Publicado em: 18 de junho de 2022 às 05:06
O desemprego no Brasil, no último levantamento feito pelo IBGE no trimestre encerrado em abril, atinge 14,8 milhões de pessoas, ou 14,7% da população apta a trabalhar. O governo de Bolsonaro não se preocupa com isso: desativou o Ministério do Trabalho e Emprego em 2019, numa clara demonstração de que não se importa com o assunto. Durante a pandemia, não se esforçou para salvar o ganha-pão dos brasileiros. Pelo contrário, facilitou a precarização de contratos, não ofereceu ajuda concreta aos micro e pequenos empresários e não dá um passo em direção ao fomento de trabalho e renda.
Essas ações não vêm sendo desenvolvidas sem uma base ideológica que as sustente. O discurso meritocrático é repetido por todas as mídias, insistindo na insanidade de que só é pobre quem não se esforça. Ou ainda, apregoa-se o “empreendedorismo” como fórmula mágica. A estratégia de tornar esse discurso hegemônico tem funcionado: estima-se que cerca de 40% dos trabalhadores brasileiros estejam na informalidade e vemos uma explosão de “MEIs”.
Serão mesmo “empreendedores”, no sentido de que possuem negócio próprio, gerando empregos e renda? Não exatamente, pois o que se observa é um movimento de se demitir profissionais contratados pela CLT para que sejam readmitidos como “autônomos”, diminuindo encargos trabalhistas para os empregadores e, não raro, também os salários.
As demissões cresceram e atingiram todos os setores. Sob a alegação de “corte de custos”, “crise”, “reestruturação”, ou sem nenhuma explicação crível, pessoas que sustentavam famílias inteiras se viram subitamente à deriva.
São casos de pessoas que cuidavam de familiares doentes e foram demitidos, mesmo o empregador estando ciente da situação; gente que não poderia voltar de imediato ao trabalho presencial, principalmente por motivos de saúde, e foi preterida sumariamente; trabalhadores e trabalhadoras com anos, às vezes décadas, de dedicação a uma empresa, viram-se descartados através de reuniões online de 60 segundos.
A pandemia não foi momento de “nos tornarmos pessoas melhores”, como os agentes ideológicos tentaram nos fazer acreditar. Afirmações como essa serviram apenas para fortalecer a ideia de que os indivíduos comuns deveriam aceitar quaisquer sacrifícios em nome da superação desse momento trágico. Isso inclui perder o emprego, ter direitos e salários reduzidos, ter seu poder de compra achatado; tudo isso enquanto bancos e grandes empresas tiveram lucros recordes, e o presidente da República passeia de jet-ski, atacando verbalmente ameaças inexistentes. Muitos de nós abraçamos um discurso otimista, dizendo-se “gratos por ainda terem empregos”. A realidade é mais sombria do que a onda “gratiluz” gostaria de admitir, pois nos vemos trabalhando mais, com menor poder de compra e sem perspectiva nenhuma a longo prazo.
Os primeiros passos para mudarmos essa realidade tenebrosa é nos darmos conta dessas armadilhas ideológicas e cessarmos sua influência sobre nossas ações. A questão eleitoral não é menos importante, estando em nossas mãos acabarmos com o descalabro que tomou conta do poder. Contudo, o essencial é mudarmos o sistema social que está acabando com nossas vidas e com o meio ambiente, antes que não haja mais tempo para isso.
Psicólogo (CRP 06/96910), Doutor em Psicologia pela Unesp. Escreve quinzenalmente. Contato: (14) 99850-0915
Previsão do tempo para: Quinta
Durante a primeira metade do dia Períodos nublados com aguaceiros e tempestades com tendência na segunda metade do dia para Períodos nublados com chuva fraca
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