Luiz Bosco

Prevenção ao suicídio não termina com o Setembro Amarelo

Coluna de Luiz Bosco

Prevenção ao suicídio não termina com o Setembro Amarelo

Publicado em: 08 de outubro de 2022 às 08:17

Fui convidado pela Secretaria de Assistência Social de Santa Cruz do Rio Pardo para dar palestra sobre o Setembro Amarelo em duas escolas, a escola municipal Frei Lorenzetti e a escola estadual Tomaz Ortega. É sempre uma enorme satisfação poder ir de encontro às pessoas, nos mais diversos ambientes, para levar reflexões sobre nossa saúde mental, sobre a prevenção ao suicídio e, também, poder ouvir o que elas têm a dizer.

Nossos pré-adolescentes e adolescentes precisam ser ouvidos, mais do que nunca. As brincadeiras, o riso fácil e o comportamento irrequieto podem dar a entender que estão sempre bem e não possuem preocupações. Essa não é a realidade: precisam de cuidados para seu desenvolvimento emocional e cognitivo, bem como de orientação para suas questões existenciais.

Qualquer jovem pode passar por períodos muito difíceis, no qual se sente sozinho. Nesses momentos, é comum que se queixe de que ninguém entende o que sente. Infelizmente, não é raro que não encontre pessoas com quem possa se abrir na família ou na escola. Ainda existe muito preconceito e incompreensão com relação às necessidades emocionais e às dificuldades que uma pessoa em formação pode encontrar em seu caminho.

Recebo com frequência relatos de que, diante do desânimo e do isolamento social, tem quem diga se tratar de “preguiça”; a angústia é considerada “frescura”, e o choro e a ansiedade, como “tentar chamar a atenção”. Tem ainda quem afirme que problemas emocionais são apenas “falta de ir a igreja”, deixando de lado qualquer ajuda profissional para a criança e o adolescente (lembrando que a fé e a busca por ajuda não estão em lados contrários).

A pior de todas as falas infelizes é quando afirmam que “quem quer cometer suicídio, não fica dizendo”. Na verdade, as pesquisas a respeito demonstram que sim, a pessoa que pensa em tirar a própria vida fala a respeito e dá sinais, como escrever cartas de despedida, pesquisar sobre formas de cometer suicídio, despedir-se da família, dar para amigos objetos que estima muito etc.

Não é raro me questionarem sobre o que dizer a alguém que desabafa sobre seu sofrimento mental. Um excelente começo é não reproduzir as falas que listei acima. A empatia não é um “dom”, é uma atitude que pode ser construída objetivamente e parte de uma ideia básica de que nenhuma dor ou dificuldade deve ser menosprezada – e é isso que muito adolescente relata: a sensação de que sua dor é considerada de menor importância.

Empatia de verdade não é sentir “dó”, é agir concretamente para melhorar as circunstâncias em que uma pessoa em sofrimento se encontra. A família e a escola precisam se tornar espaços de acolhida, em que a dor possa ser expressa sem medo e, consequentemente, a ajuda possa ser oferecida. Ninguém é obrigado a ter as respostas, mas ao menos que se esteja ao lado para buscá-las, inclusive com ajuda de profissionais, como psicólogos e médicos.

Nunca é demais lembrarmos que o bem-estar emocional é também social. Os cuidados individuais são necessários, assim como os cuidados coletivos: garantir a criança e ao adolescente o acesso à educação e à cultura, bem como a serviços de saúde de qualidade; a preservação do meio-ambiente tampouco pode ser deixada de lado. Trata-se de deveres dos poderes públicos, dos quais devemos exigir que façam seu papel. Lembre-se disso ao votar no segundo turno das eleições: é preciso eleger quem categórica e objetivamente apoia políticas públicas para o bem de todas e todos. Sem isso, de pouco serve falarmos em Setembro Amarelo.


Luiz Bosco

Luiz Bosco

Psicólogo (CRP 06/96910), Doutor em Psicologia pela Unesp. Escreve quinzenalmente. Contato: (14) 99850-0915


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