Maurício Ferreira: apaixonado por vinhos

Gran Enemigo Cabernet Franc, vinho nota 100

Coluna de Mauricio Azevedo Ferreira

Gran Enemigo Cabernet Franc, vinho nota 100

Publicado em: 17 de agosto de 2023 às 00:53

Na semana anterior descobrimos que a Cabernet Franc se destaca em duas regiões francesas, em Chinon, no Vale do Loire, e mais ao sul, em Bordeaux. Na primeira, os vinhos são elaborados somente com esta casta, possuem maior frescor (acidez), notas de frutas vermelhas, são leves e elegantes. Na segunda, a cabernet Franc é mera coadjuvante em um blend, os vinhos são mais estruturados e com mais corpo. Não há melhor! Não há pior! São estilos diferentes.

Deixando o velho mundo, é surpreendente ver o que está acontecendo na Argentina. Embora a Cabernet Franc ocupe menos de 1 % dos vinhedos, ela tem recebido grande destaque em vinhos monovarietais e em blends com Malbec. É lógico que a Malbec é a principal casta tinta do país vizinho. Mas, a expectativa é que aumente a área de produção da Cabernet Franc em razão dos ótimos vinhos que estão sendo elaborados.

Se pudermos comparar, poderíamos dizer que o Cabernet Franc da Argentina tem a intensidade de fruta de Chinon, do Vale do Loire, com uma boa acidez e taninos que lembram os vinhos de Bordeaux, mas com maior maciez, em razão do clima argentino ser um pouco mais quente.

Basta dizer que um vinho monovarietal da Argentina, de Cabernet Franc, ganhou 100 pontos, nota máxima, do todo poderoso crítico de vinhos Robert Parker. Ele é produzido pela Bodega Aleanna, do enólogo Alejandro Vigil e de Adriana Catena. Trata-se do Gran Enemigo - Gualtallary, Single Vineyard Cabernet Franc, Tupungato, safra 2013. Destaco que recentemente este vinho recebeu uma distinção rara. Dois críticos de renome concederam a nota máxima, 100 pontos.  “Fantástico”, “fabuloso”, “delicioso” e “incrível” foram alguns dos adjetivos usados por James Suckling e Robert Parker para descrever a safra de 2019. Quer provar este vinho? Ele é importado com exclusividade pela Mistral e pode ser adquirido pela quantia, nada módica, de R$ 878,85. Já provei a safra 2017. Realmente é muito bom.

Muito antes de a febre da Cabernet Franc começar na Argentina, o Brasil já cultivava  essa casta. Ela foi introduzida no Rio Grande do Sul pela Estação Agronômica de Porto Alegre, por volta de 1900, e se adaptou tão bem que nas décadas de 70 e 80 era a variedade de Vitis vinifera mais plantada. Mas, como os clones que foram cultivados não eram de boa qualidade, ocorreram inúmeros problemas de sanidade das vinhas, o que acarretou a substituição por outras variedades, principalmente a Merlot.

Mas, graças a Deus que novas vinhas de Cabernet Franc foram plantadas e estas já estão produzindo. Obviamente temos pouca quantidade, mas bons rótulos, principalmente vindos do Rio Grande do Sul, onde encontramos vinhos das duas escolas francesas; mais concentrados e com fruta mais madura, no estilo Bordalês;  e num estilo mais frutado, fresco, menos concentrado e com maior acidez, como os produzidos em Chinon,  no Vale do Loire. Esses vinhos mais frescos e com teor de álcool abaixo de 14% do volume são uma tendência mundial, o que colabora para o sucesso do Cabernet Franc no estilo Chinon.

Quero destacar um Cabernet Franc do Sudeste, produzido no sistema de poda invertida, também chamado dupla poda ou colheita de inverno, que já abordamos nesta coluna. O vinho é produzido no interior de São Paulo, em São Roque, pela Vinícola Góes, que é uma das mais tradicionais vinícolas paulistas e ficou famosa pelos seus vinhos de mesa suave, produzidos com uvas americanas. Mas, atualmente, também está produzindo vinhos finos de boa qualidade com Cabernet Franc, como o Philosophia. Ele passa 12 meses em barricas de carvalho francês de primeiro uso e tem 13,3% vol. Degustei a safra 2019. No visual ele tem cor profunda, rubi brilhante. No nariz entrega aroma de intensidade superior à média, com destaque para frutas vermelhas, morangos doces e um toque de pimenta negra e muito carvalho. No paladar apresenta excelente estrutura, acidez também superior à média, com taninos bem marcados, ainda, surgem notas de cassis e ameixa e o final tende a longo.

A mim parece que este Cabernet Franc da Góes, apesar de ser monovarietal, tem um estilo mais estruturado como o de Bordeaux. Ele pode ser consumido agora ou guardado, de maneira que a madeira se integre melhor.  Harmoniza muito bem com queijos maturados, pratos com carne vermelha, costela bovina e cordeiro, massas recheadas com molho vermelho ou molhos complexos. A safra 2020 é encontrada no site do produtor por R$ 184,00.

E você, já experimentou um Cabernet Franc? O que está esperando?


Maurício Ferreira: apaixonado por vinhos

Maurício Ferreira: apaixonado por vinhos

Por Mauricio Azevedo Ferreira, Promotor de Justiça aposentado que transformou uma paixão em atividade, dedicando-se ao ensino sobre vinhos. É responsável pelo conteúdo da página no Facebook, do perfil no Instagram e do canal do YouTube Apaixonado por Vinhos, além de ministrar cursos. É certificado pela WSET — Wine & Spirit Education Trust, nível 3, e FWS — French Wine Schollar.


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