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Com novo advogado, Sueli afirma que é inocente e pede desbloqueio de bens

Com novo advogado, Sueli afirma que é inocente e pede desbloqueio de bens

Publicado em: 16 de julho de 2020 às 15:36
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 13:02

Ex-tesoureira que desviou R$ 11 milhões do município contesta perícia contábil e pede punição ao Ministério Público

Sérgio Fleury Moraes

Da Reportagem Local

Sueli Feitosa, a ex-tesoureira da prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo acusada de ter desviado cerca de R$ 11 milhões dos cofres do município, contratou o advogado Cássio Adriano de Paula para a defesa na ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público. Cássio também passou a ser o advogado da mãe de Sueli, Maria da Conceição Feitosa, das irmãs Aparecida e Sueli, além do cunhado Pedro Moura. A outra irmã da ex-tesoureira, Camila Souza, e o marido dela, Adilson Gomes, são defendidos por outro advogado. Toda a família também responde a uma ação criminal, que tramita em segredo de justiça. No processo cível, Sueli alega inocência e pede a suspensão da ação.

Cássio Adriano de Paula já foi advogado criminal da irmã de Sueli Feitosa, Camila Souza, num período em que a ex-tesoureira teve a prisão decretada em 2017. Ele foi destituído quando Sueli e Camila contrataram Luiz Henrique Mitsunaga, mas agora volta para defender a família ação civil. No processo, o Ministério Público cobra o ressarcimento dos valores desviados dos cofres públicos.

O advogado pediu a suspensão da ação até que o processo criminal seja decidido, além do desbloqueio de todos os bens de Sueli Feitosa e de familiares. Ele contesta a perícia contábil realizada pela prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo, que avaliou o total do desfalque entre 2002 e 2016 e serviu como base para o pedido de ressarcimento feito pelo Ministério Público.

‘NOVO VELHO’ — Cássio Adriano volta ao caso de Sueli Feitosa, agora na ação civil e defendendo a ex-tesoureira, a mãe dela, um cunhado e duas irmãs



Segundo a defesa, os documentos foram apresentados “de forma desordenada e sem lógica” para prejudicar Sueli Feitosa no processo. O advogado sustenta que muitos valores foram apresentados como terem surgidos “do nada”, mas que possuem lastros em financiamentos ou vendas de bens.

A defesa da ex-tesoureira também acusa o Ministério Público e a Polícia Civil de “má-fé” ao enumerar uma série de gastos sem se preocupar com os rendimentos de Sueli Feitosa ao longo de anos. “Limitam-se a promover um desfile de gastos, apenas os gastos”, diz o advogado, afirmando que a peça acusatória atribui a “bijuterias e relógios baratos o estrelismo próprio de joias de ouro e relógios caríssimos”. Diz, ainda, que algumas viagens ao litoral do Paraná foram citadas como se fossem passeios internacionais. “Sueli nem passaporte tem”, afirma.

Sueli Feitosa também contesta o fato da perícia enumerar valores desviados durante períodos em que a ex-tesoureira estava gozando férias. No total, há 2.291 desvios nas contas do município, mas a defesa diz que em várias ocasiões Sueli estava afastada. O advogado dela também contesta a acusação de inserção de dados falsos na contabilidade municipal.

A defesa da ex-tesoureira ainda enumera uma série de ganhos de Sueli — como aposentadoria, saques de FGTS e negócios — para tentar desqualificar afirmações do Ministério Público, como gastos superiores a R$ 7 mil em 2011 somente na compra de sapatos. Nas contas apresentadas pela ex-tesoureira, a renda anual garantiria “tranquilamente” a manutenção “da coleção de sapatos, as joias, relógios e demais mimos, inclusive curso de inglês para o sobrinho e ajuda com a escola dele”.

Sueli Feitosa contesta até a metragem de sua residência, que consta na denúncia como tendo 350 metros de construção. De acordo com a defesa, a casa possui, na verdade, 243 metros. A ex-tesoureira mora com a mãe e uma irmã no bairro Residencial Brúna, de alto padrão.

No fim, além da suspensão da ação civil, a defesa da ex-tesoureira pede o desbloqueio de valores e a absolvição sumária de Sueli Feitosa. Ela também pede a condenação do Ministério Público em “litigância de má-fé” por ter apresentado documentos de forma confusa e, de acordo com a defesa, “tentar induzir o magistrado a erro”.

Argumentos semelhantes foram usados pelo advogado Cássio Adriano de Paula na defesa dos demais familiares de Sueli na ação civil pública.




Sueli Feitosa pediu o desbloqueio da chácara rural, alegando que a propriedade foi adquirida em 2001, quando as investigações não apontaram desvios nos cofres públicos



Confissão e depoimentos dificultam

defesa da ex-tesoureira em processo


O maior caso de corrupção da história de Santa Cruz do Rio Pardo resultou na denúncia criminal contra a ex-tesoureira Sueli Feitosa, a mãe dela, Maria da Conceição, as irmãs Aparecida, Sueli e Camila e os cunhados Pedro e Adilson. De acordo com investigações do Ministério Público e da Polícia Civil, Sueli desviou cerca de R$ 11 milhões dos cofres da prefeitura entre 2002 e 2016, manteve um padrão de vida incompatível com seus rendimentos e ainda distribuiu dinheiro aos familiares. Numa ação civil paralela, o MP quer o ressarcimento dos valores desviados e a aplicação de multa aos envolvidos no valor de R$ 55 milhões.

O problema para a defesa é que Sueli Feitosa confessou, em declaração assinada em 2017, ter desviado dinheiro da prefeitura, embora em valores menores do apontado pelo Ministério Público. Na “delação pública” apresentada à imprensa pelo seu advogado na época, a ex-tesoureira afirmou que operava o esquema criminoso a mando de agentes políticos, citando o ex-prefeito Adilson Mira, o ex-secretário Ricardo Moral e o ex-presidente da Codesan Cláudio Agenor Gimenez. Todos, segundo ela, recebiam a maior parte dos valores desviados. Entretanto, as investigações ainda não apontaram o envolvimento dos agentes políticos.

Além disso, há diversas testemunhas, principalmente servidores da prefeitura, que narram a descoberta do esquema criminoso e o fato de Sueli Feitosa ter efetuado constantes depósitos bancários para familiares e o cunhado Adilson Gomes, que é empresário.

Muitos servidores contaram à polícia que Sueli aproveitava a ida deles ao banco, geralmente a serviço da prefeitura, para incluir depósitos aos parentes, muitas vezes de valores altos. Porém, ninguém desconfiou que o dinheiro pudesse ser fruto de desvios nos cofres públicos.

Há atitudes que agora Sueli Feitosa tenta agora explicar em juízo, como um financiamento de um veículo e, logo em seguida, a quitação de todas as 43 parcelas. A família teve bens e imóveis avaliados por peritos especializados, que atentaram o alto padrão de vida. Somente a cozinha planejada da casa de Sueli, considerada de alto padrão, foi avaliada em R$ 40 mil no estado em que se encontra.



  • Publicado na edição impressa de 12 de julho de 2020


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