Luiz Antonio Sampaio Gouveia

“Cose italiane”

Coluna de Luiz Antonio Sampaio Gouveia

“Cose italiane”

Publicado em: 28 de outubro de 2023 às 16:55

Plínio Rigon, se irmão em Cristo, certamente, talvez possa dizer, meu fraterno concorrente no amor de minha mãe, a então Professora Maria Margarida Sampaio Gouveia, no que fora o Curso Primário Anexo ao Instituto de Educação Leônidas do Amaral Viera. Assim, os últimos dias de minha mãe foram vividos já nonagenária em seu último leito, a recordar João Nantes, José Henrique Dardes e Plínio Rigon, entre tantos outros alunos que alfabetizou e educou.

Mas o fato é que a reportagem deste jornal sobre a estada de Plínio, na Toscana, abriu-me lembranças muito agradáveis.

Santa Cruz sempre teve uma colônia Italiana, um cônsul do Reino da Itália, João Dalmati e tal fora a importância dela, que o Marechal Badoglio - o mais representativo herói da Primeira Grande Guerra, em que lutou outro santa-cruzense, Benjamin Vuolo - viera nos visitar, quando meu avô prestava seus serviços à nossa Municipalidade, há mais de cem anos atrás. Ainda a se ter ideia de quem foi Badoglio, basta dizer que na Segunda Guerra, ele sucedeu Mussolini.

Também aqui se radicou a ilustre família Aloe, cujo filho, o inesquecível advogado Ângelo Aloe, quando Presidente da Câmara de Santa Cruz do Rio Pardo, em 1948, ao visitar Rosano, terra de seus antepassados, em que está a Basílica de Nossa Senhora de Aquiropita, foi recebido como governador de Santa Cruz do Rio Pardo. Havia com Dona Noêmia, um jornal italiano, que noticiava esta visita.

Minha emoção foi grande quando li sobre a visita de P  línio, a Montese, na Toscana, cidade libertada dos alemães, pelos soldados brasileiros, onde na escola, as crianças no Sete de Setembro, cantam em português, o Hino Nacional Brasileiro.

Certa vez em Florença, capital da Toscana, minha mulher, Eliana e meus pais, estávamos hospedados em um hotel próximo à Porta de Beccaria (e a importância disto, para mim, decorre de eu ser advogado e ser o italiano Cesare Beccaria, humanizador do Direito e do Processo Penal). De lá fomos desbravar a Zona Rural da Toscana, com um motorista conhecedor dos meandros deste “paese italiano”, em direção a um Hotel Mosteiro, chamado Certosa di Maggiano, em Siena, que fica igualmente na Toscana.

Ali havia o Cemitério dos Soldados Brasileiros, tombados, na Segunda Guerra Mundial, na cidade de Pistoia, na Toscana também. Acrescento que não há mais brasileiros sepultados ali. Esses soldados hoje repousam em monumento, no Flamengo, no Rio de Janeiro. Entretanto o Cemitério Militar de Pistoia, embora não tenha mais brasileiros ali sepultados, ainda está sob administração brasileira, ali se hástia todos dias e se baixa à tarde, a gloriosa bandeira do Brasil, o auriverde pendão da esperança, ao som de nosso Hino Nacional.

Acontece que nessa nossa excursão a Pistoia, todos sabiam, onde ficava o cemitério militar polonês e canadense, mas não se sabia o brasileiro. Recentemente comentei este fato com meu amigo o General Adalmir Domingos e ele me disse que o adido militar brasileiro, na Piazza Navona, em Roma, organiza viagens gratuitas até Pistoia e fica aqui minha sugestão para quem queira ir para lá.

Por falar em embaixada brasileira em Roma, ali já tivemos importantes diplomatas a presidi-la, descendentes de italianos. Ricupero, Itamar Galtiero Franco, Andrea Matarazzo, para ficar por aqui, todos grandes embaixadores. Entretanto acredito que esta privilegiada embaixada do Brasil, um palácio renascentista, muito mais poderia fazer pela cultura brasileira, na Itália.  

Afinal há mais de 30 milhões de descendentes de italianos no Brasil. Somente em minha casa, alguns eleitores de cabresto do Andrea Matarazzo, que se candidatou a parlamentar italiano a representar os “oriundi”. Contudo apesar da avó de meu avô santa-cruzense, ser Cavalcante de Melo, dos mercenários Cavalcanti que vieram ao Brasil, por Portugal, para expulsar os holandeses, um amigo genealogista, diz que eu não tenho direito a ser italiano. Mas eu sou de coração.

Gouveia, há gouveias na Itália, chamados goviani. Descendem de Antonio Gouveia e integram a nobreza papalina. É que Antonio Gouveia (que não é meu parente), foi o advogado que defendeu Portugal contrariamente à Espanha, no tratado de Tordesilhas. Do latim, Goveanus, deu para o italiano Goviani. Esses tiveram o banco deles quebrado em um dos escândalos do Banco Vaticano.

Mas o curioso desta história, é que no dia que este banco quebrou, eu estava com meu pai, na Piazza di Spagna, em Roma, tirando sarro do velho, pelos primos agiotas quebrados. Comemorava-se a descida do homem à Lua. Aproximou-se de nós, a RAI, televisão estatal italiana. Perguntaram se eu tivera algo a dizer. Mas aí, eu já estava no vídeo e lasquei, un picolo passo, par l´úomo, um grande passo, per l´Hhumanitá...

Como esta foi frase que dissera o primeiro homem a pisar na lua, Neil Armstrong, lá estive eu, em todos os jornais televisivos de Roma e ao fundo de papagaio de pirata meu saudoso pai.

A reportagem de meu amigo Plínio sobre a Itália, fez me lembrar de meus pais, pequeninos santa-cruzenses, eternos em minha memória.

Obrigado!


Luiz Antonio Sampaio Gouveia

Luiz Antonio Sampaio Gouveia

Santa-cruzense, Sampaio Gouveia é advogado graduado pelas Arcadas e especialista em Finanças e Contabilidade (pela EAESP/FGV) e em Direito Penal Econômico (pela GVLAW/FGV), mestre em Direito Público (Constitucional) pela PUC-SP, Conselheiro e Orador oficial do IASP, membro do Consea/Conjur/Fiesp, procurador-jurídico da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, entidade em que é irmão Mesário e remido, conselheiro da Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho, mantenedora da Faculdade de Medicina da Faculdade de Misericórdia de São Paulo. É membro do Instituto Brasileiro de Recuperação de Empresas em Crise. Foi conselheiro-seccional da OAB-SP e da ASP. CEO Sampaio Gouveia Associados


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