Luiz Antonio Sampaio Gouveia

Shindo Renmei

Coluna de Luiz Antonio Sampaio Gouveia

Shindo Renmei

Publicado em: 17 de janeiro de 2023 às 14:50

Shindo Renmei foi uma organização terrorista japonesa. Fundada por um Coronel, oficial do antigo Exército Imperial japonês, imigrado para o Brasil, do meio para o fim de Segunda Guerra Mundial, por volta de 1940 ou mais, em Marília, espalhou morte e terror, entre a Colônia Japonesa no Brasil, forte entre esses imigrantes, no interior de São Paulo, notadamente na região da Alta Sorocabana (antiga estrada de ferro, em cujo ramal estava Santa Cruz do Rio Pardo) e proximidades, de Presidente Prudente, para todo Oeste Paulista e também na Capital do Estado de São Paulo.

Propagava-se por feiquenius por meio de um jornal, que circulava entre os japoneses do Brasil, mentindo sobre a atuação do Japão na Guerra, que o dava por vitorioso, quando estava se derrotando cada dia mais e apesar de que definitivamente perdedor, rendido ante os americanos, dava-o, como vitorioso, no final dessa Guerra, finda em 1945, com os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki.

Enlouquecida por um fanatismo fascista — o Japão foi um dos estados fascistas, aliados a Hitler e a Mussolini, na Segunda Guerra Mundial —, a Shindo Renmei matava os japoneses que não acreditassem na derrota do Japão nessa última conflagração mundial, antes exigindo que os que fosse assassinar, suicidassem, pelo ritual camicase, enfiando uma espada na barriga, como os samurais, de sorte que, esses, não o fazendo, eram por ela assassinados inclementemente.

A Shindo Renmei, assim, queria fazer da verdade mentira, dizendo que o Japão ganhara a guerra, quando finalmente a havia perdido. Inventava que a propagação da derrota japonesa era feiquenius dos americanos, que haviam ganho a guerra do Japão, o que era verdade, para desmoralizar o Império do Sol Nascente, que fora como se chamou o Japão, quebrando então a resistência dos japoneses, que estavam, no Brasil.

De tão fanatizados, os japoneses da Shindo Renmei, eles mesmos acreditavam na mentira que espalhavam e intoxicados pelo Yamato Damashii, o fanático espírito de guerra nipônico, não se constrangiam em mentir. Embora o próprio Imperador Hiroito, em magnifico discurso, já houvesse propagado antes, a derrota japonesa e conclamado o heroico povo japonês à reconstrução do Japão, um épico do gênero humano, que reedificou um país arrazado que é exemplo de recuperação de uma Civilização, para o mundo todo.

Mas não se pode esquecer de Hiroo Onoda, oficial japonês que ficou escondido nas Filipinas, por 30 anos, pensando que a Guerra não havia acabado e que o Japão nunca a perdera, em sua boa-fé, em nada identificada com a Shindo Renmei. Enquanto esta foi a passagem da mentira como verdade e a exigência da aceitação deste embuste, ao preço da vida dos que fossem fiéis ao verídico.

Amigo dos japoneses e admirador deles, há dias ganhei “Corações Sujos”, um livro de Fernando Morais, que conta a história da saga maldosa da Shindo Renmei. Foi me dada por um advogado nissei. Companheiro de muitas batalhas de minha Advocacia e casado com uma senhora descendente de um dos fundadores desta organização criminosa, que muitos dizem ser uma seita. Li! Nele vi que o terror está a serviço da mentira, para fazê-la uma falsa verdade, manipulando os tolos, presas fáceis do delírio do fanatismo, que os quer apenas explorar. Há diferenças! O Japão teve seu Imperador, que desceu de seu pedestal de divindade — sim, pois, lá o acreditavam filho dos deuses — e conclamou o povo a aceitar a verdade, a derrota do Japão, que eles insistiam em não reconhecer para voltar ao trabalho e fazer de novo, brilhar o Sol Nascente da Civilização. Vestiu-se de fraque e cartola e foi pacificar-se com o General Mac Arthur, o vencedor, que comandara a vitória americana contra o Japão, reconhecendo mais uma vez, a sua derrota para daí surgir um novo, mas eterno Japão. Pensei! Qualquer semelhança pode ser mera coincidência. Mas, não! Daqui o Imperador fugiu.

Com a palavra, o leitor!


Luiz Antonio Sampaio Gouveia

Luiz Antonio Sampaio Gouveia

Santa-cruzense, Sampaio Gouveia é advogado graduado pelas Arcadas e especialista em Finanças e Contabilidade (pela EAESP/FGV) e em Direito Penal Econômico (pela GVLAW/FGV), mestre em Direito Público (Constitucional) pela PUC-SP, Conselheiro e Orador oficial do IASP, membro do Consea/Conjur/Fiesp, procurador-jurídico da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, entidade em que é irmão Mesário e remido, conselheiro da Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho, mantenedora da Faculdade de Medicina da Faculdade de Misericórdia de São Paulo. É membro do Instituto Brasileiro de Recuperação de Empresas em Crise. Foi conselheiro-seccional da OAB-SP e da ASP. CEO Sampaio Gouveia Associados


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