TJ dá liberdade a ‘Le’ Zaia, mas impõe uma série de restrições

Sérgio Fleury Moraes

O empresário Alexandre Oliveira Zaia, 50, conhecido como “Lê”, está em liberdade desde a semana passada. Preso provisoriamente no último dia 6, ele é acusado de ser o mandante do assassinato da travesti José Antônio Pereira da Silva Filho, a “Mimi”, 45, num crime que aconteceu em abril. “Lê” Zaia foi solto graças a um habeas corpus impetrado pelo advogado Celso Sanchez Vilardi, um renomado criminalista com escritório em São Paulo.

Como o processo tramita em segredo de Justiça, solicitado pela defesa de Alexandre, há poucas informações disponíveis sobre o caso. A reportagem descobriu, entretanto, que a medida do Tribunal de Justiça de São Paulo impôs uma série de medidas cautelares para que a liberdade seja concedida.

O empresário, por exemplo, não poderá se ausentar da comarca sem autorização do juízo, devendo comparecer quinzenalmente ao Fórum para informar e justificar suas atividades. Além disso, ele está proibido de manter contato com os demais investigados e testemunhas do crime.

“Lê” Zaia também foi obrigado a entregar seu passaporte e fornecer todos os endereços de as propriedades imobiliárias dele e da família, além dos imóveis que frequenta, seja em São Paulo ou em outros Estados, bem como informações sobre seu local de trabalho.

Por fim, o empresário deve permanecer em sua residência, salvo quando estiver trabalhando no período de expediente. A liberdade é provisória e pode ser cancelada caso Zaia não cumpra as determinais do Tribunal de Justiça.

A família de Alexandre Zaia é proprietária da “Solito Alimentos”, uma das maiores indústrias do ramo alimentício – de recentemente também de alimentos para cães e gatos – de Santa Cruz do Rio Pardo.

A prisão do empresário foi decretada após a polícia descobrir como o crime aconteceu e prender dois envolvidos diretamente no assassinado. Willian Alves Feitosa César, 32, foi preso no dia 1º de julho na cidade de Hortolândia, num condomínio particular. Ele teria feito os disparos contra a travesti na noite de 18 de abril.

Em seguida, as investigações da Polícia Civil apontaram que Rafael Aparecido da Silva, 30, estaria pilotando a moto que cercou “Mimi” na avenida Rosa Pereira Nantes, nas imediações do Jardim São João. Rafael já estava preso desde 2 de junho, por envolvimento no tráfico de drogas, mas também vai responder pelo homicídio de “Mimi”.

A travesti foi assassinada com cinco tiros nas costas, mas praticamente não havia pistas sobre o crime. Naquela quadra da avenida Rosa Pereira Nantes não havia câmeras de monitoramento, o que dificultou as investigações. “Mimi” foi encontrada num Fiat Pálio, com o corpo parcialmente fora do veículo. Os paramédicos foram acionados e constataram a morte no local.

A Polícia Civil chegou ao nome de Alexandre de Oliveira Zaia quando teve acesso aos dados bancários do empresário. Havia várias transferências de “Lê” para Willian Alves Feitosa César, tido como o autor dos disparos. Somente uma delas foi de aproximadamente R$ 45 mil, além de outros depósitos feitos em contas de terceiros, supostamente “laranjas”.

Com base nas informações, foi possível presumir que o crime teria sido encomendado por até R$ 150 mil. Além disso, havia um histórico de extorsão e ameaças. O próprio empresário, na ocasião de sua prisão, disse que estaria sendo extorquido por “pessoas”, mesmo negando ter participado do crime.

Alexandre Zaia estava preso na penitenciária de Pirajuí/SP. A ordem de soltura foi expedida na segunda-feira, 24, por ordem do Tribunal de Justiça de São Paulo.