Comício na praça central no dia 6 de outubro de 1963: o povo tomou conta da praça e do palanque e a certeza da vitória tomou conta dos “vermelhos”. Na foto, Carlos estava prestes a iniciar o discurso, ao lado de Leônidas Camarinha, José Eduardo Catalano, José Carlos Alvim, Fioravante Romano, José Tenório, Idarilho Gonçalves do Nascimento, Clodo Lorenzetti e outros
Publicado em: 29 de setembro de 2023 às 00:14
Atualizado em: 30 de setembro de 2023 às 02:32
Miguel Moyses Abeche Neto
Sérgio Fleury Moraes
Da Reportagem Local
Eram exatamente 15h15 do dia 15 de outubro de 1963, quando a Rádio Difusora Santa Cruz entrou com a música que anunciava a marcha das apurações. Imediatamente o locutor José Eduardo Catalano anunciou: “Atenção Santa Cruz do Rio Pardo! Santa Cruz tem um novo prefeito! É Carlos Queiroz”. Terminava as apurações de uma das campanhas mais acirradas da história da cidade.
Foi a eleição dos jovens. Carlos tinha 36 anos, a mesma idade do vice José Carlos Camarinha. O mundo havia se tornado jovem, o Brasil era governado pelo gaúcho João Goulart, conhecido também por “Jango”, na época o presidente mais jovem da história do Brasil — tinha 42 anos quando assumiu o cargo. Os Estados Unidos também era governado pelo presidente mais jovem de sua história, John Kennedy, eleito em novembro de 1960 aos 43 anos. Carlos Queiroz permaneceu durante décadas sendo o prefeito mais jovem da história de Santa Cruz do Rio Pardo.
Carlos não era o candidato natural do grupo do seu sogro, o deputado Leônidas Camarinha, abrigado no PSD e no PSP em 1963. O preferido de Camarinha — que os amigos chamavam de “Lulu” e os adversários de “Borboleta”, em alusão ao modelo de gravata preferido — era o médico Samuel Martins Figueira. “Doutor” Samuel era ademarista e próximo ao deputado dos vermelhos.
Convidado, o “médico dos pobres” não aceitou disputar a prefeitura, mas garantiu que apoiaria o nome referendado por Lulu Camarinha e seu grupo. Se comprometeu, ainda, a ser candidato a vereador e voltar a ter uma cadeira na Câmara Municipal, uma vez que a ocupou entre 1947 e 1950.
No outro grupo político da cidade as coisas já estavam definidas. O vice-prefeito José Osiris Piedade, era o líder maior da UDN e herdeiro natural de Omar Ferreira — candidato por duas vezes a prefeito e por duas vezes derrotado por Lúcio Casanova Neto. Enfim, seria o candidato natural dos “azuis”.
Omar, desgostoso com a segunda derrota, se mudou para São Paulo e deixou um imenso e fiel eleitorado órfão, que adotou José Osiris Piedade como seu herdeiro político.
Em 1958, aliás, José Osiris — o “Biju” — quase foi eleito deputado estadual, obtendo 5.228 votos, sendo 2.746 somente em Santa Cruz do Rio Pardo. A votação rendeu a ele a sexta suplência da UDN na Assembleia Legislativa.
Essas eleições de 1958 foram as últimas que Camarinha e Lúcio estiveram juntos. Mesmo assim, apenas em parte. O fato é que Lúcio, então prefeito, apoiou Leônidas para deputado estadual e Carvalho Pinto para governador, enquanto o deputado Camarinha deu apoio total ao candidato Adhemar de Barros.
Nas apurações realizadas no prédio do antigo IELAV (atual escola “Leônidas do Amaral Vieira”), e que deram a vitória em Santa Cruz para Ademar com 3.967 votos contra 3.649 dados a Carvalho Pinto, enquanto Auro de Moura Andrade ficou com 527 votos, uma violenta discussão entre Lúcio e um companheiro de Camarinha, na presença do deputado, levou ao rompimento entre os dois caciques do PSD.
