Riesling alemão top

No início da pandemia, ao realizar uma compra de vinhos no site de uma importadora, fui atendido pelo Victor, que passou a me enviar rotineiramente ofertas. Qual não foi a minha surpresa ao saber, recentemente, que ele está empreendendo e iniciou a sua própria loja de e-commerce dedicada a vinhos de qualidade: É a Cave Prime. Ciente de que comecei no meu canal no Youtube, “Apaixonado por Vinhos”, um nova playlist, “Vinho Top”, onde faço a degustação e análise de vinhos na faixa de R$ 100 a R$ 500, ele enviou-me uma garrafa de um Riesling Alemão, produzido pela  Dr. Bürklin-Wolf.

A Alemanha tem 13 regiões vinícolas que produzem vinhos de reconhecida qualidade. Em razão da alta latitude do país, distância do equador, algumas destas regiões estão próximas ao limite extremo onde é possível produzir vinho. Mas, o nosso Riesling foi produzido na região de Pfalz - em português, Palatinado -, que é a segunda maior da Alemanha, uma estreita faixa de 80 km, faz fronteira com França e, por não ficar tanto ao norte, tem o clima um pouco menos frio e, por isso, as uvas alcançaram um maior grau de maturação. Por outro lado, é uma região muito seca e, às vezes, as videiras passam por estresse hídrico, o que obriga às suas raízes a se aprofundarem no solo em busca de água e toda esta dificuldade concorre para a ótima qualidade das uvas.

A vinícola Dr. Bürklin-Wolf tem uma tradição como vinícola familiar desde 1597: são 425 anos. Ela é um dos destaques da cultura vinícola alemã, produzindo bons vinhos de Riesling em harmonia com a natureza e o cosmo, através do processo biodinâmico, e a partir de importantes vinhedos localizados em Deidesheim.

Depois da Segunda Guerra Mundial, talvez por questões econômicas, os produtores alemães fizeram opção pela produção de vinho em grande volume sem se preocuparem com o produto em si. Assim, passaram a produzir vinho adocicado de baixa qualidade, o que prejudicou a imagem dos vinhos alemães. No Brasil chegaram os vinhos da garrafa azul, que hoje sabe-se eram deploráveis do ponto de vista técnico. Mas, em 1991, Bettina Bürklin-von Guradze, herdeira da Bürklin-Wolf, iniciou uma revolução ao mudar o foco para os vinhos secos e estabelecer novas diretrizes de qualidade, classificando os vinhedos à semelhança aos da Borgonha, na França, e criando uma pirâmide de qualidade de seus vinhos.

Passado algum tempo, os melhores produtores da Alemanha, em torno de duzentos, criaram uma associação que estabelece rigorosas regras de qualidade para a produção de vinhos. É a Verband Deutscher Prädikatsweingüter, conhecida pela sigla VDP, em tradução livre, Associação dos Produtores de Vinhos de Qualidade. Assim, os vinhos dos associados que seguem todos os requisitos exigidos podem estampar no rótulo ou na cápsula o respectivo símbolo: uma águia estilizada com um cacho de uvas no peito. Como resultado, tem se conseguido resgatar no mercado mundial o respeito pelo vinho alemão em razão do alto patamar de qualidade alcançado. Voltando à Bettina,ela foi a precursora do sistema de classificação de qualidade  VDP da sua região, o Palatinado.

Este Dr. Bürklin-Wolf Riesling foi fermentado em tanque de inox e, antes de ser engarrafado, maturou em inox e em grandes tonéis de madeira velha. Este tipo de recipiente praticamente não passa características de madeira para o vinho, de maneira a preservar o seu caráter frutado, mas confere uma melhor textura.

No rótulo consta a expressão “Trocken”, que significa seco. Mas, no contrarrótulo, em português, consta que ele é meio seco. Afinal, o nosso vinho é seco ou meio seco?

Na Alemanha? Trocken significa vinho percebido como seco na boca. Mas, a legislação brasileira exige que o vinho para ser classificado como seco tenha, no máximo, 4g de açúcar por litro. Ocorre que, na Europa, principalmente na Alemanha, o vinho pode ter mais de 4g de açúcar por litro e na boca parecer seco, em razão da alta acidez. Em consulta ao site do produtor, achei somente a safra 2022, que serve de exemplo. O vinho tem 8,1 g/l de acidez, que é altíssima, e 6,3 g/l de açúcar residual. Na boca, estas 2,3 g a mais da classificação brasileira para vinho seco não é nada diante da elevada acidez. Lembrando que a acidez é o que dá vida ao vinho e é um dos elementos que mais me encantam no Riesling alemão.

O nosso Riesling apresenta, além de aromas florais, de maçã verde e cítricos, uma nota encontrada nos melhores vinhos desta casta: petrolato. Esta remete a diesel e querosene. Longe de ser desagradável, deixa o vinho mais complexo, no sentido positivo. Tem uma ótima textura na boca e final tendendo a longo.

O preço normal de venda no site da Cave Prime é R$ 245,00. Mas, em razão da promoção “Black November”, está saindo por R$ 183,00. Tendo interesse, chame o Victor no WhatsApp: (11) 94249-6500.

Querendo saber mais detalhes sobre este vinho e a degustação que fiz, veja o meu vídeo no Youtube: https://youtu.be/wK18sBiWY8g