Pascoalino S. Azords

Quem não é o melhor tem que ser o pior

Coluna de Pascoalino S. Azords

Quem não é o melhor tem que ser o pior

Publicado em: 29 de outubro de 2022 às 20:01

Todas as noites, antes de rezar para dormir, Ronaldo Caiado deve se penitenciar ao pé da cama: “Ah! se eu soubesse que o segredo do sucesso é dizer aquelas coisas todas com todas as letras!”. O sucesso, no caso, seria aboletar-se na cadeira de presidente da república; porque, no senado, já não tem graça – até um major Olímpio tem assento!

Em 1989 Caiado foi candidato a presidente do Brasil. Não lhe faltou grana para tocar a campanha, mas faltou coragem ou orientação de marqueteiro para falar aquelas coisas todas que ele já devia arrotar entre quatro paredes, ou entre certos amigos, desde o 1º ano do grupo. O máximo que Caiado conseguia dizer na década de 1980 é que “uma rês desgarrada do rebanho é presa fácil de onça”. Era um sutil recado aos latifundiários, aos donos do Brasil, para eles se unirem contra essa imundícia comunista, pintada ou parda, que vagabundeia pelo cerrado. Se no futuro aquela semente de ódio plantada no seio da UDR garantiria fortunas para as suas campanhas, na eleição de 1989 rendeu apenas 0,5% (meio por cento dos votos válidos). Ronaldo Caiado foi o décimo colocado na disputa daquele ano.

O erro primário de Caiado foi jogar gasolina num conflito que resultou no massacre de apenas 19 trabalhadores sem-terra em Eldorado dos Carajás. Tivesse dito, por exemplo, que o pecado dos governos militares (1964-1985) foi não ter matado pelo menos uns 30.000, inclusive o então professor Fernando Henrique Cardoso, Caiado certamente teria mais votos. Se dissesse que, “tudo bem, alguns inocentes morreriam no computo”, talvez passasse até para o segundo turno.

Rogério Sganzerla além de alguns filmes originais nos deixou frases não menos interessantes. A minha preferida é “quem não é o melhor, tem que ser o pior”. Somente por essas duas vias alguém pode alcançar o verdadeiro sucesso. O segundo colocado, o vice-campeão, o candidato ao legislativo que é diplomado mas não tem assento na câmara... toda essa gente não foi 100% bem ou mal no seu intento. O resultado da eleição presidencial de 2018 é a sublimação dessa máxima de Sganzerla. E a penitência de Caiado deve vir justamente dai: em 1989 ele já pensava uma série de monstruosidades capazes de levá-lo à presidência, só não teve coragem de dizer – de preferência se estivessem gravando para sair na grande imprensa e nas redes sociais.

Mas, depois da sova que levou em 1989, Caiado deve ter visto “O bandido da luz vermelha”, ou lido sobre o seu autor. Precisa aprender mais um pouco para “chegar lá”, mas já progrediu muito! Senão veja: nessa terça-feira ele toma posse como governador de Goiás! A ralé pode até tentar minimizar a vitória de Caiado dizendo que em Goiás tem mais boi do que eleitor. Mas seus simpatizantes de plantão advertirão que Caiado ganhou a eleição desse ano de forma inquestionável e no primeiro turno. A mil quilômetros de Goiânia eu me pergunto: imagina se boi também votasse?  

 

* Publicada em 30/12/2018 e republicada em 30/10/2022


Pascoalino S. Azords

Pascoalino S. Azords

Cronista, mantém coluna no DEBATE desde 1977


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