Maurício Ferreira: apaixonado por vinhos

Altos de Pinto Bandeira

Coluna de Mauricio Azevedo Ferreira

Altos de Pinto Bandeira

Publicado em: 27 de julho de 2023 às 14:12

Na semana anterior você descobriu que Altos de Pinto Bandeira é a primeira Denominação de Origem exclusiva para espumantes fora da Europa. Tais espumantes são elaborados pelo “Método Tradicional”, o mesmo empregado em Champagne, na França, e consiste na circunstância de que a segunda fermentação ocorre no interior da própria garrafa e é gerada através do “Licor de Tiragem”, uma mistura feita com o próprio vinho que está na garrafa, ao qual é adicionado açúcar e leveduras. Estas consomem aquele e produzem um pouquinho de álcool e gás carbônico, responsável pelas maravilhosas borbulhas.

Mas, chega um momento em que o açúcar acaba e, sem alimento, a levedura morre. Aqui começa outra maravilha. Começa a autólise. A levedura é um microrganismo que vai se quebrando, dissolvendo, e liberando no espumante pequenas partículas de proteínas, chamadas nano-proteínas, as quais vão dar cremosidade ao espumante e notas de massa de pão, panificação e brioche.

Fora da Europa, Altos de Pinto Bandeira é a primeira Denominação de Origem para espumantes elaborados pelo método tradicional. Na Europa há três muito famosas: Champagne, na França, Franciacorta na Itália e Cava, na Espanha. Mas não existe nada parecido no Novo Mundo, isto é, na América do Sul, nos Estados Unidos, na Austrália, na Nova Zelândia. E isto é motivo de orgulho pela qualidade do nosso espumante. Segundo os pesquisadores da Embrapa, sem esquecer que são terroir distintos, a Denominação de Origem Altos de Pinto Bandeira tem condições de produzir espumantes de alta qualidade e fazer frente aos melhores do mundo.

A DO dos Altos de Pinto Bandeira fica no coração da Serra Gaúcha e abrange 65 km² de área contínua, sendo 76,6% localizada no município de Pinto Bandeira, 19% em Farroupilha e 4,4% em Bento Gonçalves. A altitude média da região é de 632 metros, com terrenos de relevo ondulado até montanhoso. É uma paisagem linda. As temperaturas são mais amenas. A altitude e o clima mais amenos possibilitam a maturação mais lenta das uvas, o que ajuda a manter uma alta acidez e favorecer os surgimentos de aromas e sabores de maior intensidade. Além de propiciar pouco açúcar e, por consequência, um vinho com menor teor alcoólico, mas não podemos esquecer que na segunda fermentação é gerado, pelo menos, mais um grau de álcool. O Espumante não pode ser muito alcoólico, pois ele deve ser leve e refrescante. O ideal é 12%, 12,5%.

Como já referido, a Denominação de Origem é mais restritiva do que a Indicação de Procedência. No caso de Pinto Bandeira, continua a existir o selo de IP que abrange vinhos tranquilos e espumantes. Mas, na DO Altos de Pinto Bandeira, são autorizados somente espumantes e as exigências são muito maiores para que o espumante receba no rótulo o selo desta DO.

Tanto é assim que somente quatro vinícolas se comprometeram e foram as responsáveis pelo reconhecimento da DO. São elas: Aurora, Cave Geisse, Valmarino e Don Giovani. Há, pelo menos, meia dúzia de outras vinícolas na região, as quais ainda não decidiram se vão aderir à nova DO, além de uma grande quantidade de pequenos produtores os quais, uma vez que atendam às exigências, podem vender suas uvas para as vinícolas que fazem parte da DO.

Para ter direito ao uso do Selo da DO Altos de Pinto de Pinto Bandeira, as vinícolas da área delimitada têm que cumprir regras rigorosas de controle, desde o cultivo das uvas até o engarrafamento. As uvas permitidas são somente Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálico. Sendo que no caso de blend, Riesling Itálico deve entrar com no máximo 25%. A Cave Geisse somente utiliza Chardonnay e Pinot Noir. Somente é autorizada a colheita manual e a prensagem deve ser delicada, com de cachos inteiros, isto é, sem o desengace das uvas, como ocorre em Champagne. Uso de barrica para a maturação do vinho base foi liberado e é obrigatório o emprego do método tradicional, com autólise de, no mínimo, por 12 meses.

Mesmo seguindo todo este protocolo, é preciso submeter a cada ano os espumantes às análises laboratorial e sensorial de degustação pelo Conselho Regulador da DO. Somente depois é que o produto está apto a receber o rótulo com o selo e seguir para a mesa do consumidor. Os primeiros espumantes com a DO Altos de Pinto Bandeira já estão chegando ao mercado.

Mas preste atenção: não é porque agora Pinto Bandeira é DO que o espumante será bom. Não! É porque o espumante já era bom que ele conseguiu o reconhecimento como DO.


Maurício Ferreira: apaixonado por vinhos

Maurício Ferreira: apaixonado por vinhos

Por Mauricio Azevedo Ferreira, Promotor de Justiça aposentado que transformou uma paixão em atividade, dedicando-se ao ensino sobre vinhos. É responsável pelo conteúdo da página no Facebook, do perfil no Instagram e do canal do YouTube Apaixonado por Vinhos, além de ministrar cursos. É certificado pela WSET — Wine & Spirit Education Trust, nível 3, e FWS — French Wine Schollar.


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