Maurício Ferreira: apaixonado por vinhos

Degustação horizontal e vertical de vinhos

Coluna de Mauricio Azevedo Ferreira

Degustação horizontal e vertical de vinhos

Publicado em: 09 de dezembro de 2023 às 21:06

Para quem não é afeito aos termos utilizados pelos enófilos (apaixonados por vinhos) pode ficar pensativo sobre o significado do título. Na verdade, é tudo muito simples: tanto na degustação vertical como na horizontal a finalidade é fazer uma comparação entre vinhos.

A mais abrangente é a horizontal. Nesta modalidade de degustação são escolhidos vinhos diferentes, que podem ser da mesma safra, mas de  regiões vitivinícolas distintas ou até da mesma região, mas de produtores diversos. São muitas as possibilidades.            

Por exemplo, o Vale dos Vinhedos, na região de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, foi a primeira Denominação de Origem do Brasil a ser reconhecida e a principal uva desta D. O. é a Merlot. Lembrando que 2020 foi considerada a safra das safras desta região. Assim, podemos escolher vinhos de Merlot do Vale dos Vinhedos, safra 2020, mas de produtores diferentes, e buscar identificar as peculiaridades de cada um e até mesmo qual é o melhor.

Também é possível fazer uma degustação horizontal de safras diferentes. Já se tornou reconhecido, a partir do Sudeste, o vinho produzido no sistema dupla poda, ou colheita de inverno, elaborado com a uva Syrah, tema já abordado nesta coluna. Este sistema  está sendo implementado no interior de São Paulo, em Minas Gerais e até em Goiás. Assim, podem ser selecionados vários vinhos de Syrah de colheita de inverno produzidos em diversas regiões, sem se preocupar com a safra, com a finalidade de comparar os diversos “terroirs”.

Já a degustação vertical é diferente. Ela é realizada com o mesmo tipo de vinho, mas de safras diferentes. Destaco dois pontos que justificam a importância desta modalidade. Em razão do vinho ter uma origem agrícola, as variações climáticas de cada safra influenciam na qualidade final do vinho. Por exemplo, o que tornou 2020 uma ótima safra no Vale dos Vinhedos foi o fato de que, no período de maturação e colheita, praticamente não choveu, o que gerou uvas com grande concentração de fruta. Assim, em uma vertical torna-se possível comparar a qualidade das respectivas safras.

Outra finalidade da degustação vertical é constatar como o vinho evolui. Como se sabe, poucos vinhos evoluem, isto é, melhoram, como o passar dos anos. São apenas 5% deles. A maioria deve ser bebido jovem. Assim, ao se comparar um mesmo vinho de safras diferentes, 2014, 2017 e 2020, é possível  ter uma noção se o mais antigo melhorou e se os mais novos também melhorarão.

Tenho duas verticais na minha adega. Uma brasileira, do vinho Storia, elaborado somente em anos excepcionais, feito 100% com Merlot, pela Casa Valduga. Safras 2008, 09, 11, 12, 15 e 18. Estou esperando o lançamento da 2020. Também tenho uma vertical chilena do vinho ViK A, safras 2014, 15, 16, 17, 18, 19 e 20. Recentemente fiz uma degustação vertical com o Vik A, safras 2014, 2017 e 2020 para meu canal no Youtube Apaixonado por Vinhos.

A vinícola Vik está localizada aos pés da Cordilheira dos Andes, no Chile, entre vales e montanhas. Foi criada em 2004 por empresários noruegueses do ramo da hotelaria com o intuito de produzirem os melhores vinhos da América Latina. Junto à  vinícola construíram um luxuoso hotel. O principal vinho é o VIK, que custa no Brasil em torno de  R$ 1.000,00.

O Vik A é uma linha mais simples. Trata-se de um blend com várias uvas: Cabernet Sauvignon, Carménère, Syrah, Merlot e Cabernet Franc. Mas cada safra pode ter um percentual diferente destas castas. As de 2014 e 2017 possuem majoritariamente Cabernet Sauvignon, respectivamente 55% e 62%. Ambas com álcool de 14% por volume. Em 2020 a Carménère dominou, com 51%, com álcool de 14,4%. Todas passaram por um bom estágio em carvalho francês. A safra 2014 foi de 20 a 24 meses. Depois de engarrafada, ainda permaneceu mais 24 maturando no produtor. As demais, 2017 e 2020, estagiaram 24  e 18 meses em carvalho francês, respectivamente.

Convido para assistir ao vídeo no qual faço a degustação e  analiso detalhadamente cada safra e comparo as três: https://youtu.be/VzUu-Bj9K9k

Mas adianto que o melhor delas, sem dúvida, foi a safra 2014, que revelou uma ótima evolução, com cor rubi intensa e halos atijolados, que refletem a idade: 9 anos. Possui  grande complexidade, com notas de  frutas negras, ameixa e amora maduras, defumado, pimenta-do-reino, amadeirado, delicado herbáceo e notas de  tabaco. Na boca se mostrou elegante, com acidez que dá o devido amparo aos taninos, que são marcantes e muito sedosos, e  proporcionam um bom corpo. O final tende a longo. 

O nosso vinho tem uma boa estrutura e intensidade de sabor, sendo um ótimo acompanhamento para cordeiro em redução no próprio molho,  mignon ao molho madeira com purê de mandioquinha, risoto de cogumelos,  bife ancho com legumes e carne vermelha na brasa.

Descobri uma loja que atua na plataforma Amazon com um bom preço para um kit de três garrafas de Vik A da safra 2021. Confira neste link: https://amzn.to/3ujUpwu


Maurício Ferreira: apaixonado por vinhos

Maurício Ferreira: apaixonado por vinhos

Por Mauricio Azevedo Ferreira, Promotor de Justiça aposentado que transformou uma paixão em atividade, dedicando-se ao ensino sobre vinhos. É responsável pelo conteúdo da página no Facebook, do perfil no Instagram e do canal do YouTube Apaixonado por Vinhos, além de ministrar cursos. É certificado pela WSET — Wine & Spirit Education Trust, nível 3, e FWS — French Wine Schollar.


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