Publicado em: 05 de novembro de 2022 às 10:56
Não sei se falo sobre o resultado das eleições do último domingo, sobre a discórdia que a política vem causando nas famílias brasileiras desde meados de 2013 (início das manifestações de O Gigante Acordou) ou sobre a recusa de uma parcela pequena e barulhenta da população em aceitar o resultado democrático medido pelas urnas. Nasci e cresci em Santa Cruz do Rio Pardo, um dos maiores redutos eleitorais bolsonaristas do Estado de São Paulo. Em Londrina, cidade em que escolhi viver há onze anos, a situação é a mesma. Em ambas as cidades, a votação massiva no candidato à reeleição chegou a mais de 70% do eleitorado. Sendo um crítico ávido à política do nosso quase ex-presidente, não foi fácil ignorar provocações, propagação sem fim de fake news nos grupos de WhatsApp e continuar a consumir em estabelecimentos e atender pessoas que pensam diferente de mim. Mas o fiz, muito respeitosamente, por quatro longos anos.
As palavras de ordem da campanha de Bolsonaro, “Deus, Pátria e Família”, retiradas dos discursos da Itália de Mussolini dos anos 1920 e 1930 e repetidas à exaustão pelos seus apoiadores mais fanáticos, parecem cada vez mais vazias de significado. Sem fazer questão de interpretar o que cada uma delas quer dizer, a bondade e piedade divinas se esvaem em atos antidemocráticos, episódios violentos e uma tentativa deprimente de sabotagem através de uma lista de pessoas jurídicas e físicas que circulou pelas redes sociais em Santa Cruz (e outras tantas cidades). Nesta lista, foram expostos nomes e sobrenomes de cidadãos que simplesmente exerceram seu direito ao voto. Vale relembrar o Artigo 46 do Código Eleitoral: o voto é secreto!
Este ato de caráter intimidatório expôs um tradicional supermercado, o colégio em que estudei toda a vida, o Banco Itaú (o mistério do banco capitalista que é comunista...), dezenas de negócios de todos os portes e, como era de se imaginar, este jornal, além dos jornais 360 e Atual. Me lembro bem de quando foi anunciada a vitória de Jair Bolsonaro na disputa com Fernando Haddad. A reação do grupo que saiu perdedor nas urnas foi pacífica, democrática e de cunho social (a frase “Ninguém solta a mão de ninguém” foi amplamente utilizada).
O grupo perdedor deste pleito, o mais acirrado de nossa história, utiliza argumentos que desafiam a lógica. Um deles é de que nossas escolas e igrejas estariam “infestadas” de comunistas, cujas intenções seriam as mais maléficas para a sociedade. E quem são eles? Professores e padres! Os mais estudados e informados e os mais próximos a Deus. Na visão do grupo que se recusa em aceitar a voz da maioria, os verdadeiros vilões seriam aqueles que discordam de seu ponto de vista e sua solução é boicotá-los, prejudicando não apenas a economia regional, mas também as famílias que dependem direta e indiretamente destes negócios.
Arquiteto, é santa-cruzense e estudou História da Arte em Madrid
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