Publicado em: 24 de julho de 2021 às 04:33
Atualizado em: 24 de julho de 2021 às 04:40
“De ponta-cabeça”. Esse é o significado simples do título acima quando traduzido para a língua portuguesa, mas o termo ganhou força nos últimos anos ao se tornar o nome do universo paralelo de “Stranger Things” — pelo menos para os que acompanham a série, é claro. No caso, trata-se de uma dimensão alternativa que existe paralelamente ao mundo humano, com a fauna e a flora quase que integralmente conectadas a um superorganismo chamado “Devorador de mentes”. Em resumo, é um mundo invertido.
Embora obviamente se trate de uma história de ficção científica, ela traz, como toda história, reflexões e semelhanças com a realidade, criando inúmeras possibilidades de relacionar as aventuras dos jovens de Hawkins com as que vivenciamos no cotidiano. A diferença maior talvez resida no fato de que os monstros por aqui são humanos e o “mundo invertido” não corre em paralelo, mas em constante cruzamento com nossa realidade.
Isso porque, de uns anos para cá, tornou-se comum nos depararmos com uma incrível distorção da realidade. Textos, entrevistas e até mesmo a lei, nada mais escapa à mania de inventar interpretações absurdas, embasadas em achismos e opiniões pessoais que, no mundo paralelo de quem as emite, se mostram suficientes para descredenciar a ciência (seja ela qual for) e igualar sua verdade pessoal à verdade real e absoluta que independe do que cada um pensa ou deixa de pensar.
É sempre cansativo e muitas vezes revoltante ter que lidar com esse mundo invertido. Vimos a liberdade de ir e vir ser utilizada para tentar combater medidas sanitárias; a liberdade de expressão aplicada aleatoriamente para justificar abusos, desrespeito, defesa de torturadores e até mesmo ofensas pessoais; o argumento de defesa da economia sobrepujar a própria vida, sendo motivo de orgulho inclusive para quem sofre com a recessão, grupo que se resume a praticamente todas as pessoas do país; a desvalorização do trabalhador pelo próprio empregado; a teatralização de arminhas de fogo anticorrupção sendo ostentadas pelos que negociavam propina a custo da vida de milhares de brasileiros; e, mais recentemente, jogadores de futebol reclamando da falta de patriotismo daqueles que não colocaram o esporte em primeiro lugar. Na cabeça da maioria deles, parece absurdo que a vida de mais de meio milhão de brasileiros possa ser mais importante do que uma final contra a Argentina.
Às vezes me pergunto em que momento o mundo ficou ao contrário e ninguém reparou, se houve algum acontecimento preciso que tornou tão fácil distorcer a realidade para caminhar por esse mundo paralelo onde basta ter uma ideia, por pior que ela seja, e automaticamente ela passa a ser real. Mas o fato é que a resposta para isso pouco importa a curto prazo, já que as consequências estão todas aí, basta ver os preços nas prateleiras de qualquer supermercado, o número de desempregados e o obituário diário da pandemia.
Por fim, ainda que siga sem respostas, deixo aqui um lembrete para nunca esquecermos que as coisas raramente surgem por acaso ou acontecem sem interferência de alguém. Temos nosso mundo invertido, temos nossos monstros e existe todo um superorganismo que sempre se beneficia desse jogo de inverdades, abuso e opressão. Falta-nos aprender mais sobre ele e ficarmos atentos ao que nos cerca para identificar o que é real e o que não passa de uma dimensão alternativa. Precisamos identificar nossos monstros e depois aprender a lutar contra eles aqui mesmo, no mundo real, onde as mentiras não passam de mentiras.
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