ISO, a taça de vinho que substitui todas

Com frequência se vê nos grupos do Facebook, que têm o vinho como tema central, postagens sobre os modelos de taças adequadas para cada estilo de vinho e, invariavelmente, alguém comenta:  “O vinho é meu e bebo onde bem entender, até em copo de requeijão.” Nunca critiquei este tipo de comentário, pois revela duas verdades.  A primeira: cada um tem o direito de beber seu vinho como preferir. A segunda: quem assim comenta revela que conhece muito pouco sobre vinhos. 

É sabido que certas roupas podem valorizar as linhas do corpo, seja escondendo uma gordurinha ou realçando algumas curvas. O mesmo acontece com as taças. Elas podem realçar os aromas e sabores e dar o destaque necessário para o tanino e a acidez, como também amenizar a sensação causada por vinhos mais alcoólicos. Para isso há uma moderna tecnologia envolvida, não somente na fabricação da taça, mas, principalmente, no seu design. Esta grande preocupação com o formato tem um motivo: proporcionar a melhor experiência possível quanto aos aromas do vinho e suas demais características. Relembro que a percepção do sabor está ligada ao olfato e à taça, pois, ao realçar os aromas do vinho, também realçará o seu sabor.

Realmente existe uma infinidade de modelos, mas podemos simplificar. Há quatro principais, mas há uma taça que substitui satisfatoriamente a todos. A mais vendida é a taça Bordeaux, que recebe o seu nome da região francesa. Ela possui o bojo grande, mas tem a borda mais fechada para evitar a dispersão de aromas, direcionando o vinho para a ponta da língua, permitindo que a textura e os sabores frutados se sobressaiam antes que os taninos atinjam a parte de trás da boca. É indicada para vinhos potentes e tânicos: como os blends de Bordeaux e também para monocastas: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Syrah, Tannat, etc.

A região francesa Borgonha também empresta seu nome a uma taça, cujo bojo é maior do que as bordalesas, o que lhe confere o formato de balão e favorece mais o contato com o ar, permitindo que o buquê se libere mais rapidamente. Esta taça foi desenhada para que o vinho possa ser explorado no nariz. É indicada para Pinot Noir, principal vinho tinto da Borgonha, também para os italianos Barbera barricado, Amarone Della Valpolicella e Barolo.  Todos com acidez expressiva e carga tânica um pouco menor.

Por sua vez, os vinhos brancos pedem uma taça de menor tamanho, pois são consumidos em temperaturas mais baixas. Portanto, um recipiente menor permite acomodar menos vinho, de maneira que ele é consumido antes que esquente. Os vinhos rosés possuem taninos como os tintos, mas os aromas dos brancos. Por esse motivo, a taça costuma ser menor que a dos brancos, mas com bojo maior. Mas se você não quiser comprar uma taça para vinho Branco e outras para Rosé e Tinto, há um quebra-galho.  Basta   utilizar a taça Bordeaux, que é própria para tintos. Ao utilizá-la para degustar Brancos ou Rosés, colocar uma quantidade bem menor e consumir antes que esquente.

Os Espumantes têm a sua degustação otimizada em uma taça flûte, ou flauta, através da qual se pode apreciar a perlage (borbulhas). Ela é fina, alongada e direciona a efervescência e os aromas para o nariz. Para espumantes com maior tempo de maturação é recomendada uma com um leve bojo.

Mas, foi concebida uma taça que substitui todas as demais. Ela foi reconhecida e certificada pela International Standards Organization, por isso chama-se taça ISO, sendo utilizada pelos especialistas, inclusive em concursos, para a análise de qualquer estilo de vinho: Tinto, Branco, Rosé, Espumante, etc. Ela é de cristal. Possui uma abertura mais estreita, com 4,6 cm, em relação ao bojo, que mede 6,5 cm. A altura é de 15 cm, divididos entre 10 cm de corpo e 5 cm de haste e base. A capacidade é de cerca de 220 ml. Meia dúzia sai em torno de R$ 115,00.

Se você quer uma única taça que atenda a todos os vinhos, escolha a taça ISO. Quer uma segunda taça? Compre uma bordalesa não muito grande, para usar com Tintos, Brancos e Rosés.