Descubra a Cabernet Franc

Você sabia que a Cabernet Franc já foi a uva vinífera tinta mais plantada no Rio Grande do Sul e atualmente está sendo redescoberta na Argentina e no Brasil? Ela está se tornando a queridinha da América do Sul. Nesta semana e na seguinte você terá um guia sobre a Cabernet Franc, a sua origem, as características de seu vinho e, ainda, vai conhecer  um rótulo  argentino premiadíssimo e outro paulista.

Ao fazer uma pesquisa rápida em alguns sites e até em canais famosos sobre vinhos no Youtube, encontrará a informação de que a origem da Cabernet Franc é francesa. Alguns apontam  a região do Vale do Loire, onde é produzido como vinho varietal, isto é,  vinho elaborado  somente com a Cabernet Franc. Outros  garantem  que ela foi surgiu  em Bordeaux, onde há muito tempo faz parte do blend, chamado  de corte bordalês, ao lado da Cabernet Sauvignon,  Merlot e Petit Verdot.

Mas, sinto em noticiar que esta informação não está totalmente  correta, pois pesquisas genéticas recentes determinaram que a Cabernet Franc, na verdade, tem sua origem no País Basco, que não é propriamente um país  e situa-se na divisa entre o extremo norte da Espanha e o extremo sudoeste da França. A Cabernet Franc teria cruzado a fronteira da Espanha para a França pelas mãos de monges e chegado em Bordeaux e ao Vale do Loire.

Há muitos anos a Cabernet Franc é cultivada na Região de Bordeaux, onde, por vezes, é somente uma coadjuvante no blend.  Bordeaux é conhecida pelos seus grandes rios, por isso as principais regiões são chamadas de margem esquerda e margem direita e em cada uma delas  a Cabernet Franc tem  participação diferente no referido blend. Por possuir um solo a base de cascalho, que é mais quente, a Cabernet Sauvignon melhor se adaptou na margem esquerda. Assim, seus melhores blends são elaborados majoritariamente com Cabernet Sauvignon, depois Merlot e Cabernet Franc, que dificilmente chega a 15% do blend.   Estes vinhos são potentes, estruturados, com taninos marcantes e bem torneados.

Já, na Margem direita, o solo é mais frio, à base de argila e calcário, o que favorece a Merlot, mas aqui a Cabernet Franc também apresenta uma ótima qualidade. Desta forma, os blends desta região tem na composição, majoritariamente Merlot  e Cabernet Franc em percentual superior à Cabernet Sauvignon. Os vinhos deste  lado possuem estrutura mais macia do que os da margem esquerda. Existem grandes vinhos que chegam a quase 50% de Cabernet Franc, como o inigualável Château Cheval Blanc, da região Saint Emillon, que custa no Brasil em torno de doze mil reais. Todos os grandes vinhos de Bordeaux, tanto da margem esquerda como da direita,  têm passagem por barrica de carvalho. Mas a madeira é utilizada com muita sabedoria e elegância e a nossa Cabernet Franc se dá muito bem com o carvalho.

Se em Bordeaux a Cabernet Franc é coadjuvante no blend bordalês, mais ao norte, no Vale do Loire, a Cabernet Franc é a principal uva tinta da região, sendo utilizada para elaborar tintos, rosés secos e com açúcar residual. Mas o destaque fica para Chinon,  uma pequenina região do Vale do Loire onde são elaborados  monovarietais com Cabernet Franc, que são completamente diferentes dos vinhos de Bordeaux. Em Chinon, por estar mais ao norte e ser mais fresco, o que não chega a prejudicar a maturação satisfatória das uvas, a Cabernet Franc entrega taninos maduros e este clima ainda ajuda a reter a acidez, o que deixa o vinho mais leve e elegante. Geralmente um Chinon apresenta notas de aromas e sabores de framboesas, morangos maduros, groselha e ervas de cozinha. Em boca é incrivelmente fresco, com médio corpo e taninos finos.

Chinon e Bordeaux: Não há melhor, não há pior. São estilos diferentes.

Na próxima semana veremos o sucesso da Cabernet Franc na Argentina. Caso não queira esperar, acesse meu canal no Youtube, “Apaixonado por Vinhos” e veja o vídeo sobre a Cabernet Franc: https://youtu.be/PIlkwNj-0k4.