Publicado em: 22 de março de 2023 às 23:43
Bauru se tornou notícia no Brasil todo esta semana. Não foi pelo famoso (e mal copiado) lanche, nem pelas polêmicas da prefeita Suéllen. Foi por um tema que ganha cada vez mais espaço nas discussões, inclusive nas reflexões aqui desta coluna, na qual já abordei o assunto em pelo menos duas ocasiões: etarismo. O termo, como se pode deduzir, trata da discriminação de pessoas baseada simplesmente em sua idade. Também se ouvem os sinônimos ageísmo (do inglês age) e idadismo. Em geral, as vítimas são idosas e idosos com dificuldades naturais que surgem com o passar do tempo e o autor é um jovem ou, como neste caso recente, um grupo de jovens, que parecem não ter neurônios suficientes para perceber que o alvo de seu deboche é o que o futuro lhes reserva.
O que mais impressionou no caso registrado pelas redes sociais das próprias autoras do que já se entende por crime foi o fato da vítima não ser uma idosa, mas sim uma mulher de quarenta anos que acabara de ingressar, assim como as três jovens, no curso de biomedicina da Unisagrado. No vídeo gravado pelo celular de uma delas, questionavam o que uma mulher “tão velha” fazia em sala de aula e diziam que ela já deveria estar aposentada. Sim, com quarenta anos! Em um país onde a expectativa de vida sobe a cada ano e a idade de aposentadoria da mulher brasileira, por lei, é de sessenta e dois anos.
Coincidentemente, na noite em que escrevo esta pequena reflexão, terminei de assistir ao último episódio da temporada final de um seriado leve, divertido e que traz muito o que se pensar sobre o passar do tempo e a importância que damos ao número que está em nossas certidões de nascimento. Grace e Frankie (Netflix, 7 temporadas) tem em seu elenco, estrelado por Jane Fonda (85) e Lily Tomlin (83), uma quantidade de idosos raramente vista em produções hollywoodianas. Idosos mesmo, com todo o elenco principal acima dos oitenta anos, fazendo dos atores de sessenta e cinco anos os jovens galãs da série.
A série, da mesma diretora de Friends, discute tabus como uso de drogas recreativas, abuso de álcool, sexo e prazer, amizades e ansiedades que acompanham nossas mentes enquanto nos aproximamos da inevitável morte. A temporada final é mais melancólica que as seis que a antecedem, mas sem perder o tom cômico resultante do contraste de personalidades tão fortes e tão diferentes de si das protagonistas. Se as jovens universitárias tivessem assistido à série que aqui fortemente recomendo (ou passado mais tempo com seus avós), pensariam duas vezes antes de julgar as capacidades e aspirações de uma pessoa pela sua idade. E como cantou Adoniran: Sou velho e sou feliz, mais velho é quem me diz.
Arquiteto, é santa-cruzense e estudou História da Arte em Madrid
Previsão do tempo para: Quinta
Durante a primeira metade do dia Períodos nublados com aguaceiros e tempestades com tendência na segunda metade do dia para Períodos nublados com chuva fraca
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