórico separatista. Também, pela primeira vez em uma coroação na Abadia de Westminster, o monarca foi cumprimentado por representantes de outras religiões que não a Anglicana, mais precisamente do judaísmo, hinduísmo e islamismo, para que a imagem de um Charles III moderno e tolerante comece a ser construída.
Porém este desejo de modernidade esbarra nas fortes tradições nobiliárquicas e cristãs da Inglaterra. Uma das mais antigas monarquias do planeta, aquela com mais forte presença na colonização de nações intercontinentais e um histórico de subjugamento das populações nativas destes territórios, precisa mais do que alguns pequenos gestos simbólicos para compensar séculos de exploração que ainda não terminaram. A Commonwealth, Comunidade Britânica de Nações, inclui 56 países e territórios, 14 dos quais ainda são tributários do novo Rei.
Dentre os símbolos da monarquia utilizados na cerimônia do sábado, todos feitos de ouro e pedras preciosas, o que mais gerou polêmica foi a coroa da malquista e malvista Camilla. Nela, reluzem diamantes gigantescos retirados da África do Sul enquanto colônia britânica e também da Índia, nas mesmas condições. Grupos destas duas nações, em mais de uma ocasião, já solicitaram o retorno das pedras às suas terras natais.
A escolha de Charles e Camilla, 74 e 75 anos respectivamente, em assumir o trono britânico, governado anteriormente pela carismática Rainha Elizabeth, em vez de renunciar a favor de seu herdeiro, o mais carismático Príncipe William, casado com a muito mais carismática Kate Middleton, me parece uma escolha perigosa. Num mundo cada vez mais globalizado, muitos ingleses veem a monarquia como algo ultrapassado e caro de se manter. E vai na contramão do que fizeram alguns de seus primos-vizinhos-monarcas que, ainda em vida, passaram o bastão para seus descendentes a fim de manter certo ar de “frescor” no regime antiquado.
Arquiteto, é santa-cruzense e estudou História da Arte em Madrid
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