Pascoalino S. Azords

Fechado pra balanço

Coluna de Pascoalino S. Azords

Fechado pra balanço

Publicado em: 09 de janeiro de 2023 às 18:59

Coincidindo com o final infeliz do governo mais cretino da nossa história republicana, chego ao fim da série que (re) publicou nas páginas do Debate as minhas crônicas escolhidas durante esses últimos quatro longos anos.

Do primeiro dos três períodos em que escrevi semanalmente, foram (re) lançadas 53 das 207 crônicas publicadas entre 1998 e 2002. Guardadas numa pasta, elas compõem o que seria o primeiro livro, que tem por título “O que vocês chamam de silêncio”. Marcos Pachi, meu amigo há mais de cinquenta anos, escreveu o prefácio; e Narciso Calegari, um irmão de quase quatro décadas, ficou de fazer a capa inspirada no cartaz de “Amarcord de Fellini”, como pedi. O nome do livro remete a uma frase dita em outro filme, “O enigma de Kaspar Hauser”, de Werner Herzog: “Esses gritos assustadores ao nosso redor são o que vocês chamam de silêncio?”, pergunta o jovem Kaspar às pessoas que o criavam como um bicho de estimação, numa provinciana Nuremberg, duzentos anos atrás.

Do segundo período, escolhi 51 crônicas das 100 publicadas entre 2008 e 2011. Elas estão numa outra pasta e já foram também prefaciadas pelo Pachi. O nome deste improvável livro número 2 vem de uma das crônicas escolhidas: “A verdade é chata como a matemática”. Como se vê, há mais de onze anos este cronista já observava que o brasileiro gosta mesmo é de uma mentira deslavada. Da mesma forma que em 2019 constatava que o brasileiro gosta mesmo é de ler Adolf Hitler, para com ele aprender que “temos que ser cruéis”.

Do terceiro e último período, escolhi 90 das 191 crônicas publicadas entre 2015 e 2019. Pachi já prometeu o prefácio, e logo explico a exclusividade que lhe dei para prefaciar. Além de escrever a partir de um olhar poético, atento, e por demais fundamentado, Pachi pode, assim, fazer um paralelo (se é que existe um) entre os três momentos distintos da minha vida em que escrevi 500 crônicas para o Debate publicar aos domingos. Este livro de número 3 se chama “A lista dos demônios de Bergman”, título de uma das crônicas, que encontrei numa cena do último documentário feito sobre o gênio sueco, um ano antes da sua morte.

Fechando esse breve balanço, uma palavra para o leitor que me cobra o livro físico, de papel: Não está nos meus planos. “Não tenho mais cobiça, nem enxergo bem”, como disse por mim o nosso maior compositor popular. Ademais, o leitor de “Mein Kampf”, para quem hoje está dirigido o mercado editorial, não iria achar graça nenhuma, tampouco encontrar as lições de crueldade que vai buscar nas palavras do ser humano mais abominável que habitou este planeta no século XX. 


Pascoalino S. Azords

Pascoalino S. Azords

Cronista, mantém coluna no DEBATE desde 1977


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