ECONOMIA

Locutor líder de audiência no Mato Grosso é de Santa Cruz

Carlos Roberto Cardoso, 69, deixou a cidade natal ainda adolescente para se transformar em ‘Mortadela’, o locutor que lidera a audiência no Mato Grosso

Locutor líder de audiência no Mato Grosso é de Santa Cruz

NO AR — Carlos Roberto Cardoso, o “Mortadela”, em seu estúdio na rádio Vila Real de Cuiabá

Publicado em: 23 de julho de 2022 às 04:42

Sérgio Fleury Moraes

Ninguém sabe ao certo como Santa Cruz do Rio Pardo revelou tantos talentos no rádio. Além do veterano José Eduardo Catalano, recordista mundial na locução de um mesmo programa e na mesma emissora, há nomes consagrados como Éder Luiz, Douglas Porto e muitos outros. Às vezes, o sucesso vem de longe, como é o caso do locutor “Mortadela”, líder de audiência em todo o Mato Grosso em programas sertanejos.

O nome da “fera” é Carlos Roberto Cardoso que, aos 69 anos, comanda dois programas que, a partir do estúdio da rádio Vila Real, da capital Cuiabá — com 70 mil KW —, entra numa rede estadual que atinge todo o Mato Grosso, desde a divisa com Goiás até os arredores do Pará ou Amazonas.

A partir das 4h da madrugada, os ouvintes se deliciam com o “Alvorada Sertanejo”, que vai até 7h da manhã. Às 15h, Mortadela está de volta para comandar o “Crepúsculo Sertanejo”, que só termina às 19h.

E não é apenas a voz de Carlos Roberto a razão de seu sucesso. Ele tem um jeito descontraído de apresentar o programa e, ao contrário de outros locutores sertanejos, procura falar o português corretamente. “É o mínimo, pois devemos respeitar a nossa língua”, ensina.

Mortadela nasceu no bairro da Estação, numa chácara que existia perto de onde hoje está o pontilhão da rodovia SP-225. Assim, passou a infância brincando, claro, de locutor de rádio. Logo a família se mudou para Marília e, depois, em Londrina, no Paraná.  “Eu gostava de narrar futebol no campo de várzea. E o pessoal foi me incentivando”, contou.

No início da década de 1970, Carlos Roberto já estava estudando em São Paulo. Embora ainda adolescente, ele começou a trabalhar como locutor de loja, daqueles que ficam na porta do estabelecimento anunciando as ofertas. Eram “bicos” para sobreviver.

“Um dia um diretor da Riachuelo me viu trabalhando e resolveu me levar para o departamento de publicidade, que ficava na rua barão de Duprat. Aí eu comecei a andar pelos bairros da capital e viajar para outras cidades da região metropolitana”, lembrou.

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O destino levou Carlos Roberto para o rádio. Afinal, a sede da Riachuelo ficava a 200 metros da antiga rádio Cometa, que tinha em seus quadros personagens como Zé Bétio, famoso locutor e sanfoneiro. O convite chegou logo e ainda nos anos 1970 Mortadela já fazia programas policiais.

Em pouco tempo virou locutor sertanejo. E dos grandes. O santa-cruzense criou um espaço dedicado à música “raiz” e às canções nordestinas, além daquelas consideradas bregas. O sucesso foi instantâneo. “A gente costuma dizer que há mais nordestinos em São Paulo do que propriamente no Nordeste brasileiro”, brinca.

Com um espírito aventureiro, Mortadela terminou os estudos em São Paulo e voltou para Londrina. Irrequieto, decidiu se aventurar para o Mato Grosso, residindo desde então em Cuiabá. E foi nas terras do Pantanal que o santa-cruzense se consagrou de vez.

Por longos 38 anos, ele foi o principal locutor da rádio Cultura AM de Cuiabá. “Era só sertanejão raiz, com Tonico e Tinoco, Tião Carreiro e Pardinho e as canções dos meus conterrâneos Zilo e Zalo”, lembra.

Quando se aposentou, a emissora foi alugada a um grupo evangélico, um fato que se repetiu em várias cidades brasileiras. Mortadela achou que era hora de pendurar as chuteiras. Se enganou, claro.

Em 2017, ele voltou ao estúdio numa das rádios do grupo Gazeta de Comunicação, o maior de Mato Grosso, dono de várias emissoras de rádio, dois canais de TV, o maior jornal diário do Estado, gráficas e empresas de publicidade.

As rádios AMs já estavam desaparecendo e Mortadela encontrou um novo “filão”, fazendo programa sertanejo no estilo AM em emissoras FMs. Virou líder em poucas semanas.

No último ibope de emissoras de rádio do Mato Grosso, por exemplo, ele aparece não apenas na liderança de audiência como a pesquisa indica que não há espaço publicitário disponível em sua grade. Um feito heroico na atual crise econômica brasileira.

Carlos Roberto Cardoso nunca se esqueceu de Santa Cruz do Rio Pardo e, pelo menos uma vez por ano, visita parentes na cidade. Um deles é o aposentado Wilson Corrêa de Moraes, o “Guicho”, seu tio.

“Eu vi o Mortadela nascer. Nossa diferença de idade é de cinco anos e nós brincamos juntos no bairro da Estação. Ele é o orgulho da família”, conta Guicho. “E sempre foi muito esperto. Eu me lembro que certa vez, quando um circo se instalou num terreno onde era a casa do Joaquim Severino, e ele teve a ideia de vender limonada na porta. Deu muito certo”, conta.

Famoso, o locutor santa-cruzense também coleciona inúmeras homenagens. Uma das mais importantes foi concedida pela Assembleia Legislativa do Mato Grosso, pelos 50 anos de atividade no rádio. É a “Comenda Marechal Cândido Rondon”, entregue no ano passado. 

 

* Colaborou Toko Degaspari

SANTA CRUZ DO RIO PARDO

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