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Caso da árvore de Natal flutuante: falta de informações e entrevistas provocam suspeitas de manipulação

Prefeito Lucas Pocay não disse nada sobre substituição de enfeite natalino na época da denúncia

Caso da árvore de Natal flutuante: falta de informações e entrevistas provocam suspeitas de manipulação

Prefeito Lucas Pocay enfrenta mais uma ação na Justiça de Ourinhos

Publicado em: 13 de outubro de 2023 às 15:58

Sérgio Fleury Moraes

 

O ex-vereador Cícero “Investigador” Aquino, que apresentou a denúncia das armações natalinas ao Ministério Público, disse que a nova versão apresentada pelo governo Lucas Pocay ao Ministério Público é uma “mera linha de defesa”. O fato é que a administração informou ter sido “surpreendida” ao saber que funcionários públicos estavam construindo a árvore de Natal flutuante, sendo que o material havia sido licitado para uma empresa do Paraná.

Segundo Cícero, a suposta “substituição” de materiais é “um argumento” para a defesa do prefeito Lucas Pocay. “Esta compensação nunca ficou clara documentalmente, até porque as notas hoje são digitais”, explicou.

De fato, na época em que o jornal publicou a denúncia, ninguém da administração — nem sequer o prefeito Lucas Pocay — informou sobre a suposta “substituição” da árvore natalina flutuante. Consultada por escrito, a assessoria de imprensa disse que iria levar o caso ao setor jurídico antes de responder à reportagem. Não houve respostas.

O mais curioso é que, nos documentos que a administração encaminhou ao Ministério Público durante as investigações, o funcionário Altieres Antônio Nunes aparece como aquele que, em ofício datado de 7 de dezembro de 2021 e endereçado ao secretário de Cultura Vinícius Pereira, alertou sobre a “surpresa” em saber que a árvore flutuante estava sendo construída pelos próprios funcionários. Ele informou ao MP que telefonou ao dono da empresa “Carli” para saber se aquele item do contrato poderia ser substituído. Altieres era o “fiscal do contrato”.

No entanto, quando procurado pelo jornal na véspera da publicação da reportagem, já em abril deste ano, Altieres nada informou sobre a suposta substituição do produto. Na verdade, ele se surpreendeu com a informação de que o caso havia sido denunciado ao Ministério Público. “Eu assinei como fiscal do contrato. Eu preciso fazer o acompanhamento antes de falar. Depois entro em contato e a gente pode sentar e conversar”, disse na época.

 

Ordem para execução do serviço, com data  de 29/11/2021
Nota fiscal  foi emitida no dia 06/12/2021

 

Os vereadores da base governista, que rejeitaram dias depois o pedido de abertura de Comissão Processante apresentado por Cícero Aquino, nada sabiam sobre a suposta substituição da “árvore flutuante”.

Na sessão em que o requerimento foi rejeitado, os únicos argumentos dos governistas foram políticos. “Esta denúncia não tem embasamento algum”, disse Abel Fiel. “Isto é politicagem”, afirmou Ederson “Kita” Machado. Na tribuna, o vereador Éder Mota chegou a rasgar cópia do requerimento, afirmando que o pedido era “perda de tempo” e que a base estava “unida e forte”. Nenhum dos vereadores sabia da suposta substituição da árvore de Natal flutuante.

“Existe uma conivência e um aparelhamento da Câmara. Muitos dos atuais vereadores legislam em causa própria. Quem deveria fiscalizar o prefeito e zelar pela população, está mais preocupado em defender o governo”, avaliou Cícero Aquino. “Com toda a materialidade possível, varreram a sujeita por debaixo do tapete”

A suspeita aumenta com a nota fiscal por parte da empresa “Carli”. O documento foi emitido no dia 6 de dezembro de 2021 e contempla a “árvore flutuante”. A Ordem de Serviço da prefeitura foi emitida uma semana antes, onde consta o mesmo produto.

 

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