Deixar de sonhar custa caro

O momento brasileiro não é dos mais alvissareiros. Já fomos mais altaneiros. Hoje o país se digladia com um lado fascista, perverso e retrógrado. Este movimento cresceu e hoje, depois de muito tempo encubada, floresceu e mostrou sua cara e propósitos. Outro dia alguém me perguntou quando lhe dizia como chegamos neste ponto, com tanta gente fora da casinha eleita. “Meu caro, eles sempre estiveram aí, só não tinhas força, pouco se expressavam. Estavam encolhidos e com o advento bolsonarista, colocaram definitivamente o bloco na rua”, me disse. Sim, foi isso mesmo. Na história brasileira, o fascismo sempre se fez presente, algumas vezes botou as asinhas de fora, noutras contido, passou desapercebido.

Por sorte, o lado ainda saudável deste país se uniu e conseguiu sacar do poder o fascismo em seu estado bruto, violento e inconsequente. Foram sacados do poder, mas continuam pela aí, aprontando das suas. Tentaram um violento golpe em 8 de janeiro, foram derrotados, porém não vencidos. Continuam tentando algo a todo instante, incentivados por uma maioria constituída nos parlamentos. Infelizmente, hoje o predomínio dos políticos eleitos é de linhagem não só conservadora, como perversa, sem perspectiva de construção de algo saudável e salutar.

O propósito da direita hoje eleita é o pior possível. Pode observar, todos agem da mesma forma e jeito. A direita não governa se não conciliando e atuando em favor do interesse dos ricos, nunca a favor do trabalhador ou da maioria do povo brasileiro. Estes nunca falam em nome do povo e sim, de uma minoria. Só isso, nada mais. Não propõe nada, não existe uma proposta de trabalho. O direcionamento de tudo é continuar com o país excludente e com a exploração do homem pelo homem predominando em todos os atos. Falar em direitos é visto como coisa de comunista.

Conseguimos atingir um grau de psiquiatria inimaginável até tempos atrás. Se falássemos dessa perversidade há uns dez anos atrás, com certeza, diriam isso ser loucura, impensável. Hoje, não só atingimos um grau de insanidade elevadíssimo, como se nada for feito, tudo pode piorar. Me espelho para afirmar isso olhando para a composição de qualquer instituição política hoje, desde as câmaras de vereadores até o Senado da República. Como dizia um político bauruense, hoje com os direitos políticos cassados, “tá tudo dominado”.

Neste clima, Lula foi eleito, juntando todos os ainda com alguma esperança de ver o país caminhando noutros caminhos. Eles são possíveis? Sim, claro que sim, enfim, na eleição, no mínimo mais de 50% dos eleitores pensaram diferente desta abominável linha fascista. Retornar o país para dentro de uma normalidade política não será tarefa fácil, porém, sonhar é preciso. Não se pode abandonar os sonhos, até porque, do contrário, como já vimos, surgem os hitlers, mussolines, pinochets, trumps e bolsonaros. Pagamos sempre muito caro por abandonar os sonhos.