Henrique Perazzi de Aquino

Não vivemos mais no mesmo Brasil

Coluna de Henrique Perazzi de Aquino

Não vivemos mais no mesmo Brasil

Publicado em: 02 de junho de 2023 às 01:29

Fui visitar, hoje pela manhã, minha amiga psicóloga Rose Maria Barrenha e da conversa, o que não me sai da cabeça, após comentarmos sobre as relações trabalhistas, todas deterioradas nos dias atuais, foi a frase a dar título para este escrito. Eu comentava com ela algo acompanhado por mim, de uma relação trabalhista beirando o escravismo. Foi o que bastou para contar também algo acompanhado por ela. Daí, ela soltou a certeira frase.

Meu caso. Uma amiga trabalha numa cidade vizinha, onde uma única empregadora absorve a maioria da mão de obra da cidade, mais do que a própria Prefeitura. Registra quem quer e todos atuam por produção, ou seja, costuram o dia inteiro, muitos fazendo hora extra, algo desgastante e sem tempo para quase mais nada. No final do mês vão conferir o montante a ser recebido, além de nunca as contas baterem, os valores a serem pagos giram em torno de R$ 600, ou no máximo R$ 800 reais. Indignado questionei a pessoa: “Mas não reagem? No Brasil a lei exige que se pague no mínimo o salário mínimo”. Ela, bem direto me diz: “É a única empregadora, acha que faz até mais do que devia e nos ameaça até nisso. Iríamos trabalhar aonde? É o escravismo dos tempos atuais”.

Rose me conta sua história. Uma pessoa querida arrumou emprego recente, onde lhe foi prometido uma função. Chegando lá, a conversa foi outra e o empregador alegando necessitar temporariamente dele em outra, o encarrega para algo completamente diferente. Discursa no começo do expediente dizendo do envolvimento que todos precisam ter com a firma, sendo necessário entrada bem mais cedo e saída bem depois do combinado. A situação se arrasta e no primeiro mês, nada de hora extra e um discurso mais duro, com afirmações do tipo, “é o que temos para oferecer, se não tiverem interesse, sentimos muito”. E assim, sem nem tocar no assunto de registro, com horário ampliado, sem pagar horas extras, seguindo regras estabelecidas segundo a cabeça patronal, continua por lá sem saber se um dia irá atuar na função pela qual foi contratado.

Rose, ao me ver com certa cara de espanto, alerta para algo simples, até redundante. “Henrique, o país, como te disse é outro. Nada se apresenta hoje como antes da chegada de Michel Temer e Jair Bolsonaro. Muitos patrões hoje se acham acima da legislação trabalhista. Enfim, foi para isso que apoiaram a tal reforma no setor, queriam tudo flexibilizado, mas só beneficiando a eles. Deu no que está vendo, um verdadeiro deus nos acuda para o trabalhador. Não adianta ter saudade, hoje se faz necessário denunciar, mesmo ciente do fio da navalha, pois segundo você mesmo ouviu, a precarização é o must do empresariado, arma usada contra o que existia de proteção anteriormente. Foi também para o trabalhador voltar a ter seu direito garantido que votamos no Lula”.

Ficamos falando disso e com outros exemplos, todos ao mesmo estilo, quando do rádio, ouvimos algo para ser por mim anotado: “Todos são inimigos quando não pensam iguais”. Sim, este outro mantra do momento e já estávamos prontos para dele discorrer, quando chegamos ao nosso destino. Ela antes da despedida, me dá a dica: “Se vai escrever do outro Brasil, este tema também é merecedor de outro textão. Providencie para nossa leitura”. E me deu um até logo. Sim, hoje me fixo num, talvez o outro na “redação” da semana que vem.


Henrique Perazzi de Aquino

Henrique Perazzi de Aquino

Henrique Perazzi de Aquino é jornalista, professor de História e mantém o blog Mafuá do HPA (www.mafuadohpa.blogspot.com)


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