Leônidas Camarinha havia obtido 4.810 votos, uma votação consagradora em Santa Cruz, só superada nas eleições de 1978 por Joaquim Severino Martins na tentativa de se eleger deputado estadual. A votação de “Lulu” em Santa Cruz do Rio Pardo conseguiu a proeza de ter quase mil votos a mais que o candidato vitorioso na cidade nas eleições majoritárias para governador. No estado, Leônidas Camarinha teve 9.996 votos.
Só para registrar, com o rompimento de Lúcio e Camarinha em 1959, a UDN perdeu a grande chance de eleger um prefeito “para chamar de seu”, um udenista “raiz”. Com a cisão no grupo do grande “cacique” de Santa Cruz, certamente ocorreria divisão de votos e um candidato próprio da UDN tinha grandes chances de vitória.
Mas Lúcio se aliou à UDN e impôs um nome de sua inteira confiança nas eleições de 1959. E foi um passeio. Onofre venceu fácil e José Osiris Piedade também foi eleito vice-prefeito, com uma larga margem de votos. Até 1963, aliás, votava-se direto para vice-prefeito, separadamente do candidato a prefeito.
Em 1962, Lucio e Camarinha, pela primeira vez, travaram uma disputa direta, com os dois concorrendo a uma cadeira de deputado estadual. José Osiris Piedade, o “Biju”, foi convocado pela UDN paulista a também tentar uma vaga na Assembleia Legislativa. Foi uma eleição dramática, quando Lucio dependia do mandato para viver em liberdade, já que havia um mandado de prisão contra ele (seria absolvido do processo anos mais tarde).
Quase toda UDN abandonou seu candidato para votar em Lúcio. Mantiveram-se fiéis a Biju principalmente Alziro Souza Santos e seu sobrinho Fernando Santos, que asseguraram a lealdade e trabalharam pela candidatura do José Osiris até às 17h do dia 7 de outubro de 1962.
Lúcio terminou a eleição como primeiro suplente, mas, com a cassação da candidatura de um dos deputados eleitos pela coligação janista, Lúcio assumiu o mandato logo no dia da posse da nova legislatura, em março de 1963.
Camarinha obteve mais votos do que Lúcio no Estado, mas o coeficiente eleitoral da coligação PSP-PSD deu-lhe apenas a quinta suplência. Porém, logo “Lulu” retornaria à Assembleia Legislativa, uma vez que Ademar, eleito governador em 1962, nomeou vários deputados como secretários de seu governo e possibilitou a volta de Camarinha.
A campanha de Biju a deputado estadual foi um desastre. Abandonado pela UDN local com exceção aos seus leais companheiros, e por não querer prejudicar Lúcio Casanova, que lutava pela sua liberdade, o udenista recebeu uma votação baixa em Santa Cruz e em todo o estado.
O grande articulador, financiador e cabo eleitoral da campanha de Lúcio Casanova Neto em 1962 foi o então prefeito Onofre Rosa de Oliveira.
Assim, no início dos anos 1960 o poder político de Santa Cruz tinha residência em um pequeno quadrilátero não superior a 200 metros. Lúcio vivia e tinha a farmácia “Santa Lucia” a apenas uma casa de Leônidas Camarinha. José Carlos Camarinha morava a 50 metros dos dois deputados, e menos dessa distância de Samuel Martins Figueira, que era vizinho de Carlos Queiroz e de Cyro Camarinha. Este, por sinal, morava em frente à casa do vereador Derly Ribeiro. A 50 metros da residência de Carlos, morava José Osiris Piedade.
