Maurício Ferreira: apaixonado por vinhos

Mais dicas para beber e gostar de vinho seco

Coluna de Mauricio Azevedo Ferreira

Mais dicas para beber e gostar de vinho seco

Publicado em: 23 de junho de 2023 às 01:38

Na edição anterior foi apresentado que a circunstância do vinho seco dar a sensação de “amarrar a boca” é a justificativa de muitos para não apreciar este estilo de vinho e que a substância chamada tanino é a responsável por esta sensação. Ela está presente com maior intensidade no vinho tinto, menor no rosé e ausente no branco.  Assim, a primeira dica apresentada é: começar pelos brancos, evoluir para os rosés até chegar aos tintos.

A segunda dica trata dos tintos. Cada tipo de uva (casta) tem uma intensidade diferente de tanino. Há uvas com muito tanino e outras com pouco. Assim, deve-se começar pelos vinhos tintos monovarietais, isto é, elaborados com uma única uva. Geralmente o nome vem indicado no rótulo, dando preferência às uvas com baixo teor de tanino. Duas são muito parecidas em aromas e sabores: a Pinot Noir e a Gamay, que podem ser encontradas em dois vinhos da Miolo - o “Miolo Reserva Pinot Noir” e o “Miolo Wild Gamay”. Ambos possuem pouco tanino, são muito agradáveis e de preço acessível. Na sequência, indico três uvas com médio teor de tanino: Garnacha (espanhola), Merlot e Carménère.

Acredito que muitos não gostam de vinho seco em razão de alguma vez terem vivenciado uma péssima experiência, geralmente com Cabernet Sauvignon, que é a uva mais plantada em todo o mundo. O motivo é simples. Esta casta tem muito tanino e, se este não for bem trabalhada, produzirá uma desagradável sensação de aspereza na parte superior frontal da gengiva. Em outras palavras, “amarra a boca”. Outra uva que é muito intensa em tanino é a Tannat. O seu nome vem justamente de tanino. Então, aviso aos iniciantes: cuidado com vinhos de Cabernet Sauvignon e Tannat, pois são os mais intensos em tanino.

A terceira dica é também um alerta. Ao começar a beber vinho seco, cuidado com a temperatura que você vai servir. Os vinhos tintos secos devem ser bebidos na temperatura entre 15 e 18ºC. Se forem bebidos mais quentes, 20, 22ºC, você sentirá um forte cheiro de álcool. Se for degustado mais gelado, 10, 11ºC, o tanino ficará mais intenso e mais áspero na boca. Caso não tenha adega climatizada, é bom saber que, geralmente, a temperatura da geladeira é de 7ºC.  Assim, deixe a garrafa por pouco tempo na porta da geladeira, em torno de 30 minutos. Por outro lado, se a garrafa ficou muito tempo e está em 7ºC, retire-a do refrigerador e deixe-a esquentar naturalmente. Os vinhos de Gamay e a Pinot Noir, justamente por terem menos tanino, podem ser bebidos a 13, 14ºC.

A quarta dica também tem um alerta. Cuidado com o alimento que você escolhe para acompanhar seu vinho. Entenda que um alimento que é colocado na boca interfere no sabor do alimento seguinte e isto também acontece com os vinhos. Por isso, se deve ter um cuidado nas harmonizações.

Um churrasco com carnes de sabor intenso, tipo costela e picanha, são bem acompanhados por vinhos potentes como Cabernet Sauvignon e Tannat - muitos também apreciam o Malbec. O sal presente no churrasco interage positivamente, deixando o tanino mais macio e o vinho mais frutado. Mas, os nossos vinhos mais leves, com baixo tanino, são próprios para carne vermelha magra, como o filé mignon. O mencionado Pinot Noir pode ser combinado até com um frango com quiabo. Cuidado com peixes e frutos do mar, podem não ser a melhor opção. O iodo presente nestes alimentos interage com o tanino e pode gerar um sabor metálico desagradável.

A quinta dica é para você que acha que o seu caso não tem solução, que já até experimentou o Pinot Noir e não gostou. A tábua de salvação, então, antes de entrar nos vinhos tintos secos, é começar pelo meio seco, principalmente os europeus. A maioria deles são classificados como meio seco por ter um pouco mais de 4 gramas de açúcar a mais por litro. Às vezes 5 ou 6 gramas a mais, que já são suficientes para deixar o vinho muito agradável sem criar a percepção de que seja doce. Neste estilo temos vários vinhos da Região de Lisboa. O mais vendido no Brasil é “Quinta dos Bons Ventos”.

Vamos resumir a melhor forma para aprender a gostar de vinho seco.  Comece pelos vinhos brancos, passe pelos rosés até chegar aos tintos. Dê preferência aos tintos com menor intensidade de tanino. Sirva na temperatura correta, evite gelar muito: vinho não é cerveja. Dê preferência a que o tinto seja acompanhado de carne vermelha. Por último, se nenhuma destas dicas ajudar, procure vinhos portugueses meio secos.

Você também encontra o tema ora abordado em vídeo, no meu canal no Youtube, “Apaixonado por Vinhos”, neste link:  https://youtu.be/LYroKJkCg4k


Maurício Ferreira: apaixonado por vinhos

Maurício Ferreira: apaixonado por vinhos

Por Mauricio Azevedo Ferreira, Promotor de Justiça aposentado que transformou uma paixão em atividade, dedicando-se ao ensino sobre vinhos. É responsável pelo conteúdo da página no Facebook, do perfil no Instagram e do canal do YouTube Apaixonado por Vinhos, além de ministrar cursos. É certificado pela WSET — Wine & Spirit Education Trust, nível 3, e FWS — French Wine Schollar.


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