Paineira em Santa Cruz dá flor somente sobre imagem de Jesus

Sérgio Fleury Moraes

Da Reportagem Local

Uma árvore localizada na zona rural de Santa Cruz do Rio Pardo, ao lado de uma imagem do Sagrado Coração de Jesus, só está florescendo num galho que fica em cima do altar. O local, que pertence ao empresário Magno Alves e fica às margens da rodovia SP-225, também tem uma imagem de Nossa Senhora Aparecida.

O fenômeno tem atraído a atenção de vários moradores e fieis católicos. Afinal, apenas um galho de uma paineira tem flores, justamente aquele próximo das imagens. Há outras três árvores da mesma espécie no entorno das imagens, mas nenhuma delas floresceu.

O mais impressionante é que as cores das flores da paineira são as mesmas das roupas de Jesus estampadas na imagem religiosa.

Não é a primeira vez que aquele espaço religioso chama a atenção. Em agosto do ano passado, a imagem de Jesus foi furtada. Na época, câmeras de monitoramento flagraram um veículo, que não pode ser identificado devido à distância das filmagens, estacionando perto do altar e mostraram o motorista levando a imagem.

O monumento católico fica na entrada de uma propriedade rural em que Magno Alves possui uma fábrica de fertilizante agrícola à base de babosa. Além das imagens, existe um bebedouro de água potável extraída de um poço artesiano. Por isso, há uma grande movimentação de pessoas – ciclistas, andarilhos ou motoristas – que têm naquele espaço uma parada obrigatória pela rodovia.

Quando houve o furto, Magno Alves fez apelos pela imprensa para que o ladrão devolvesse a imagem, não pelo valor financeiro, mas pela crença religiosa e sua importância para os devotos católicos.

O apelo de Alves deu certo. Quatro dias depois, a imagem reapareceu próxima ao altar, no pé de uma árvore à beira da rodovia. Vizinhos avisaram o proprietário e a imagem foi imediatamente devolvida ao altar.

Agora, surge o fenômeno das flores que encanta a todos. O empresário explicou que há quatro paineiras ao redor do altar, mas apenas aquela que está sobre ele floresceu. As flores, por sinal, surgiram exatamente no galho que está em cima das imagens de Jesus Cristo e Nossa Senhora Aparecida.

Magno Alves foi alertado por um dos frequentadores do altar, que sempre faz uma parada naquele trecho da rodovia para saciar a sede no bebedouro. Muitas pessoas acreditam que a flor da paineira é um sinal de “proteção divina”.

O portal G1, da Globo, que publicou uma notícia sobre o fenômeno, entrevistou o professor Dorival Coral, mestre em Botânica pela Unesp de Botucatu. “Os padrões de floração podem variar em uma mesma planta, diria que isso é normal. O que é admirável é ela ocorrer especificamente sobre a imagem do Sagrado Coração”, disse o especialista ao portal de notícias. Segundo ele, o normal seria a floração acontecer em todos os galhos da árvore e não apenas em um único.

O empresário Magno Alves contou que construiu o espaço religioso para retribuir o que chamou de “bênçãos” recebidas em sua vida. Além das imagens católicas, ele instalou um bebedouro de água gelada, que é potável e retirada de um poço artesiano. “Um dia, eu fiquei feliz quando vi um grupo de 30 ciclistas tomando água no local. Hoje, mais de 50 veículos param não apenas para que as pessoas busquem água gelada, mas também para pedir bênçãos e proteção”, disse.

Segundo Alves, os caminhoneiros se comunicam entre si e o movimento aumenta a cada dia. “Eles enchem suas moringas, já que uma água custa em torno de R$ 5 em qualquer posto”, afirmou.

‘As pessoas pedem proteção’

Católico, o empresário Magno Alves acredita que o fenômeno das flores da paineira é um sinal de proteção divina. E é exatamente este o pedido da maioria dos visitantes que passam por aquele espaço e admiram as imagens e a paineira florida. “As pessoas estão se benzendo com o sinal da cruz, pedindo proteção nas viagens e na vida. Depois de tudo o que aconteceu, com o furto da imagem e agora a floração da paineira, entendo que é um presente para todos aqueles que passam por aqui”, disse.

Na tarde de sábado, este também era o sentimento de Aline Fernanda da Costa Cândido. “Eu nunca tinha visto algo assim. Descobri na rede social e fiz questão de ver de perto”, contou. A santa-cruzense foi ao local com o marido e os filhos. “Sem dúvida, é um sinal”, disse.

Pedir a proteção divina antes de iniciar o trabalho também virou uma rotina para os funcionários da “Aloe Fértil Brasil”, a empresa de fertilizantes especiais de Magno Alves. É o caso de José Ferreira, 60, que há quatro anos é colaborador da indústria. “Quando eu chego para o trabalho, peço proteção e me sinto abençoado”, diz.

Outro colaborador é um venezuelano que está no Brasil há algum tempo, fugindo da crise econômica em seu país. José Alexandre Guilhem, 50, está há dois anos em Santa Cruz do Rio Pardo, depois de deixar dois filhos na Venezuela para tentar a sorte em outra nação.

A busca por novas oportunidades não foi fácil. Ele veio de Maracaibo, atravessou a fronteira e foi acolhido por um abrigo de refugiados. “Fiquei um ano esperando por um emprego no Brasil. Mas tudo deu certo e agora estou feliz em Santa Cruz do Rio Pardo”, disse.

José é católico e diz que todo dia fica alguns minutos perante o altar com as imagens religiosas. “Eu peço proteção para mim, minha família, o Brasil e a Venezuela”.