SOCIEDADE

Pai sobre diagnóstico de filho autista: ‘Mudei para melhor’

Caminhoneiro diz que caçula de dois anos uniu ainda mais a família

Pai sobre diagnóstico de filho autista: ‘Mudei para melhor’

TAL PAI, TAL FILHO — A maior alegria de João é a cabine do Volvo

Publicado em: 17 de agosto de 2023 às 00:39

Sérgio Fleury Moraes

 

Há dois anos, André Luiz Bueno de Camargo, 37, teve uma das maiores alegrias de sua vida: o nascimento do primeiro filho homem. Casado com Gisele Cristina Gonçalves de Camargo, a família já tinha as filhas Laura Helena e Alice, respectivamente de 15 e 10 anos, e se empolgou com a vinda de João Bueno. Um ano e meio depois, o choque: o bebê foi diagnosticado como autista em grau severo.

Mas o impacto foi apenas no início. Na verdade, a condição de João uniu muito mais a família. Todos tiveram de aprender como lidar com a TEA (Transtorno do Espectro Autista). “Posso dizer que hoje nosso amor é muito mais forte”, diz André.

 

Durante passeios em Santa Cruz, André leva toda a família

 

Caminhoneiro de Santa Cruz do Rio Pardo, André está na estrada há 18 anos, sendo comum ficar até três semanas sem voltar para casa. Este domingo, porém, no Dia dos Pais, André vai sentir a presaença dos filhos. Sabe que terá obrigatoriamente de passear com o caminhão pelas ruas da cidade.

É que João, como todo autista, possui hiperfoco exatamente em caminhões. O hiperfoco é uma característica que apresenta um interesse intenso em um ou mais assunto. Quando está na cabine da carreta Volvo modelo FH, é muito difícil retirar a criança.

 

André e a mulher Gisele, durante passeio com o filho João Bueno

 

A história da família começou a mudar quando João começou a crescer. Nos primeiros meses, os pais notaram que ele tinha um comportamento diferente das crianças. “Ele não olhava para as pessoas e não interagia com ninguém”, conta a mãe Gisele. Além disso, João não fala até hoje.

“O sonho do meu marido era ter um menino, mas a gente nunca imaginava que ele seria autista. A nossa vida se transformou e a maior angústia é a incerteza quanto ao futuro. Mas nosso olhar de mundo também mudou e estamos aprendendo junto com o João”, explicou Gisele.

“Nossa rotina é totalmente voltada para ele”, conta Gisele, “mas entendemos que o autismo não é doença, mas uma condição de ver o mundo com outros olhos”.

O diagnóstico veio há seis meses. João Bueno possui grau 3 do TEA, o índice mais severo do autismo. Perplexos, os pais ainda levaram a criança para outros profissionais, inclusive um neurocirurgião. O diagnóstico foi fechado.

“No começo foi muito difícil. Todos nós ficamos nervosos”, conta o pai André. Mas quando tudo foi descoberto, parece que um novo horizonte se descortinou para a família. “Nós ficamos muito mais apegados uns aos outros. Agora sabemos o que é família, o que é amor”, disse.

João, então, começou a fazer terapia no Centro do Autista, mantido pela prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo. Muitos exercícios também são feitos em casa, com a ajuda dos pais e das irmãs. Os resultados são animadores, principalmente porque o diagnóstico foi precoce.

O pai André se orgulha do interesse do filho pelo caminhão. Afinal, o caminhoneiro sempre foi apaixonado pelos “pesados” e praticamente fez João herdar este gosto. “Quando eu chego de uma viagem, a agitação dele é muito grande. Ele corre para todos os cantos, pois também tem um jeito próprio de expressar alegria”, conta o caminhoneiro.

Se o pai deixar, João passa horas movimentando o volante do Volvo. “Como eu fico muitos dias fora, quando volto para Santa Cruz do Rio Pardo gosto de ficar em casa ou de passear com o caminhão. Ele simplesmente adora e nós estamos vendo grandes mudanças através da terapia. Eu acredito muito que nosso amor e nossa união vão fazer nosso filho falar em pouco tempo”, diz André. Quem sabe, diz, o caçula ainda pode seguir a profissão de caminhoneiro no futuro.

SANTA CRUZ DO RIO PARDO

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