Luiz Antonio Sampaio Gouveia

Politicamente incorretos: índios

Coluna de Luiz Antonio Sampaio Gouveia

Politicamente incorretos: índios

Publicado em: 09 de junho de 2023 às 00:48

Recentemente a ordenar minha ancestralidade para receber em Lisboa, o diploma de cidadão da Unidade Europeia, por ser de ascendência judia, na Comunidade Judaica de Lisboa, fui à minha origem seferadita (judaica de minha origem ibérica) ou simplesmente cristã nova, de judeus, convertidos ao cristianismo, vindos para São Paulo, na época colonial.

Certa feita recebi no dia da fundação de São Paulo, uma medalha, como descendente do fundador de São Paulo, o Cacique Tibiriçá, um chefe tupinambá que tendo sua taba no Largo de São Bento, em São Paulo, ajudou os jesuítas a fundar São Paulo. De repente, apareceu em minha genealogia, um francês, Júlio Joly, que vindo para São Paulo, no início do Século XIX, formado em Agronomia, em Montepellier, na França, foi pioneiro da cafeicultura, no Oeste de São Paulo, antes livreiro para os estudantes do Largo de São Francisco, sepultado no primeiro túmulo do Cemitério da Consolação, ao lado da Marquesa de Santos e de Celestino Bourroul, que antes em sua Chácara do Brás, revolucionara a jardinagem brasileira, com as rosas que plantava e inúmeras vezes visitadas pela Princesa Isabel e o Conde D´Eu, francês, como o meu avoengo, que faleceu cego aos 93 anos. Paciente do Doutor Carlos Botelho, colega dele, naquela universidade francesa.

Minha avó materna, de olhos verdes, dizia-se descendente de holandeses; o marido dela era neto de uma Cavalcante, forma com que se abrasileirou o nome de mercenários italianos, Cavalcanti, de Florença, vindos para o Brasil, em época colonial, para combater os holandeses. A tradição do Nordeste, diz que nós, os Cavalcante, é que somos de origem afro e os nossos parentes Cavalcanti, brancos.

Meus filhos, de família de antigo presidente da República, (quando em viagem para Argentina, sobre ele dissera, João do Rio, Manoel mulato vai ao sul), de governadores do Rio e de São Paulo, desde a Proclamação da República, todos têm jenipapo na bunda, que lhes indica a possibilidade de origem afro, como pode ser também a minha, de que me orgulho muito. Em que pesem meus filhos, pela mãe, ainda terem sangue de ingleses e alemães. Minha mulher que não é a mãe deles, de origem veneta, italiana, pela mãe é seferadita, como eu, com netos italianos e libaneses.

Apto a receber a cidadania europeia, confesso, que desisti dela, quando estava tudo pronto para que eu a recebesse. Senti me mal! Porque me senti traidor do Brasil e não poderia abandonar esta minha origem de gente mestiça, gerada na América, a civilizar-se para um mundo melhor, que um dia chegará para todos, creio!

Abjeto o colorismo, que ameaça apontar o racismo, como uma mera questão de cor. Sou antirracista, mas me preocupam que meus amigos do movimento negro, tendam eles a querer involuntariamente ser uma nação dentro da Nação brasileira, o que muito me entristece.

Agora, na questão do Marco Temporal, que diz serem indígenas as terras ocupadas por eles (este é o nome politicamente correto a denominar esses nossos irmãos), na data da promulgação da Constituição, de 1988, é certo que isto pode não ser constitucional para os indígenas, porque a delimitação de áreas para eles viverem e titularem, pela Legislação infra- constitucional, requer muito mais, para lhes atribuir o habitat natural em que eles possam com toda plenitude viver suas origens, tradições e culturas.

Assim, é esta mesma Constituição, que aos indígenas assegura a exploração econômica de suas terras, na agricultura e mineração e outras riquezas da terra, por eles, obedecidos outros critérios legais. Dentre os quais, se destaca que para ser removidos de suas terras, os indígenas, somente o possam ser mediante autorização do Congresso Nacional.

Logo é preciso refletir sobre a questão indígena, no Brasil, com cuidado. Sem folclore! São brilhantes os indígenas que, com as cotas, cursaram nossas universidades. Contudo é preciso se ter consciência de que por destino, estamos irmanados, no Brasil.

Se no Brasil, negros são africanos, indígenas, índios, italianos, italianos e assim, por diante, que serei eu, pequeno mestiço, com jenipapo na bunda, ou a mancha mongólica ali nas cadeiras, que indicam a multiplicidade dos meus antepassados e de meus filhos e descendentes? O Brasil é a única Nação multiétnica do planeta.


Luiz Antonio Sampaio Gouveia

Luiz Antonio Sampaio Gouveia

Santa-cruzense, Sampaio Gouveia é advogado graduado pelas Arcadas e especialista em Finanças e Contabilidade (pela EAESP/FGV) e em Direito Penal Econômico (pela GVLAW/FGV), mestre em Direito Público (Constitucional) pela PUC-SP, Conselheiro e Orador oficial do IASP, membro do Consea/Conjur/Fiesp, procurador-jurídico da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, entidade em que é irmão Mesário e remido, conselheiro da Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho, mantenedora da Faculdade de Medicina da Faculdade de Misericórdia de São Paulo. É membro do Instituto Brasileiro de Recuperação de Empresas em Crise. Foi conselheiro-seccional da OAB-SP e da ASP. CEO Sampaio Gouveia Associados


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