João Ferreira

A luta antirracista

Coluna de João Ferreira

A luta antirracista

Publicado em: 30 de maio de 2023 às 15:17

Em jogo realizado na cidade de Valência, na Espanha, no último fim de semana, o jogador brasileiro de futebol, Vinícius Júnior, do Real Madri, foi alvo de gravíssimas manifestações racistas no estádio Mestalla.

Espantado (com razão) com as palavras ofensivas que carregavam o peso histórico da escravidão da população negra, Vinícius Júnior protestou de maneira efusiva e acabou expulso depois de uma confusão no gramado.

A torcida racista conseguiu o seu intento: perturbou o jovem talento e provou, mais uma vez, que a escravidão não ficou para trás.

Não importam leis, mensagens, tratados, estudos, pesquisas, o que quer que seja. Os racistas ignoraram a dor da população negra e pretendem mantê-la aprisionada com correntes de ofensas, crimes e quejandos.

A permanente luta contra o racismo não impediu que torcedores (ditos) do primeiro mundo se comportassem como escravagistas.

Vinícius Júnior foi açoitado por palavras horríveis, por gestos assombrosos e pelo fantasma da escravidão em uma (pasmem) praça esportiva, local onde todos deveriam testemunhar um simples ludopédio (designação antiga do futebol).

As imagens correram o mundo que, entorpecido com o grave ocorrido, protestou e exigiu providências, até agora muito tímidas diante do tamanho da agressão.

A anulação da expulsão não apaga a dor da população negra. A demissão do árbitro do jogo não desfaz a omissão em relação ao comportamento racista da torcida. A colocação de tarjas e faixas com escritos “racistas, fuera del fútbol” e “juntos contra el racismo” não é suficiente.

Conforme ensina Adilson José Moreira, “o agente discriminador parte do pressuposto de que a vítima não possui uma qualidade socialmente valorizada, atributo supostamente presente apenas em certos segmentos, notoriamente nos grupos majoritários” (Tratado de Direito Antidiscriminatório). É exatamente disso do que se trata. Os racistas menosprezaram Vinícius Júnior e não se conformam com a ascensão social e esportiva de um negro. No estádio de futebol, a raiva rompeu o dique que continha o pensamento racista e deu vazão ao que grande parte dos torcedores pensa sobre os negros.

No fundo, uma boa parte das pessoas daquele estádio certamente têm para si que seriam os libertadores dos oprimidos nos séculos passados. A realidade mostra, porém, que eles seriam escravagistas, genocidas ou omissos em relação às opressões de cada tempo.

Passou da hora de medidas mais drásticas serem tomadas no campo esportivo, tais como a suspensão rigorosa de jogadores, a interrupção de jogos, a perda de pontos, a eliminação de campeonatos de equipes cujas torcidas manifestarem o racismo, dentre outras.

Para nós, conforme dizem, é um dever não ser racista. Mas também é preciso ser antirracista.

 

Schadenfreude

Então um certo coronel foi condenado por superfaturamento? Schadenfreude.


João Ferreira

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João Ferreira é advogado


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