Luiz Bosco

Como fica a família depois das eleições?

Coluna de Luiz Bosco

Como fica a família depois das eleições?

Publicado em: 05 de novembro de 2022 às 10:48

A felicidade no meio familiar é um ideal muito disseminado em nosso tempo. Somos educados e expostos o tempo todo a uma imagem da família em perfeita harmonia, que senta toda junta à mesa, que se apoia incondicionalmente. Temos até uma expressão popular para isso: a família de comercial de margarina. Isso está longe da realidade, que é muito diversificada e marcada por conflitos, tanto de origem dentro da família, quanto fora dela. Penso que perseguir esse ideal seja um foco de frustrações, que pouco ajuda a compreender os reais desafios que nossas famílias enfrentam. Se queremos algo que se aproxime de um estado de felicidade, precisamos compreender que ele não segue modelos pré-estabelecidos.

A divergência de opiniões deveria ser considerada parte do ambiente familiar, pois cada indivíduo tem sua história e valores, mesmo que muito destes sejam construídos no meio familiar. Temos uma visão ainda bastante conservadora, na qual a família deveria ter um mesmo pensamento. Insistir nisso é fonte de conflitos, particularmente com as novas gerações. A convivência familiar forçada, com valores impostos, sem diálogo, pode levar a estratégias de buscar na distração um meio de suportar o cotidiano.

A autenticidade nas relações familiares é um dos elementos mais importantes para uma convivência construtiva e um dos mais difíceis de se construir. Nossa moral é estabelecida em torno da ideia de obedecer sem questionar e do “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, produzindo tensões a partir da percepção dessa ambivalência e do sentimento de desconfiança que ela nutre.

Precisamos considerar também o excesso de cobranças e atividades, bem como a falta de tempo, que constituem fatores que afetam qualquer ambiente e coletividade. As pessoas ficam se irritando com facilidade, com propensão a falar e agir de forma agressiva.  Pode acontecer também de gerar um sentimento de perda de sentido das coisas, uma espécie de indiferença, muitas vezes confundida com a preguiça. Em situações intensas, podem gerar alterações psicológicas severas, como quadros depressivos e ansiosos.

A regra geral é ter menos obrigações e afazeres no dia a dia. Contudo, sabemos como é difícil colocar isso em prática numa sociedade que valoriza o trabalho ininterrupto e incansável, bem como o desempenho e a propaganda de si mesmo. Estamos acumulando cada vez mais obrigações com trabalho, redes sociais, formas de educar os filhos, metas etc., e não temos mais tempo para nós mesmos, para o ócio e para aqueles prazeres desprovidos de objetivos, que fazemos como quem brinca, apenas.

Para termos mais tempo, temos que trabalhar menos, termos menos ocupações diárias. Isso só é possível com remuneração mais justa no trabalho, que não exija jornadas longas ou dupla, tripla jornada.

Penso ser importante considerarmos que o tempo só caminha para frente e, conforme ele escoa, vamos observando o que é realmente importante para nós. A família é um desses elementos que podem sempre nos acompanhar, gerando um sentimento de pertença e estabilidade. Infelizmente, nem todo mundo tem boas experiências com a família. Ninguém é obrigado a perdoar situações e pessoas abusivas, muito menos se forçar a conviver com quem demonstrou ser violento. Às vezes, a verdadeira família é aquela que construímos ao longo da vida. Por fim, lembremos que há muitos formatos possíveis de família: sem o pai, sem a mãe, com dois pais, duas mães etc. O importante é que os laços que a unem sejam autênticos, construídos com liberdade e nunca por coerção.’


Luiz Bosco

Luiz Bosco

Psicólogo (CRP 06/96910), Doutor em Psicologia pela Unesp. Escreve quinzenalmente. Contato: (14) 99850-0915


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