Chuvas trazem alívio para o agro, mas escassez ainda é preocupante

A falta de chuvas nos últimos meses já colocou em alerta os agricultores de Santa Cruz do Rio Pardo e região. O tempo chuvoso do final de semana incentivou os lavradores, mas ainda não foi o suficiente para recuperar a capacidade de água no solo. A opinião é do presidente do Sindicato Rural, Antônio Salvador Consalter.

Segundo o dirigente rural, a atividade agrícola, embora tenha produzido grandes safras nos últimos anos, é de risco devido às variações climáticas. O fenômeno “El Niño” trouxe um calor excessivo e correntes de ventos fortes. Quando há chuva nestas condições, o solo não se recupera. “Não há para onde correr. Onde quer que esteja, o produtor rural é afetado pelo clima”, disse.

Para Consalter, os eventos climáticos extremos estão se tornando cada vez mais comuns e isto acende um alerta no campo. A principal consequência é o atraso em etapas importantes da agricultura, como plantio e colheita, interferindo diretamente na produtividade. “Muitos têm condições de manter o solo protegido, diminuindo as perdas de água nos terrenos e disponibilizando irrigação e nutrientes. Mas este planejamento tem alto custo financeiro”, disse.

O ruralista explicou que em Santa Cruz os técnicos estão atentos às condições climáticas. “O que se tem hoje são chuvas abundantes no Vale do Itajaí e poucas na nossa região. O que está acontecendo é que as chuvas, quando existem são praticamente de verão, aquelas pancadas rápidas que não recuperam a capacidade de água do solo”, disse.

A estimativa, inclusive, não é boa para outubro, indicando uma “janela” sem chuvas na segunda quinzena. “Isto vai se refletir na cultura que está sendo plantada, mas ainda não podemos falar em prejuízo financeiro”, disse.

Agricultores já estão limitando o plantio de milho safrinha em algumas regiões do município, mudando de cultura. “O pessoal está plantando sorgo e trigo ao invés do milho. Afinal, temos um clima menos normalizado”, explicou. “O que contribui negativamente para o bom efeito das chuvas são os ventos fortes praticamente todos os dias, diminuindo o efeito das precipitações. É comum dizermos que parece estarmos em agosto, mês típico deste vento irritante”, afirmou Consalter.

Além disso, há uma forte variação das chuvas distribuídas em vários bairros rurais de Santa Cruz. Nos últimos dias, choveu 25mm no “Macuco”, 9mm na “Água do Macaco”, 20mm na “Graminha”, 20mm na “Água dos Pires” e 37mm nas “Três Barras”. Na área urbana de Santa Cruiz do Rio Pardo choveu 34mm.