Carlos, Biju, Samuel, Ciro e Derly eram vizinhos na avenida Tiradentes. E vizinho deles todos, só que em rua paralela à avenida Tiradentes, morava Fernando José Santos. Fora desse pequeno quadrilátero, na área central de Santa Cruz do Rio Pardo, moravam três outros importantes personagens daqueles anos atribulados e apaixonados da política: Onofre Rosa de Oliveira, Anízio Zacura e Idarilho Gonçalves do Nascimento — que mandou na política de Espírito Santo do Turvo, então distrito de Santa Cruz, enquanto esteve participando da vida pública.
O acordo de 1959 entre a UDN e o grupo de Lúcio e Onofre foi cumprido. Em 1963, a UDN foi com Biju para prefeito e o PDC de Onofre indicou Anízio Zacura para vice. Estava “tudo azul” entre a UDN e o grupo de Lúcio e Onofre.
Já pelas bandas dos “vermelhos” reinava o desânimo, após o médico Samuel Figueira recusar o convite para ser o candidato do PSP-PSD e, por consequência, o nome preferido do governador de São Paulo à prefeitura de Santa Cruz.
Sim, o cenário havia mudado. Ademar de Barros venceu as eleições de 1962 para governador e quem dava as cartas agora era o deputado Leônidas Camarinha e o presidente do PSP ademarista local, o ex-prefeito Cyro de Mello Camarinha. Eram eles quem indicavam os detentores de cargos estaduais em Santa Cruz do Rio Pardo. Eram poucos cargos, é verdade, mas era o grupo dos “vermelhos” quem distribuía as cartas.
Jânio ainda renunciaria ao cargo de presidente e o sucessor era João Goulart, que, aliás, recebeu o apoio total de Leônidas e seus companheiros nas eleições para vice-presidente em 1960.
Foi neste clima de reviravolta que chegou o ano eleitoral de 1963. Após a discussão de vários nomes no grupo de Leônidas Camarinha, surgiu o do comerciante Carlos Queiroz. Dono das lojas “Santa Cruz Elétrica” e da Dinalux (vendida a Lilo Abeche logo após a sua eleição), além de ser sócio da rádio Difusora por ele comandada.
Carlos havia angariado a simpatia da classe média santa-cruzense, após uma magnífica gestão no Clube dos XX, com a criação do “Programa Rádio Clube Mirim” para as crianças e ainda cedido o salão para o “Programa do Estudante” nas noites de sextas-feiras. As atrações conquistaram os corações e as mentes das crianças, dos jovens e, claro, dos pais.
Carlos convivia com um grupo intelectualizado e moderno, do qual participam nomes como Teófilo Queiroz, Paulo Suzuki, Noêmia Aloe e outros. E foi de Noêmia e Dinah Camarinha Queiroz (esposa de Carlos e filha de Leônidas Camarinha) a ideia de criar o “Natal da Criança Pobre”.
O sucesso enorme dessas iniciativas tornou Carlos Queiroz um nome querido e respeitado por Santa Cruz e provavelmente o único capaz de colocar os chamados “vermelhos” no tabuleiro do jogo do poder.
E assim surgiu a candidatura de Carlos Queiroz a prefeito e José Carlos Camarinha a vice-prefeito. Importante ressaltar novamente que a eleição para vice era desvinculada da eleição para prefeito. Dessa maneira, poderia acontecer de ser eleito um vice adversário do prefeito. Foi assim em 1960, quando Jânio Quadros foi eleito presidente da República, mas o vice foi um adversário: João Goulart.
Na verdade, Carlos impôs o nome de José Carlos Camarinha como candidato a vice-prefeito.
Apesar da ligação próxima com o deputado Leônidas Camarinha, os dois fizeram uma campanha sem a presença ostensiva do deputado e líder do grupo dos “vermelhos”.
A campanha foi lançada no prédio do antigo “Soarema Clube”, palco de tantos carnavais antes das construções das modernas sedes do Clube dos XX e do Icaiçara. Com o Soarema completamente lotado, deu-se início a uma das campanhas eleitorais mais fascinantes e disputadas de toda a região.
