Luiz Bosco

Sobre o conceito de signo

Coluna de Luiz Bosco

Sobre o conceito de signo

Publicado em: 16 de julho de 2022 às 09:25

Palavras, imagens, gestos, símbolos – tudo aquilo que carrega uma mensagem, compreensível ou não – é um signo. Não aquele da astrologia: trata-se de um sinal, algo que carrega significado. A vida do ser humano é envolvida por eles, em todo tempo e espaço social, desde que dominamos a linguagem.

São utilizados por pessoas tentando mandar uma mensagem para outras pessoas, dentro de situações concretas. Carregam valores e representações pertencentes a esses elementos, sem deixar de possuir certo grau de autonomia, principalmente por se abrirem a respostas que podem ser inesperadas.

Os signos refletem a realidade na qual são construídos e utilizados. Ao mesmo tempo, refratam essa realidade: o signo é utilizado de maneira única por cada pessoa, grupo, meio de comunicação etc., trazendo elementos novos, que proporcionam novos diálogos ou respostas.

Isso nos leva à responsabilidade do uso do signo, pois ele não é meramente determinado pelo meio. Ao passar por mim, eu o utilizo a partir de um movimento de diálogo entre o que sou e o meio em que estou. Não posso fugir da responsabilidade pelas escolhas que faço com relação ao que digo, pois as circunstâncias, mesmo quando esmagadoras, ainda permitem que eu exista e apresentam contradições, nas quais é possível fugir de um único discurso possível.

Estamos falando da definição de signo para Volochínov, Bakhtin e seus camaradas, um grupo de intelectuais soviéticos da primeira metade do século XX. Para eles, o signo é ideológico, por carregar as marcas de quem o usa e do contexto. Sempre apresenta uma posição, ou uma opção valorativa, não sendo neutros em nenhuma circunstância.

Seu uso corriqueiro, espontâneo, ou até mesmo oculto, em nosso pensamento, compõe a ideologia do cotidiano (também conhecida como “life ideology”, ideologia da vida). Já seu uso com mais formalidade, muitas vezes em público, se dá na ideologia oficial.

A responsabilidade pelo que se diz na esfera pública é muito maior – e não há como querer um álibi para isso! Qualquer coisa que se expressa por meios de comunicação, ou em atividades planejadas para alcançar grande número de pessoas, exige que se pondere adequadamente sobre o que está a se dizer.

Comunicadores, jornalistas, atores, políticos, líderes de forma geral, tem uma obrigação ainda maior de saber o que estão dizendo e assumir suas responsabilidades por isso. Na realidade, esses atores sociais são plenamente cientes disso e seus discursos são, muitas vezes, construídos junto a assessores, manuais de redação e estilo, media training, pesquisas de opinião, entre outros recursos. Não há um signo que seja utilizado ao acaso na comunicação em massa.

Um signo utilizado amplamente em público, por uma pessoa que ocupa uma posição que lhe dá imensa visibilidade, inspira indivíduos, grupos e instituições a adotar determinados valores. Mostra o que é aceitável ou deve ser rejeitado. Reflete elementos da realidade que já estavam presentes, simultaneamente refratando novos, apresentando possibilidades que antes não eram vislumbradas, podendo inspirar comportamentos e atitudes.

Um exercício para finalizar esta aula é usar os conceitos apresentados para pensar sobre o gesto de fazer uma arma de fogo com as mãos.


Luiz Bosco

Luiz Bosco

Psicólogo (CRP 06/96910), Doutor em Psicologia pela Unesp. Escreve quinzenalmente. Contato: (14) 99850-0915


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