CULTURA

Professora que nasceu no casarão do chefe tem saudades do trem

Aparecida Bertoldi é filha de Ernesto Bertoldi, que dá nome ao museu municipal e foi um dos primeiros chefes da estação ferroviária de S. Cruz

Professora que nasceu no casarão do chefe tem saudades do trem

Aparecida mostra foto emoldurada do pai com trabalhadores da ferrovia, que vai doar ao museu

Publicado em: 04 de outubro de 2023 às 18:58
Atualizado em: 06 de outubro de 2023 às 15:37

Sérgio Fleury Moraes

 

A história da ferrovia em Santa Cruz do Rio Pardo está impregnada na família Bertoldi. O patriarca Ernesto Bertoldi foi um dos primeiros chefes da estação da Estrada de Ferro Sorocabana, cujo ramal do município foi inaugurado em 1908. Dois filhos do antigo chefe — Antônio Bertoldi, o “Andó”, e Alcino Bertoldi — também trabalharam na ferrovia. Alcino, por sinal, foi diretor da Fepasa em Itapetininga, além de diretor do jornal “Tribuna Popular” daquela cidade.

Hoje aos 87 anos, aposentada e viúva de Celso Souza, Aparecida Maria Bertoldi de Souza disse que tem muita saudade dos tempos da ferrovia. E não é para menos. Aparecida nasceu no antigo casarão do chefe da estação, onde a família morava. A residência era cedida pela ferrovia ao detentor do cargo.

 

Ernesto Bertoldi é o quarto sentado, da esquerda para a direita

 

“Eu não tenho muitas lembranças daquele casarão, mas minha mãe me contava que fui feliz, pois era uma casa muito grande e com enorme terreno para brincar”, lembra.

“Cida” foi a única dos cinco filhos do casal Ernesto e Isabel Monteiro de Barros Bertoldi que nasceu no casarão histórico. Depois, a família veio para a cidade e o chefe da estação morou na casa em frente aos Correios, na atual praça Leônidas Camarinha. Era, ainda, um imóvel antigo, antes de o ex-prefeito Paulo Gilberto Machado Ramos construir uma moderna casa nos anos 1960.

“Na nossa casa, tinha uma placa avisando que ali era a agência da Sorocabana”, conta Aparecida. A família guardou várias fotos do casarão e vê com tristeza a iminente demolição do prédio, hoje em ruínas.

Entre as fotografias do passado, Aparecida guarda uma da velha locomotiva na zona rural de Santa Cruz, a caminho de Sodrélia, imagens de quando era criança, e um enorme quadro do pai Ernesto com os funcionários da Estrada de Ferro Sorocabana. “Este eu vou doar para o museu”, declarou.

 

Outra foto que Aparecida colocou num quadro é da velha locomotiva

 

A professora lembra que estudou em São Paulo, onde concluiu Educação Física e o Magistério. Como filha do chefe da estação, Aparecida tinha direito ao “passe livre” na ferrovia. “Eu viajei muito de trem. Tenho muitas saudades da locomotiva Maria Fumaça”, conta. Depois de formada, lecionou décadas na escola “Leônidas do Amaral Vieira”.

“Maria Fumaça”, na verdade, era um apelido pejorativo que as grandes montadoras de caminhões tentaram impor na antiga locomotiva a vapor. No entanto, o nome virou símbolo de glamour daquela época.

A composição de passageiros era confortável, mas Aparecida lembra que não era permitido colocar braços ou a cabeça para fora da janela. O problema era a fagulha do carvão expelido pela locomotiva a vapor. “Aquilo queimava nossas roupas e até o rosto”, conta.

Ela disse que em 1966, quando o ramal ferroviário de Santa Cruz a Bernardino de Campos foi extinto, as autoridades da cidade não se empenharam tanto para sua manutenção. “Meu irmão Alcino estava no auge como diretor da Sorocabana e chegou a telefonar para o prefeito Carlos Queiroz, implorando para que ele lutasse pelo ramal. Mas não teve jeito”, afirmou. 

 

* Colaborou Toko Degaspari

 

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