No discurso de lançamento de sua candidatura, Carlos falou de seus compromissos com a modernização da administração pública, com a qualidade do ensino municipal, e ainda fez um breve relato de seu plano de governo. No final, lançou um “slogan” que marcaria as cores por um longo tempo na política da cidade: “Essa gente acha que tem o sangue azul. Mas nós temos o sangue vermelho, nós somos o povo e a história de Santa Cruz está marcada com o trabalho e o sangue vermelho de todos que aqui vivem e para cá vieram. Somos uma gente só, um povo só, com exceção daqueles de sangue azul, que não gostam e não se misturam com nossos patrícios”.
O Soarema quase veio abaixo. A euforia tomou conta daquela gente que saiu do prédio disposta a trabalhar pela vitória da dupla Carlos e José Carlos.
Queiroz também colocou as mulheres para percorrer as ruas e casas da cidade, ensinando os eleitores a votar, explicando e pedindo votos para os dois jovens que disputavam uma eleição pela primeira vez.
Esse início de campanha despertou a simpatia de parte da cidade que não tinha propriamente um lado político, mas que era considerada o “pêndulo” que costuma decidir eleições.
Biju e Anízio foram lançados ancorados por Lúcio Casanova Neto e Onofre Rosa de Oliveira, que se afastou da prefeitura para ser a candidato a vereador e participar ativamente da campanha. Os “azuis” acreditavam que seria outra vitória com uma margem folgada sobre os “vermelhos”.
Ao longo da campanha, porém, foram percebendo a força dos candidatos oposicionistas. A juventude, a garra, a vontade de vencer e a empatia com a população pobre estavam fazendo a diferença.
Mesmo assim, a certeza da vitória entre os “azuis” era tão grande que o jornal “O Regional”, ligado a Lúcio e Onofre, publicou em sua primeira página, em letras garrafais: “Aposta-se em Biju e Anízio um milhão de cruzeiros — tratar na redação”. Nesse período esteve em Santa Cruz, participando de um comício de Biju e Anízio, o deputado federal da Guanabara Amaral Neto. Ele veio lançar a candidatura de Carlos Lacerda à presidência da República para 1965, a eleição que não houve por causa do golpe militar que implantou uma ditadura no Brasil a partir de 1964.
Toda noite, ao retornar dos comícios na zona rural ou nos distritos, os “azuis” entravam em carreata pela cidade, fazendo um enorme “buzinaço”, com os caminhões de transporte de gado e suas buzinas estridentes anunciado o retorno da caravana que, segundo acreditavam, seria a vitoriosa nas eleições de 1963.
Esta enorme participação de veículos ensejou uma resposta do candidato a vereador Henrique Vieira de Almeida, em um comício no bairro de São José: “Carro não vota, boi não vota, caminhão não vota. Quem vota é gente, e a gente de Santa Cruz vai eleger no dia 13 Carlos para prefeito e José Carlos para vice”.
Fernando Santos fazia discursos fortes e contundentes. No entanto, caiu numa armadilha montada por Ângelo Aloe. É que numa conversa entre os dois, Ângelo disse que o Antônio Ribeiro Filho, o popular “Bulota”, teria mais votos do que ele. Fernando se irritou e respondeu que, se Bulota fizesse mais votos, ele rasgaria o seu diploma de advogado. A conversa rapidamente se alastrou pela cidade.
Em questão de minutos, a “rádio Peão Vermelha”, como era batizado o horário eleitoral da oposição, se incumbiu do trabalho. E um grupo de companheiros de Carlos criou uma rede de apoio a Bulota. Arrumaram até um jipe conversível com motorista e colocaram um imenso cigarro de palha no veículo. Era o símbolo de Bulota, que só fumava esse tipo de cigarro. Por fim, mandaram confeccionar milhares de santinhos com dizeres: “Bulota, o tostão contra o milhão”. Os principais financiadores dessa campanha foram Ângelo Aloe e Butignolli.
