Falando em livros, ainda

O melhor livro que a gente leu não é, necessariamente, a melhor história que nos foi contada. As duas melhores histórias que eu conheço estão em “O diário da morte” e “Eu não sabia que era tão longe”, ambas muito mal escritas por dois anônimos brasileiros do século passado. São histórias inimagináveis, porém, verídicas.

Mas, quando alguém nos pergunta sobre nosso livro preferido, infalivelmente, optamos por um de ficção. A não ser o marreco de Maringá, que prefere biografias, embora não seja capaz de se lembrar de uma única, ou nem da última que tenha lido.

As listas dos melhores livros são feitas para gerar controvérsias, quando não apedrejamentos públicos. De livros, de filmes, de discos, de autores, de vinhos ou de cidades para se conhecer antes de morrer. Esse nicho editorial tem feito tanto sucesso que já se estuda publicar listas de livros, filmes, vinhos e lugares que você não pode deixar de conhecer depois de morrer.

Mas, se eu tivesse que escolher um único título, talvez ficasse com “A metamorfose”. Ou “A guerra conjugal”, “Madame Bovary”, “O reino deste mundo”, *O curioso caso de Benjamin Button”...

Cícero de Pais me pediu um único título e já estou na quinta tentativa, em vão! Isso porque o livro que mais vezes li é “Cem anos de solidão”, que espero reler uma última vez nessa vida. Sem falar em “O cão sem plumas” e “O livro das perguntas”, que são os dois que eu mais invejo não ter escrito, ou lido como ambos merecem ser lidos. Para não dizer de Rubem Braga e todo o Nelson Rodrigues, que são os caras que leio com mais facilidade e prazer. 

Vixi, já gastei minha lauda e nem falei de Borges, Bukowski, Drummond, Graciliano, Rulfo... Melhor não provocar os leitores.