Contextualização

Dia desses vi uma pergunta de um seguidor a uma profissional de etiqueta e protocolo sobre dress code. Dizia que queria aproveitar a oportunidade do evento em questão, um casamento, para “expressar sua criatividade através da moda”. A profissional, de viés progresista, super antenada com os novos tempos e defensora da igualdade social e de gênero, me surpreendeu com sua resposta categórica: Não! Uma cerimônia de casamento, ou um convite para uma festa ou uma solenidade são acompanhados de expectativas daqueles que os estão organizando. O chamado protocolo.

Trocando em miúdos: se no convite lhe pedem traje social completo para o evento, evento este que será no período noturno em local fechado, espera-se que os cavalheiros usem ternos de cor escura e as damas vestidos abaixo do joelho ou ternos. De igual maneira, se te convidam para um passeio de lancha na represa, espera-se que você vá de roupas leves, com traje de banho por baixo e calçados fáceis de se locomover e que possam ser molhados. Não dá para imaginar alguém passeando de barco vestindo terno ou num casamento de chinelo havaiana.

O mesmo acontece na arquitetura: toda construção tem um contexto! E deve respeitá-lo. As casas-pátio, comuns no mediterrâneo e no México, também com alguma ocorrência nas terras tupiniquins, são edificações fechadas para o urbano e voltadas para dentro de si, isolando-se do caos das ruas e oferecendo um universo particular e privativo para o morador. No campo, com o contexto totalmente diferente, a casa ideal é, praticamente, o avesso da casa de cidade. O pátio se expande para fora, ultrapassando os limites das paredes externas e transforma-se em uma generosa varanda que contorna todo o perímetro, oferecendo o oposto que a casa da cidade: integração e visão de todo o entorno.

Imaginem a estranheza de ver uma casa toda fechada no meio de um campo. Ou uma casa avarandada na Avenida Paulista dos dias de hoje. No final das contas, na vida, na moda, na arquitetura e nas atitudes, sempre que mantivermos um resquício de tradição, estaremos melhor contextualizados em qualquer situação.