Pela primeira vez naquela eleição de 1963, o horário eleitoral gratuito foi disponibilizado em todo o país. Sebastião de Oliveira, ou “Tião da Vina”, apresentava o horário de Biju e Anízio e seus candidatos a vereador. Terminava sempre com o slogan: “Tá tudo azul, tá tudo com Biju”.
O programa dos candidatos Carlos e José Carlos era comandado por Benedito Camarinha Machado. E terminava sempre com a marchinha: “Eu vou fazer um X no quadrinho ao lado de Carlos Queiroz”.
Nos comícios de Carlos Queiróz sempre se apresentavam duplas caipiras anunciadas por Nhô Pinga, que tinha um programa de música caipira na Rádio Difusora com uma grande audiência. Ele havia criado vários bordões que marcaram aqueles anos. Os aniversariantes do dia, por exemplo, eram saudados com: “Está colhendo mais uma abóbora na horta da vida”, citando em seguida o nome da pessoa.
Mas o que ficou mais famoso foi o que mandava o técnico de som colocar qualquer música: “Prega fogo, Madalena”. Assim, Nhô Pinga foi muito importante para a vitória de Carlos e José Carlos. Outra figura fundamental nessa eleição foi Frei Antônio Sonego, que apoiou a dupla e visitou a zona rural com os candidatos da oposição.
Carlos caprichou no encerramento da campanha em 10 de outubro. Trouxe o artista e cineasta Mazzaropi para o grande comício realizado no largo São Benedito. Era um mar de gente. No mesmo horário, na antiga Praça da República (atual Leônidas Camarinha), José Osiris Piedade e Anízio Zacura encerraram suas campanhas também com um imenso público.
O dia 13 de outubro foi de intenso calor. Os chapéus vermelhos tomaram conta da cidade. Desde a madrugada, a movimentação dos carros levando os eleitores às suas seções eleitorais foram intensas. Nos distritos de Sodrélia, Espírito Santo do Turvo, Caporanga e Clarínia, onde havia seções eleitorais instaladas, o movimento foi grande.
Às 17h a votação foi encerrada e as urnas, lacradas, foram conduzidas para o salão do Segundo Grupo Escolar, onde se processaria a apuração dos votos. Um grupo de eleitores de Carlos e José Carlos se abraçava e comemorava a perspectiva de vitória.
As apurações iniciaram as 8h do dia 14 de outubro.
Vitória nos distritos deu a
prefeitura a Carlos Queiroz
Na época, havia uma cerimônia no início da contagem dos votos. O juiz eleitoral abria a primeira cédula e anunciava o voto. E o primeiro foi para Carlos Queiroz para prefeito, voto em branco para vice-prefeito e para Benjamim Meneghim para vereador.
As primeiras seções apuradas deram uma dianteira para Biju e Anízio. A cidade parou, estava toda voltada para as apurações. Quando a Difusora tocava a marcha que anunciava as apurações, todos corriam para perto do rádio para ouvir os novos resultados.
No final do primeiro dia de apuração, os trabalhos da junta apuradora foram suspensos às 20h. Segundo divulgou depois a “Folha de S. Paulo”, era este o resultado: José Osiris Piedade tinha uma vantagem, com 2.592 votos, enquanto Carlos Queiroz seguia com 2.228.
Na terça-feira, 17de outubro, a maré começou a mudar. Terminada as apurações das urnas da cidade, a diferença ainda era favorável a Biju, mas havia diminuído.
Apuradas suas duas seções, Caporanga respondeu à força e trabalho de Bernardino Gonçalves Trindade, o “Dininho”, registrando uma diferença de 15 votos em favor de Carlos. Na única urna de Clarínia, Biju venceu por 13 votos.
