Nome de batismo

Na última coluna que escrevi para o Debate fiz provocações em torno do passado colonialista do Reino Unido, passado este que ainda perdura em muitas tradições e possessões inglesas. Dentro deste mesmo tema, estive pensando em nós, brasileiros, e em nossos hermanos argentinos. Em comum, além do continente sul-americano e da política e inflação oscilantes, temos também o fantasma das nações europeias que nos colonizaram por séculos.

O fantasma, manifestado na desgraça social que assola ambos os países, com a desigualdade mais acentuada no Brasil, devido ao histórico escravocrata muito mais intenso que no país portenho, também assombra o nome com que ambos os territórios foram batizados pelos seus “descobridores”: Brasil e Argentina. Estamos tão acostumados a ouvi-los e dizê-los, que não percebemos sua origem etimológica.

Brasil, dizem alguns historiadores, deriva da madeira nobre que os portugueses encontram em abundância ao desembarcarem por aqui: o pau-brasil. Que, por sua vez, representa a cor da parte interna do tronco, que é vermelho como brasa. Argentina vem do latim argentum, que significa prata. Lá, os espanhóis que colonizaram nossa vizinha encontraram-na em abundância, sobretudo às margens do rio que também carrega em seu nome o passado minerador, o Río de la Plata.

Brasil e Argentina, etimologicamente, retratam a maneira como foram explorados pelas coroas europeias entre os séculos 16 e 19. De nós e de nosotros extraíram riquezas incalculáveis, da madeira à prata, das terras ao ouro de nossas minas.