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Ourinhos tem comunidade católica ortodoxa

Ourinhos tem comunidade católica ortodoxa

Publicado em: 04 de fevereiro de 2007 às 22:06
Atualizado em: 29 de março de 2021 às 13:40

ortodoxoEscondida em um galpão da rua Maranhão, a comunidade católica Ortodoxa “Nossa Senhora Mãe de Jesus e São Judas Tadeu” se estabeleceu em Ourinhos há cerca de três anos. O que poucos sabem é que o catolicismo ortodoxo surgiu dos ensinamentos dos apóstolos e segue praticamente a mesma doutrina da igreja católica romana. Segundo o padre Jessé Gonçalves, os católicos romanos podem participar de missas e celebrações ortodoxas “porque o catolicismo é um só”.

Jessé é padre da Igreja Ortodoxa Siriana de Antioquia, que surgiu de uma das comunidades de seguidores de Jesus Cristo refugiados da perseguição romana no oriente. O padre explica que a palavra “católico” significa universal, enquanto “ortodoxo” significa reto. O catolicismo ortodoxo surgiu da separação da igreja cristã de Roma das outras estabelecidas no oriente. “No início do cristianismo, não existia a igreja romana, apenas a fundada por Cristo”, conta.

De acordo com o padre, os refugiados formaram cinco grandes igrejas em diferentes lugares, com bispos fortes, que ordenavam redes menores. “Dessas cinco, a última a ser formada foi a romana”, explica Jessé. Porém, a conversão do imperador Constantino ao cristianismo fez com que a igreja romana crescesse mais que as outras.

A ruptura entre os cristãos do ocidente e os romanos ocorreu, de acordo com o padre Jessé, por volta do século VIII. “Foi quando o bispo de Roma — que ainda não era papa — se declarou infalível e exigiu a obediência dos bispos das outras igrejas”, conta. Por não aceitarem a infalibilidade do homem, as igrejas do oriente se distanciaram da romana, recebendo o nome de ortodoxas.

Esse distanciamento motivou perseguição por parte da igreja romana, que invadia templos ortodoxos e roubavam relíquias. “Recentemente, o papa João Paulo II devolveu algumas dessas relíquias e pediu perdão, o que originou o início dos estudos e trabalhos para a reaproximação das igrejas católicas”, explica padre Jessé.

Segundo o padre, a doutrina seguida pela igreja ortodoxa é a mesma passada pelos apóstolos. Porém, após a separação das igrejas ortodoxa e romana, a segunda passou a tomar as próprias decisões, ter seus próprios concílios e alterar algumas coisas. “Para a população não há muita diferença, mas as decisões de Roma em seus concílios se diferenciam aos da ortodoxa”, afirma. Como exemplo de “inovações” romanas, o padre cita a adoração ao Santíssimo, o celibato obrigatório (é comum encontrar padres ortodoxos casados), a utilização do pão sem levedo (hóstia) na Eucaristia e a crença no purgatório (os ortodoxos acreditam apenas em céu e inferno por não encontrarem na Bíblia citações do purgatório), entre outras. “As diferenças são mínimas. O que pesa mais no distanciamento entre as igrejas é que o papa não abre mão da infalibilidade”, explica.

A igreja ortodoxa siriana foi trazida pelos imigrantes sírios ao país e, onde a presença da comunidade siríaca é forte, as missas são rezadas na língua deles — em alguns casos, ela é celebrada em aramaico, idioma falado por Cristo. “Em Ourinhos, como não há ninguém da colônia síria, nós catequisamos o nosso povo na nossa língua”, explica.

As celebrações de missas e novenas pelo padre ortodoxo atraem tanto cristãos ortodoxos quanto romanos, de Ourinhos e outras cidades da região. Num quadro pintado no muro próximo à rua, identificando a comunidade ortodoxa, estão os dizeres “comunidade de oração e salvação para todos os povos”. De acordo com Jessé Gonçalves, os ortodoxos entendem que o católico romano pode participar das atividades normalmente. “A igreja é católica no sentido universal e quem faz as separações é o ser humano. Devemos mostrar ao mundo que, mesmo sendo diferentes, podemos conviver com a mesma fé e termos as mesmas práticas”, justifica.

A maioria dos fiéis são de classes sociais menos favorecidas. Os participantes das celebrações são recebidos pelo padre com aperto de mão e abraço. “Vocês vieram hoje? Senti a falta de vocês na semana passada”, alerta o padre a duas irmãs, no meio de uma novena. Para atender os fiéis — a quem se refere sempre como “amados de Deus” —, o padre chega cerca de meia hora antes das celebrações e permanece após o término delas, até que o último deixe o galpão da comunidade. “Eu pretendo dar a eles o que precisam, que é alguém com quem podem contar. Não posso ajudar com dinheiro, mas dou uma palavra de força e conforto, que já os ajuda”, explica.

As novenas comandadas por Gonçalves diferem da igreja romana por não se caracterizarem pela oração do terço ou de repetições de orações. “Eu estimulo a conversa com Deus ao invés da reza do terço”, explica o padre.

Em meados do ano passado, padre Jessé e os fiéis iniciaram a construção da sede da igreja ortodoxa na cidade. Porém, ele não conta a localização para evitar que a inveja atrapalhe o andamento das obras. “Isso existe mesmo. Tanto que estamos fazendo a novena de São Judas Tadeu para afastar a inveja da vida das pessoas”, afirma.
SANTA CRUZ DO RIO PARDO

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