Multidão acompanha o sepultamento dos dez torcedores da Esportiva Santacruzense, no cemitério de Santa Cruz, em agosto de 1963
Publicado em: 11 de agosto de 2023 às 00:10
Atualizado em: 11 de agosto de 2023 às 00:24
Sérgio Fleury Moraes
Um dia que era para ser de intensa alegria, quando o time da Esportiva Santacruzense estava a passos da conquista do campeonato da Segunda Divisão, se transformou numa das maiores tragédias da história de Santa Cruz do Rio Pardo. No dia 15 de agosto de 1963, uma quinta-feira, a kombi que transportava dez torcedores para assistir ao jogo entre Esportiva e Cerâmica, em São Caetano do Sul, bateu de frente num caminhão FNM. Ninguém sobreviveu.
O acidente aconteceu no quilômetro 191 da rodovia Raposo Tavares, horas antes do jogo na cidade da Grande São Paulo. Numa época em que não havia internet e nem celular, a notícia chegou a Santa Cruz com um relativo atraso. Em São Caetano, assim que foram informados da tragédia, os dirigentes da Esportiva resolveram não contarem aos jogadores até o final da partida.
A equipe da rádio Difusora, que transmitia o jogo numa cabine do estádio de São Caetano do Sul, comandada pelo radialista José Eduardo Catalano, também nada noticiou. Mal sabiam os radialistas que a emissora havia sido tirada do ar em Santa Cruz do Rio Pardo, passando a veicular músicas fúnebres em sinal de respeito às famílias.
Para o penúltimo jogo da Esportiva no campeonato da Segunda Divisão, vários torcedores se mobilizaram para acompanhar o time em São Caetano do Sul. Muitos viajaram com carros próprios, como o ex-vereador José Carlos Camarinha. Uma das caravanas foi organizada para seguir em uma perua Kombi de João Simão Ávila.
Havia um clima de euforia entre os torcedores. Há muitas histórias que foram conhecidas após a tragédia, de pessoas que deixaram de viajar na última hora. É o caso de José Manzo, bancário do Banco Inco, que horas antes fora convocado pela instituição para um trabalho urgente. José, então, cedeu o lugar ao irmão Adalberto Manzo.
O padeiro Alziro Cândido de Oliveira também desistiu da viagem devido ao trabalho na empresa e também porque teve um mal pressentimento. No final da madrugada daquela fatídica quinta-feira, o amigo Adelmo Morandim ainda bateu à porta da padaria para tentar convencer Alziro a viajar. O primeiro “santinho” impresso com a relação dos mortos, chegou a constar o nome de Alziro.
Outro que escapou foi José Lorenzetti, que estava no ponto aguardando a perua Kombi, quando foi abordado pelo amigo Luiz Andrade, pedindo que lhe cedesse o lugar. Luiz alegou que o pai e o irmão estavam na caravana e, por isso, ele também queria viajar. Lorenzetti concordou.
A viagem seguiu pela rodovia Raposo Tavares porque a “Castello Branco” – na época chamada de “Rodovia do Oeste” – ainda estava em construção. A Kombi ainda fez uma parada num posto da região de Angatuba. Minutos depois, foi surpreendida por um caminhão FNM de dez toneladas fazendo ultrapassagens na contramão e em alta velocidade.
A batida foi frontal. O cenário era terrível, com pedaços de corpos espalhados pela pista. O motorista do caminhão fugiu do local – segundo consta, ele morreria alguns anos depois em novo acidente, desta vez como motorista de um ônibus.
Os torcedores morreram na hora. São eles José Biondo, João Simão Ávila, Adelson Morandim, Sergio Sartorato, José Cardoso, Otorimo Sartorato, Luiz Andrade, Adalberto Manzo, Antonio Benedito de Andrade e José Carlos de Andrade. O enterro dos santa-cruzenses foi um dos maiores da história de Santa Cruz. No cemitério, foi construído um monumento em memória dos torcedores, que foram sepultados um ao lado do outro.
O então prefeito Onofre Rosa de Oliveira decretou luto oficial pela tragédia. Naquela tarde, a Esportiva bateu o Cerâmica por 1x0 e, na semana seguinte, venceu o Ituverava pelo mesmo placar, sagrando-se campeã da Segunda Divisão. O título ainda era referente à temporada de 1962, mas ficou marcado na história pela tragédia dos torcedores.
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