Ao iniciar a contagem das duas urnas instaladas no então distrito de Espírito Santo do Turvo, a diferença a favor de Biju era de 202 votos. Mas a liderança e a força eleitoral de Idarilho Gonçalves do Nascimento deram a Carlos uma vitória esmagadora, com 223 votos de diferença. Agora, era o candidato dos “vermelhos” que tinha uma dianteira de 21 votos. Sodrélia ia decidir.
Entre os distritos, Sodrélia era o maior colégio eleitoral, com três urnas instaladas. Com o apoio de José Renófio, o candidato dos “vermelhos” venceu em Sodrélia por 96 votos.
Estavam encerradas as apurações para prefeito. Carlos venceu por 117 votos. Quando a rádio Difusora anunciou a vitória de Carlos Queiroz, iniciou-se uma festa imensa por toda a cidade.
Entretanto, continuava um grande suspense sobre os resultados para vice-prefeito. Antes da contagem dos votos de Sodrélia, Anízio Zacura mantinha uma vantagem de 47 votos sobre José Carlos Camarinha. O distrito, aliás, não faltou com José Carlos, que venceu por 93 votos.
Eleição do vice teve uma
diferença de apenas 46 votos
Assim, José Carlos Camarinha derrotou Anízio Zacura por apenas 46 votos. Foi a eleição mais difícil da história eleitoral de Santa Cruz do Rio Pardo. Com o anúncio pelos microfones da rádio do resultado final para vice-prefeito, a onda “vermelha” cantou, dançou e comemorou a volta ao poder.
No carnaval de 1963, a manchinha mais tocada no Clube dos XX foi a marcha do galinho, que comemorava a derrota da “vassoura” (Jânio Quadros) e do “pintinho” (José Bonifácio Coutinho Nogueira, candidato do governador Carvalho Pinto que usava um pintinho amarelo como símbolo de sua campanha ao governo em 1958). Dizia a manchinha tocada pela fabulosa orquestra de Sérgio Ribeiro: “Lá se foi a vassoura/ do pintinho nem falo/ diz o velho ditado/ quem manda no terreiro é o galo”.
O galo era Ademar de Barros. A “vermelhada” havia voltado ao poder estadual, federal e agora municipal.
Foi uma eleição espetacular, com ótimos candidatos, tanto a prefeito como a vice. Ganharam os novos, mas se perdessem a cidade também estaria em boas mãos. Dessa vez, deu “vermelho 117” e “borboleta na cabeça”.
Algumas curiosidades que
marcaram as eleições de 1963
Se a prática existe até hoje, até a década de 1970 era comum apostar grandes somas em dinheiro num ou outro candidato. Em 1963, as apostas para vereador mais frequentes eram pela batalha entre as candidaturas de Antônio Ribeiro Filho (“Bulota”) e o fazendeiro e advogado Fernando Santos. Bulota obteve 526 votos, contra 304 de Fernando Santos. Os dois foram eleitos.
Uma outra disputa que envolveu várias apostas foi entre Nivaldo Souza e Henrique Vieira de Almeida. Venceu o professor Vieira de Almeida, com 415 voto, contra 414 de Nivaldo. Uma incrível diferença de apenas um voto. Os dois se elegeram.
Naquela eleição disputadíssima, os “azuis” elegeram oito vereadores e os “vermelhos”, sete. O curioso é que, dos oito parlamentares eleitos pela UDN-PDS, em um curto período quatro deles renunciaram ao mandato porque se mudaram de Santa Cruz do Rio Pardo.
Aécio Maitan se mudou para Dourados, que na época ainda pertencia ao Estado do Mato Grosso. Onofre Rosa foi para São Paulo, Fernando Santos para Campinas e Nivaldo Souza para Goioerê, no Paraná.
Previsão do tempo para: Quinta
Durante a primeira metade do dia Períodos nublados com aguaceiros e tempestades com tendência na segunda metade do dia para Períodos nublados com chuva fraca
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